A educação depois da pandemia

ideologia neoliberal, formação para mercado precarizado e desigualdade social

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18764/2358-4319v16n1.2023.3

Palavras-chave:

ensino híbrido, educação neoliberal, pandemia

Resumo

Este artigo parte do sentido etimológico de crise sugerido por Marilena Chaui para ressaltar o momento de decisão no campo da educação causa pela pandemia, principalmente a partir da larga adoção do método de ensino híbrido. Conforme o referencial teórico, é defendida a tese de que esse método se alinha ao neoliberalismo, adequando a formação dos alunos à ideologia do mercado e das grandes empresas de tecnologia. Embora os idealizadores do ensino híbrido apresentem críticas pertinentes ao modelo hegemônico de educação, alinhando-se inclusive às concepções de Paulo Freire, a sua proposta contribui para aumentar a desigualdade social uma vez que desconsidera as condições de estudos dos alunos. O objetivo do artigo é explicitar as concepções e as teorias que fundamentam o ensino híbrido para provocar a reflexão sobre as possíveis consequências que ele traz para a sociedade e como ele nega a educação como um direito social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

João Lorandi Demarchi, Universidade de São Paulo

Mestre em Geografia e Graduado em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Doutorando em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da educação básica. Integra a Rede Paulista de Educação Patrimonial (REPEP) e o grupo de pesquisa "Patrimônio, espaço e memória”.

Referências

ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2020.

ANTUNES, Ricardo; PINTO, Geraldo Augusto. A fábrica da educação: da especialização taylorista à flexibilização toyotista. São Paulo: Cortez, 2017. (Coleção questões da nossa época, v. 58).

BACICH, Lilian; TANZI NETO, Adolfo; TREVISAN, Fernando de Mello (org.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.

BAUMAN, Zigmunt. Sobre educação e juventude: conversas com Riccardo Mazzeo. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

BOURDIEU, Pierre. Escritos da educação. Maria Alice Nogueira e Afrânio Catani (org.) 9ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017a.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Brasília, DF, 2017b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm. Acesso em: 20 ago. 2018.

CHAUI, Marilena. A ideologia da competência. Organizado por André Rocha. Belo Horizonte: Autêntica; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2014. (Escrito de Marilena Chaui, v. 3)

BRIDLE, James. A nova idade das trevas: a tecnologia do fim do futuro. Trad. Érico Assis. São Paulo: Todavia, 2019.

CHAUI, Marilena. A ideologia da competência. Organizado por André Rocha. Belo Horizonte: Autêntica; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2014. (Escritos de Marilena Chaui, v. 3)

CHAUI, Marilena. Em deseja da educação pública, gratuita e democrática. Organizado por Homero Santiago. Belo Horizonte: Autêntica, 2018a. (Escritos de Marilena Chaui, v. 7).

CHAUI, Marilena. Sobre a violência. Organizado por Ericka Marie Itozaku e Luciana Chaui-Berlinck. Belo Horizonte: Autêntica, 2018b. (Escritos de Marilena Chaui, v. 5)

COELHO, Tiago. O ano da luta. A difícil batalha dos alunos pobres para conseguir estudar durante a pandemia. Revista Piauí. Rio de Janeiro, out. 2020, edição 169. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-ano-da-luta/ . Acesso em 02 de abril de 2021.

COSTA, M. da C. dos S.; FARIAS, M. C. G. de; SOUZA, M. B. de. A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL: retrocessos, precarização do trabalho e desintelectualização docente. Movimento-Revista De educação, 2019, (10), 91-120. https://doi.org/10.22409/mov.v0i10.535

ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. Trad. B. A. Schumann. São Paulo: Boitempo, 2010.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Nascimento da prisão. 42ª ed. São Paulo: Vozes, 2014.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 74ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

KOHARA, Luiz Tokuzi. Relação entre as condições da moradia e o desempenho escolar: estudo com crianças residentes em cortiços. Tese de Doutorado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009.

KRUPPA, Sonia R. P. O Banco Mundial e as políticas públicas de educação nos anos 90. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2001.

LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça. Trad. Alain François. São Paulo: Edipro, 2016.

LIMA, Leandro H. F. L.; MOURA, Flavia R. O professor no ensino híbrido. In: BACICH, Lilian; TANZI NETO, Adolfo; TREVISAN, Fernando de Mello (org.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015, p. 89-102.

MOROZOV, Evgeny. Big Tech: a ascensão dos dados e a morte da política. Trad. Claudio Marcondes. São Paulo: Ubu Editora, 2018. Coleção Exit.

MOROZOV, Evgeny; BRIA, Francesca. A cidade inteligente. Tecnologias urbanas e democracia. Trad. Humberto do Amaral. São Paulo: Ubu, 2019.

PEREIRA, João M. M. A agenda educacional do Banco Mundial em tempos de ajuste e pandemia. Educação e Pesquisa, v. 47, p. e242157, 2021.

PEREIRA, Jennifer N.; EVANGELISTA, Olinda Quando o capital educa o educador: BNCC, Nova Escola e Lemann. Movimento-revista de educação, n. 10, p. 65-90, 30 jun. 2019.

PESQUISA JUVENTUDE E A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS. Disponível em: https://4fa1d1bc-0675-4684-8ee9-031db9be0aab.filesusr.com/ugd/f0d618_41b201dbab994b44b00aabca41f971bb.pdf . Acesso em: 02 abril de 2021.

OLIVEIRA, Francisco de. Crítica à razão dualista: o ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2013.

PIRES, Carla F. F. O estudante e o ensino híbrido. In: BACICH, Lilian; TANZI NETO, Adolfo; TREVISAN, Fernando de Mello (org.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015, p. 81-85.

SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas: forma literária e o processo social nos inícios do romance brasileiro. 6ª ed. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2012. (Coleção Espírito Crítico).

SCHILLING, Flávia. Educação e direitos humanos: percepções sobre a escola justa: resultado de uma pesquisa. São Paulo: Cortez, 2014.

SILVA, Maria Abádia. Intervenção e consentimento: a política educacional do Banco Mundial. Campinas: Autores Associados; São Paulo: FAPESP, 2002.

SPRING, Joel. Como as corporações globais querem usar as escolas para moldar o homem para o mercado. Trad. Ana Júlia Galvan. Campinas: Vide Editorial, 2018.

THOMPSON, E. P. Costumes em comum. Estudos sobre a cultura popular tradicional. 1ª ed. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.

Downloads

Publicado

2023-05-06

Como Citar

DEMARCHI, João Lorandi.
A educação depois da pandemia: ideologia neoliberal, formação para mercado precarizado e desigualdade social
. Revista Educação e Emancipação, v. 16, n. 1, p. 74–98, 6 Mai 2023 Disponível em: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/reducacaoemancipacao/article/view/19817. Acesso em: 24 nov 2024.

Edição

Seção

Artigos