A CULTURA HIP-HOP E OS ANGOLANISMOS LEXICO-SEMANTICOS EM YANNICK AFROMAN: A LÍNGUA E A CULTURA EM DEBATE

Autores

  • Alexandre Antonio Timbane Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Humanidades e Letras http://orcid.org/0000-0002-2061-9391
  • Yuran Fernandes Domingos Santana Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira- Campus dos Malês Instituto de Humanidades e Letras
  • Euclides Victorino Silva Afonso Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira- Campus dos Malês Instituto de Humanidades e Letras

Palavras-chave:

Hip-Hop, Língua, Angolanismos, Cultura. Léxico. Português

Resumo

O hip-hop surge em zonas periféricas das cidades. Em Angola, o grupo é constituído por jovens (a maioria) rejeitados, marginalizados pelo poder público. Nas letras das músicas exalta-se do cotidiano as diferenças sociais sempre usando a língua oficial (português) para que a mensagem alcance maior público. Para além do português, em Angola se fala línguas do grupo bantu (MAHO,2003; HEINE & NURSE,2000) e khoisan (CHEBANNE,2012; FRAWLEY,2003). As letras das músicas dos cantores angolanos revelam traços característicos da variedade angolana do português. Levantando o problema da pesquisa questionou-se os traços linguísticos que caracterizam a variedade angolana do português e quais aspectos culturais que estão por detrás? A pesquisa visa compreender traços linguísticos da variedade angolana do português. A pesquisa é bibliográfica cruzada com a documental composto por dois álbuns: “Mentalidade” (2008) e “Terra a terra” (2013). Para as análises transcreveu-se para facilitar análise dos fenômenos linguísticos. Concluiu-se que o cantor Afroman revela angolanismos que denunciam traços que se inclinam à norma angolana do português. Conclui-se que o português falado por jovens angolanos já não é igual com aquele que as gramáticas portuguesas sugeriram ao longo dos anos em que o português estava sendo aplicando. O ensino do português em Angola tenha em conta a variedade do português que efetivamente ocorre no dia a dia. Um consulente do dicionário cujo corpus foi extraído do Português Europeu fica desiludido, porque muitas unidades lexicais não serão encontradas. Os angolanos precisam caminhar rapidamente para a criação de instrumentos que legitimam a  sua variedade do português.

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Biografia do Autor

Alexandre Antonio Timbane, Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Humanidades e Letras

Pós-Doutor em Estudos Ortográficos pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho-UNESP (2015), Pós-Doutor em Linguística Forense pela Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC(2014), Doutor em Linguística e Língua Portuguesa (2013) pela UNESP, Mestre em Linguística e Literatura moçambicana (2009) pela Universidade Eduardo Mondlane – Moçambique (UEM). É Licenciado e Bacharel em Ensino de Francês como Língua Estrangeira (2005) pela Universidade Pedagógica-Moçambique (UP). 

Yuran Fernandes Domingos Santana, Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira- Campus dos Malês Instituto de Humanidades e Letras

Graduando em Letras e Língua Portuguesa, na Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira- Campus dos Malês, Instituto de Humanidades e Letras

Euclides Victorino Silva Afonso, Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira- Campus dos Malês Instituto de Humanidades e Letras

Graduando no curso de Bacharelado em Humanidades na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro- Brasileira, estudou na escola superior pedagógica do Bengo (ESP) em 2016-2018, tem domínio no campo da pedagogia com ênfase em didática, experiência na área da linguística e sociolinguística e angolanismo, realiza estudos sobre a variação do português em Angola, tem esperiência em Jornalismo Radiofônico, repórter, palestrante, membro do grupo de pesquisa de estudos de manuais de ensino de História pela universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB), membro do projeto de extensão biblioteca Náutica da UNILAB, escritor, prosador, contista e poeta. Tem experiencias de professorado, trabalhou em instituições privadas em Angola como professor de estudo do Meio e ambiente nas classes da iniciação nas instituições CAC 22 em 2015 CAC 14.

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Publicado

2019-09-26

Como Citar

TIMBANE, Alexandre Antonio; SANTANA, Yuran Fernandes Domingos; AFONSO, Euclides Victorino Silva.
A CULTURA HIP-HOP E OS ANGOLANISMOS LEXICO-SEMANTICOS EM YANNICK AFROMAN: A LÍNGUA E A CULTURA EM DEBATE
. Afluente: Revista de Letras e Linguística, v. 4, n. 12, p. 104–128, 26 Set 2019 Disponível em: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/afluente/article/view/11461. Acesso em: 24 dez 2024.

Edição

Seção

SEÇÃO TEMÁTICA: ESTUDOS DO LÉXICO – PERSPECTIVAS