Infância Roubada: memórias de empregadas domésticas no Trabalho e na Educação Escolar
Palavras-chave:
Trabalho doméstico, Trabalhadoras infanto-juvenis, Relações de gênero, Educação, Memória.Resumo
Este estudo trata de uma investigação sobre as memórias referentes ao trabalho e educação escolar de mulheres que foram inseridas precocemente no trabalho doméstico. Tem por objetivo resgatar a relação que as mulheres entrevistadas estabelecem com o trabalho doméstico desde a infância, passando pela adolescência até a idade adulta, bem como identificar os determinantes culturais e socioeconômicos da inserção precoce no trabalho doméstico, investigar as condições de trabalho, as principais dificuldades enfrentadas, perfil sócio-econômico das trabalhadoras e suas respectivas famílias, analisando as consequências do trabalho doméstico na educação escolar das trabalhadoras domésticas. Estuda-se a trajetória histórica do trabalho infanto-juvenil a partir da transição do feudalismo para o capitalismo e da revolução
industrial, para melhor compreender o problema em sua atual configuração (MARX, 1983; ENGELS, 1985; HUBERMAN, 1986; LIBERATI e DIAS, 2006; MOURA, 1999). Aponta-se a pobreza como causa determinante do trabalho infanto-juvenil e as relações de produção engendradas pelo sistema capitalista como a causa da pobreza. (MARX, 1983; ENGELS, 1985; HUBERMAN, 1986; SINGER, 1998; CIPOLA, 2001; BENJAMIN, 1998; CHIAVENATO, 1998). Discutese o trabalho doméstico sob o prisma das relações de gênero e como
este contribui para opressão econômica e psicológica da pessoa mulher (PERROT, 2007; SAFFIOTI, 1981; SCOTT, 1995; BARBIERE, 1992; MELO, 1998; HAHNER, 1978). Analisa-se a exclusão social da mulher no mercado de trabalho e o estigma da desvalorização do trabalho doméstico (DUPAS, 1999; BUARQUE,1999; PERROT, 2007; SAFFIOTI, 1981; SCOTT, 1995; BARBIERE, 1992; MELO, 1998; HAHNER, 1978). Utiliza-se como orientação teórico-metodológica os pressupostos do materialismo histórico dialético, que melhor contemplam a questão
do trabalho. Como o sujeito deste estudo é a pessoa mulher, torna-se indispensável uma conjugação com os estudos feministas, com abordagem da categoria relações de gênero. Esta articulação teve o espaço doméstico (local do trabalho dos sujeitos do estudo) e educacional por ser a base da pesquisa. Os resultados da pesquisa revelaram que as trabalhadoras entrevistadas são provenientes de famílias muito pobres, com prole numerosa e de origem rural. Em sua trajetória de trabalho as mulheres entrevistadas declararam que foram vítimas dos mais diversos tipos de violência, incluindo violência física e sexual, além de extensas jornadas de trabalho e desrespeito aos direitos trabalhistas. No que se refere à educação escolar, o trabalho doméstico foi determinante para o abandono dos estudos, baixo grau de escolaridade das trabalhadoras, reprodução e manutenção da perversa condição social.
Palavras-chave: Trabalho doméstico. Trabalhadoras infanto-juvenis. Relações de gênero. Educação. Memória.
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