Novo Ensino Médio em Santa Catarina: implicações do Componente Curricular Eletivo Educação Empreendedora no processo formativo das juventudes
DOI:
https://doi.org/10.18764/2358-4319v17n3.2024.48%20Palavras-chave:
ensino médio, juventudes, empreendedorismoResumo
Este trabalho resulta de uma pesquisa que buscou analisar as implicações do Componente Curricular Eletivo (CCE) Educação Empreendedora no processo formativo das juventudes do Novo Ensino Médio de uma escola pública de Santa Catarina. Utilizou-se como metodologia o materialismo histórico e dialético, a partir de uma abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, com o desenvolvimento de análises bibliográficas e documentais. Buscou-se caracterizar como ocorreu a implementação desse CCE na escola selecionada, bem como analisar a compreensão de professores e jovens com relação às implicações da educação empreendedora em sua formação. Para tanto, entrevistaram-se a professora que lecionou o CCE Educação Empreendedora e 28 estudantes que cursaram tal componente, criando um espaço de escuta para esses sujeitos. Como resultados, demonstra-se que a contrarreforma do Ensino Médio apresenta fragmentação e o esvaziamento dos conhecimentos científicos e a fragilidade na formação para as juventudes da classe trabalhadora. Nesse contexto, o empreendedorismo se alastra no âmbito educacional, configurando-se como uma proposta do capital para formação das juventudes da classe trabalhadora, em um discurso que aproxima e legitima a integração do trabalhador com o trabalho precário, induzindo a formação de novas subjetividades, as quais atendam às demandas do capital. Por fim, compreende-se que, por trás do discurso do “novo” Ensino Médio, emergem interesses antigos de favorecimento em prol do empresariado, por meio de parcerias público-privadas que buscam conduzir as juventudes da classe trabalhadora à conformação, precarizando a sua formação, atingindo também outro objetivo, o de fazer a contenção do acesso ao Ensino Superior.
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