TERRITÓRIO DO CONTESTADO: aspectos históricos do processo de marginalização

Autores

  • Sandro Luiz Bazznella Universidade do Contestado
  • Jairo Marchesan Universidade do Contestado (UnC)
  • Alexandre Assis Tomporoski Universidade do Contestado

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar a partir da geografia, história e filosofia a dinâmica da constituição das relações sociais, políticas e econômicas do território do Contestado, em seu complexo processo histórico. Metodologicamente, o artigo ampara-se em análises de observações e constatações in loco da realidade socioeconômica regional e se fundamenta em literaturas da história, geografia e filosofia. Com isso, investiga os processos históricos que justificam a marginalização social, política e econômica. Historicamente, o denominado território do Contestado foi e é marcado, especialmente, pelo extrativismo vegetal e agropecuário. Portanto, foi alijado pelos investidores de reinvestimentos na produção e distribuição econômica e cultural, principalmente. Consequentemente, a maioria da população regional permanece marginalizada e excluída social, econômica e culturalmente. Análises como estas podem contribuir de forma pedagógica, acadêmica e, sobretudo, socialmente, para melhor compreender o processo histórico de formação e transformação, assim como a realidade socioeconômica regional. Conclui-se que o referido território precisa de intensos e contínuos investimentos sociais, dentre eles educacionais, na perspectiva de elevar a formação e qualificação humana. Nesta perspectiva, recomenda-se que as organizações educacionais regionais principalmente, invistam processualmente e com responsabilidade social na recuperação da motivação, autoestima e altivez humana deste território. Além disso, que estimulem ações empreendedoras e de valorização dos ativos materiais e imateriais. Ou ainda, na perspectiva de gerar concepções e ações de confiança entre si, empoderamento socioeconômico, fortalecimento das relações deidentidade e de pertencimento territorial. Tais perspectivas precisam ser amparadas na sustentabilidade econômica, social e principalmente ambiental. Um outro território do Contestado é possível e necessário.  

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sandro Luiz Bazznella, Universidade do Contestado

Possui graduação em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Dom Bosco (1989), mestrado em Educação e Cultura pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2003) e doutorado em Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (2010). Atualmente é professor titular de filosofia da Universidade do Contestado na graduação no Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional. Tem experiência na área de filosofia, atuando nas seguintes áreas temáticas: História da filosofia, filosofia política e ética, técnica, Estado e biopolítica. E-mail: sandro@unc.br

Jairo Marchesan, Universidade do Contestado (UnC)

Graduado em Estudos Sociais - Habilitação em Geografia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (1990). Mestrado em Educação nas Ciências/Geografia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2000) e doutorado em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2007). Atualmente é professor efetivo da Escola Estadual de Educação Básica Professor Olavo Cecco Rigon em Concórdia e professor da Graduação e Pós-Graduação - Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Fundação Universidade do Contestado. É pesquisador da Rede Iberoamericana de Estudos sobre Desenvolvimento Territorial e Governança - REDETEG. Atua na área ambiental principalmente nos seguintes temas: Sociedade, desenvolvimento e meio ambiente. Exploração e gestão de águas. Educação ambiental. Questões ambientais rurais. Relações: capital, sociedade e recursos naturais. (contato: jairo@unc.br)

Alexandre Assis Tomporoski, Universidade do Contestado

Possui graduação em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2003), Mestrado (2006) e Doutorado (2013) em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Sua atuação concentra-se nas áreas de História Regional, História Social, Imigrações, História do Trabalho, História do Contestado e Desenvolvimento Regional. É professor permanente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e de diversos cursos de graduação da Universidade do Contestado (UNC), onde também coordena o Núcleo de Pesquisa em História (NUPHIS). É membro do Grupo de Investigação sobre o Movimento do Contestado (GIMC), que reúne pesquisadores de várias instituições brasileiras e possui certificação junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Atuou como professor visitante na Universdad Castilla-La Mancha, em Ciudad Real, Espanha (2017, 2018), onde desenvolveu projeto de pesquisa de estágio pós-doutoral acerca do Patrimônio Agrário da região de La Mancha e do Território do Contestado. Atualmente é coordenador do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado. E-mail: alexandre@unc.br

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O Sacramento da Linguagem: arqueologia do juramento (Homo SacerII,3). Tradução Selvino José Assmann. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2011.

ARISTÓTELES. Metafísica. Ensaio introdutório, texto em grego com tradução e comentário de Giovanni Reale. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Edições Loyola, 2002 (volume II – A Metafísica)

BENJAMIN, Walter. TESE II (In) LÖWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio – uma leitura das teses “Sobre o Conceito de história”. Tradução de Wanda Nogueira Caldeira Brandt. Tradução das teses Jeanne Marie Gagnebin; Marcos Luiz Müller. São Paulo: Boitempo, 2005.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. História e Narração em Walter Benjamin. São Paulo: Perspectiva, 2009.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).

http://cidades.ibge.gov.br/xtras/uf.php?lang=&coduf=42&search=santa-catarina

KNOREK, Reinaldo e LOCH, Carlos (Orgs.). Território da Cidadania em Santa Catarina: diagnósticos e estudos. Curitiba (PR): CRV, 2016.

KONDER, Leandro. Walter Benjamin: o marxismo da melancolia.Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

LÖWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio – uma leitura das teses “Sobre o Conceito de história”. Tradução de Wanda Nogueira Caldeira Brandt. Tradução das teses Jeanne Marie Gagnebin; Marcos Luiz Müller. São Paulo: Boitempo, 2005.

MACHADO, Paulo Pinheiro. Lideranças do Contestado: a formação e a atuação das chefias caboclas (1912-1916). Campinas: Ed. Unicamp, 2004.

O que é o IDH? - Politize! – Disponível em https://www.politize.com.br/idh-o-que-e/ - acessado em 22.06.2019

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado do Turismo, Cultura e Esportes. Regiões turísticas do Estado de Santa Catarina.Editora Letras Brasileiras. Região Turística Vale do Contestado (2014).

SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: Da Crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. 6. ed. - São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.

______________. A natureza do espaço: técnica e tempo;razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1999.

SILVA, Márcio Bolda. Metafísica e Assombro: Curso de Ontologia. São Paulo: Paulus, 1994.

TOMPOROSKI, Alexandre Assis. Os costumes no planalto catarinense: dos embates no movimento sertanejo do Contestado à luta contra as imposições do capital estrangeiro (1912-1919). Revista Brasileira de História & Ciências Sociais - RBHCS Vol. 7 Nº 14, Dezembro de 2015.

Downloads

Publicado

2020-04-22

Como Citar

Bazznella, S. L., Marchesan, J., & Tomporoski, A. A. (2020). TERRITÓRIO DO CONTESTADO: aspectos históricos do processo de marginalização. Revista Húmus, 10(28). Recuperado de http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/revistahumus/article/view/12607

Edição

Seção

Perspectivas do Desenvolvimento Regional