O MANIQUEÍSMO DISCURSIVO DO CAPITAL TECNOLÓGICO E AS PSICOPATOLOGIAS DO TRABALHO
Resumo
O trabalho teve como objetivo apresentar uma discussão sistemática acerca da retórica do discurso empresarial nos processos de controle da força de trabalho e suas implicações ao bem estar e saúde mental dos colaboradores. Para tal, estabeleceu-se uma avaliação crítica de várias correntes de pensamento que vinculam o progressivo aumento das psicopatologias do trabalho à expansão do capitalismo tecnológico que revolucionou os meios de produção nas últimas décadas, o qual vem intensificando a concorrência entre empresas e diminuindo a qualidade de vida dos profissionais, com práticas de excessivas exigências ao cumprimento de metas e resultados. O método empregado promoveu uma interação dialética entre os autores que foram considerados no estudo, os quais avaliam o poder do discurso empresarial na manipulação dos significados do trabalho e obtenção da mais-valia. Por fim, a pesquisa realizada concluiu que o combate ao adoecimento mental laboral deva perpassar muito mais pela erradicação de sua fonte – as pressões de trabalho constituídas aos indivíduos fruto do capitalismo tecnológico - ao que não há perspectivas de alteração significativa por ora, ainda que algumas das práticas e programas de recursos humanos com vistas à manutenção da saúde laboral procurem amenizar o desgaste psíquico dos profissionais da era moderna.Downloads
Referências
ATHAYDE, Milton; BRITO, Jussara. Vida, saúde e trabalho: dialogando sobre qualidade de vida no trabalho em um cenário de precarização. Trab. educ. saúde, v. 7, n. 3, p. 587-597, 2009.
BARLACH, Lisete; LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina; MALVEZZI, Sigmar. O conceito de resiliência aplicado ao trabalho nas organizações. Interamerican Journal of Psychology, v. 42, n. 1, 2008.
BARREIRA, Diná Dornelles; NAKAMURA, Antonieta Pepe. Resiliência e a auto-eficácia percebida: articulação entre conceitos. Aletheia, n. 23, p. 75-80, 2006.
BARUS-MICHEL, Jacqueline. O sujeito e o destino. Psicologia em Revista, v. 14, n. 1, p. 17-36, 2008.
BARUS-MICHEL, Jacqueline; CAMPS, Tradução de Christiane. Sofrimento e perda de sentido: considerações psicossociais e clínicas. Psic: revista da Vetor Editora, v. 4, n. 1, p. 54-71, 2003.
BENELLI, Sílvio José. A cultura psicológica no mercado de bens de saúde mental contemporâneo. Estudos de Psicologia (Campinas), 2009.
______________. Dispositivos disciplinares produtores de subjetividade na instituição total. Psicologia em estudo, p. 99-114, 2003.
BENELLI, Sílvio José; COSTA-ROSA, Abílio da. Geografia do poder em Goffman: vigilância e resistência, dominação e produção de subjetividade no hospital psiquiátrico. Estudos de Psicologia (Campinas), p. 35-49, 2003.
BRUNI, José Carlos. Focault: o silêncio dos injustos. Revista de Sociologia da USP. São Paulo 1 (1): 199 – 207, 1º sem., 1989.
CARVALHO, Mônica Alves Cappelle; MELO, Marlene Catarina de Oliveira Lopes; BRITO, Mozar José de. Relações de poder segundo Bourdieu e Foucault: uma proposta de articulação teórica para a análise das organizações. Organizações Rurais & Agroindustriais, v. 7, n. 3, 2005.
EVANS, Paul. Carreira, sucesso e qualidade de vida. Revista de Administração de empresas, v. 36, n. 3, p. 14-22, 1996.
FREDERICO, Ronaldo; AMORIM, Maria Cristina Sanches. Criatividade, inovação e controle nas organizações. Revista de Ciências Humanas, v. 42, n. 1 e 2, p. 75-89, 2008.
GAULEJAC, Vincent de; TAKEUTI, Tradução de Norma Missae. O âmago da discussão: da sociologia do indivíduo à sociologia do sujeito. Revista Cronos, v. 5, n. 1/2, 2005.
INKSON, Kerr. Are humans resources?. Career Development International, v. 13, n. 3, p. 270-279, 2008.
