A crítica de Spivak à Foucault

Autores

  • Lorena Martoni de Freitas UFMG - Doutoranda

Resumo

Este artigo tem por objetivo expor como a filósofa pós-colonial Gayatri Spivak densifica o problema da violência epistêmica e do silenciamento do sujeito subalterno estabelecendo um diálogo com Michel Foucault. Para tanto, parte-se de seu ensaio ‘Pode o subalterno falar?’, analisando a crítica direcionada ao filósofo no que tange às reflexões exaradas por ele em sua entrevista com Gilles Deleuze ‘Os intelectuais e o poder’. Nessa linha, primeiramente é desvelada a tese do autor e, em seguida, o argumento de Spivak acerca da função do intelectual em relação ao silenciamento e constituição do sujeito subalterno enquanto tal, bem como as possíveis formas de se pensar a subversão dessa posição. Com isso, será destacado o papel desempenhado pelo feminismo de Spivak em sua exposição acerca da subalternidade, na medida em que seu argumento se constrói e ganha materialidade a partir da análise específica do processo de subalternização na (im)possibilidade da fala de mulheres.

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Biografia do Autor

Lorena Martoni de Freitas, UFMG - Doutoranda

Graduada (2014) e Mestra (2017) em Direito pela Faculdade de Direito e Ciências do Estado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutoranda (2017-) em Direito com enfoque na área de Filosofia Política pelo programa de pós-graduação da Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG, com estágio de pesquisa de “Doutorado Sanduíche” no Programa de Filosofia da Université Paris 8 (França) entre setembro/2019 e fevereiro/2020).

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Publicado

2020-08-24

Como Citar

de Freitas, L. M. (2020). A crítica de Spivak à Foucault. Revista Húmus, 10(29). Recuperado de http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/revistahumus/article/view/13967