DIÁRIO DE ESCOLA: narrativas de heranças e metamorfoses do trabalho docente

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18764/2178-2229v28n4.202180

Palavras-chave:

História da escola, Autobiografia de professor, Fracasso escolar, Metamorfose da escola

Resumo

O artigo versa sobre o Diário de escola, um romance autobiográfico, traduzido e publicado no Brasil em 2008. Foi escrito pelo já notável Daniel Pennac que, além de assinar textos literários, é professor. O livro fascina não apenas pela escrita envolvente de seu autor, como também pelo fato de que pode suscitar em muitos de nós uma sensação de familiaridade. Ao contar sua vida de “aluno lerdo”, Pennac trata de experiências que muitos de nós tivemos. Sua narrativa passa por modos de organização dos sistemas de ensino consolidados em diversas partes do mundo desde o século XIX. Neste sentido, evidencia heranças que ainda hoje estruturam nossos modos de entender e viver a escola. O Diário dá luz a facetas perversas, porque marca histórias de fracassos e da incapacidade que muitos alunos sentem para aprender. Enquanto professor, Pennac dedica-se a ensinar esses alunos, aqueles que, em suas palavras, “voam como passarinhos loucos”. Para ele: “Uma andorinha caída é uma andorinha por reanimar, ponto final”. Propõe-se aqui uma análise das páginas do Diário, de modo a destacar heranças da forma e do fracasso escolar, como mostraram análises feitas por Pierre Bourdieu e Maria Helena Patto. Reconhecendo as atuais preocupações com a “crise” desse modelo, o exame assim proposto aproxima a narrativa de Pennac da imagem da metamorfose, expressa por António Nóvoa, para identificar, na perspectiva do professor que escreve suas próprias experiências, possibilidades de transformação da escola e de suas práticas cotidianas.

Palavras-chave: história da escola; autobiografia de professor; fracasso escolar; metamorfose da escola.

SCHOOL BLUES: narratives of inheritances and metamorphoses of teaching

Abstract

The article deals with School Blues, an autobiographical novel, translated and published in Brazil in 2008. It was written by the already notable Daniel Pennac. The book is fascinating not only for the engaging writing of its author, but also for the fact that it can evoke a sense of familiarity in many of us. In recounting his life as a “dunce student,” Pennac writes about experiences that many of us have had. His narrative goes through modes of organization of education systems consolidated in different parts of the world since the nineteenth century. Thus, he highlights inheritances that still structure our ways of understanding and living the school today. The book depicts perverse facets, because it registers stories of failures and the inability that many students feel when learning. As a teacher, Pennac is dedicated to teaching these students, those who, in his words, “fly like crazy birds”. For him: “A fallen swallow is a swallow to be revived.” An analysis of the pages of the book is proposed here, in order to highlight inheritances of form and school failure, as shown by theses by Pierre Bourdieu and Maria Helena Patto. In keeping with the current concerns with the “crisis” of this model, the proposed examination brings Pennac's narrative closer to the image of metamorphosis, expressed by António Nóvoa, in order to identify, from the perspective of the teacher who writes his own experiences, possibilities for transforming the school and their daily practices.

Keywords: school history; teacher autobiography; school failure; school metamorphosis.

MAL DE ESCUELA: narrativas de herencias y metamorfosis del trabajo docente

Resumen

El artículo trata sobre Mal de escuela, una novela autobiográfica, traducida y publicada en Brasil en 2008. Fue escrita por el notable autor Daniel Pennac. El libro es fascinante no solo por su escritura cautivadora, sino también por el hecho de que puede evocar una sensación de familiaridad en muchos de nosotros. Al relatar su vida como un “zoquete”, Pennac escribe sobre las experiencias que muchos de nosotros hemos tenido. Su narrativa pasa por modos de organización de los sistemas educativos consolidados en diferentes partes del mundo desde el siglo XIX. En este sentido, destaca herencias que aún estructuran nuestras formas de entender y vivir la escuela actualmente. La novela muestra facetas perversas, porque marca historias de fracasos y la incapacidad que muchos alumnos sienten para aprender. Como docente, Pennac se dedica a enseñar a estos alumnos, aquellos que, en sus palabras, “vuelan como pájaros locos”. Para él: “Una golondrina aturdida es una golondrina que hay que reanimar; y punto final.”. Aquí se propone un análisis de las páginas del libro, con el fin de resaltar las herencias de la forma y el fracaso escolar, como demuestran los análisis de Pierre Bourdieu y Maria Helena Patto. De acuerdo con las preocupaciones actuales por la “crisis” de este modelo, el examen propuesto acerca la narrativa de Pennac a la imagen de la metamorfosis, expresada por António Nóvoa, para identificar, desde la perspectiva del docente que escribe sus propias experiencias, posibilidades de transformación de la escuela y de sus prácticas diarias.

Palabras clave: historia de la escuela; autobiografía docente; Fracaso escolar; metamorfosis de la escuela.

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Biografia do Autor

Vivian Batista da Silva, Universidade de São Paulo – Faculdade de Educação

É Professora Associada da Faculdade de Educação da USP. É uma das pesquisadoras principais do Projeto Temático FAPESP sobre Saberes e práticas em fronteiras: por uma história transnacional da educação (1810-...) (Processo 2018/26699-04). Atua também como docente e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da USP nos níveis de mestrado e doutorado. Pela mesma universidade, fez graduação em Pedagogia (1998), Mestrado em Educação (2001), Doutorado em Educação (2006), com período de Doutorado-Sanduíche junto à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa (2004). Realizou Estágio de Pós-Doutorado Sênior junto à UFPR (2017), aprofundando seus estudos nas áreas de História da Educação e Didática e pesquisando questões relacionadas principalmente aos seguintes temas: manuais pedagógicos, leituras para professores e estudo sócio-histórico-comparado. 

Keila da Silva Vieira, Universidade de São Paulo

Keila é mestranda no programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e Licenciada e Bacharela em Letras-Português e Espanhol pela mesma universidade.Desenvolveu duas pesquisas, em nível de Iniciação Científica, intituladas: "O Magistério na sala de aula: um estudo sobre A linguagem didática no ensino moderno (1956) e O quadro-negro e sua utilização no ensino (1954) de Luiz Alves de Mattos" e "Saberes pedagógicos entre fronteiras: um estudo sobre a circulação das ideias de Luiz Alves de Mattos," (projeto temático: "SABERES E PRÁTICAS EM FRONTEIRAS: por uma história transnacional da educação (1810-...) (2018/26699-4) financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), sob orientação da professora Dr.ª Vivian Batista da Silva.

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Publicado

2021-12-30

Como Citar

SILVA, Vivian Batista da; VIEIRA, Keila da Silva.
DIÁRIO DE ESCOLA: narrativas de heranças e metamorfoses do trabalho docente
. Cadernos de Pesquisa, v. 28, n. 4, p. 587–608, 30 Dez 2021 Disponível em: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/18274. Acesso em: 22 dez 2024.