KILIMNIK, Zélia Miranda; MORAIS, Lúcio Flávio Renault. O conteúdo significativo do trabalho como fator de qualidade de vida organizacional. Revista da Angrad, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 64-74, 2000.
LEMOS, Elisa; VIEIRA, Fernando de Oliveira. The Great Place to Work e Contradições que Suscitam Sofrimento Patogênico no Trabalho. XXXVI Encontro da Anpad, 2012.
LIMA, Cássia Helena Pereira; VIEIRA, Adriane. Do sacrifício ao sacro ofício: um modelo para a compreensão do significado do trabalho. Temas de psicologia e administração. São Paulo: Casa do Psicólogo, p. 17-67, 2006.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. - São Paulo: Atlas, 2003.
MIRVIS, Philip H.; HALL, Douglas T. Psychological success and the boundaryless career. Journal of organizational behavior, v. 15, n. 4, p. 365-380, 1994.
MORAES, Simone Cristina Silva; RESENDE, Luis Maurício; LEITE, Magda Lauri Gomes. Resiliência organizacional: atributo de competitividade na era da incerteza. In: Congresso Internacional de Administração. 2007.
MOREIRA, Carolina Araújo; KILIMNIK, Zélia Miranda; COUTO, BRGM. Burnout e Fatores de Pressão no Trabalho de Enfermeiros de Unidades de Terapia Intensiva de Belo Horizonte/Minas Gerais. Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, v. 4, 2013.
MORIN, Estelle M. Os sentidos do trabalho. Revista de administração de empresas, v. 41, n. 3, p. 08-19, 2001.
OLIVEIRA, Fernando Amaral de; KILIMINIK, Zélia Miranda. Avaliação dos fatores de pressão no trabalho médico e sua relação com o estresse: um estudo em uma unidade de ultra-sonografia da rede pública em comparação com unidades da rede privada. Revista de Administração FEAD, v. 4, n. 1, 2010.
OLIVEIRA, Maria Antonia de; NAKANO, Tatiana de Cássia. Revisão de pesquisas sobre criatividade e resiliência. Temas em psicologia, v. 19, n. 2, p. 467-479, 2011.
PADILHA, Valquíria. Qualidade de vida no trabalho num cenário de precarização: a panaceia delirante. Trab. educ. saúde, v. 7, n. 3, p. 549-563, 2009.
RAGO, Margareth. As marcas da pantera: Foucault para historiadores. Resgate-Revista Interdisciplinar de Cultura, v. 4, n. 5, p. 22-32, 1993.
RÉGIS FILHO, Gilsée Ivan; LOPES, Mônica Cristina. Qualidade de vida no trabalho: a empresa holística e a ecologia empresarial. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, v. 36, n. 3, 2001.
RIBEIRO, Ana Cláudia de Araújo et al. Resiliência no trabalho contemporâneo: promoção e/ou desgaste da saúde mental. Psicologia em estudo, p. 623-633, 2011.
RONCHI, Carlos César; CARVALHO, Tiago Neves; BANDEIRA, Nehemias Pinto, MELO JÚNIOR, Samuel de Miranda. Resiliência e Qualidade de Vida: As Reverberações Discursivas no imaginário dos Líderes. VI Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho - ENGPR, 2015.
SANTOS ALVES, Edvânia dos; FRANCISCO, Ana Lúcia. Ação psicológica em saúde mental: uma abordagem psicossocial. Psicologia Ciência e Profissão, v. 29, n. 4, 2009.
SILVA, Marco Wandercil da; BALZAN, Newton César. Universidade Corporativa: (Pré-) tendência do Ensino Superior ou ameaça? Avaliação – Revista de Avaliação da Educação Superior. v.12, n.2, 2010.
TABOADA, Nina G.; LEGAL, Eduardo J.; MACHADO, Nivaldo. Resiliência: em busca de um conceito. Journal of Human Growth and Development, v. 16, n. 3, p. 104-113, 2006.
WOOD JR, Thomaz. Organizações de simbolismo intensivo. Revista de Administração de Empresas, v. 40, n. 1, p. 20-28, 2000.
YUNES, Maria Angela Mattar. Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, num. esp., p. 75-84, 2003.