As causas do terremoto de Lisboa no ano de 1755 segundo o discurso do padre Gabriel Malagrida
DOI:
https://doi.org/10.18764/1983-2850v17n49.2024.12Palavras-chave:
Discurso jesuítico, coroa Josefina, hecatombeResumo
O artigo se divide em quatro partes. Em um primeiro momento, busca-se aludir à reconstrução da cidade de Lisboa após o terremoto de 1755. Após, apresentam-se as diversas argumentações sobre o evento cataclísmico, sendo elas de cunho ilustrado, jesuíticas ou mesmo teístas. Num terceiro momento se apresenta as consequências advindas ao padre Gabriel Malagrida, tal qual seu desterro para a vila de Setúbal, diante de suas pregações inflamadas contra os atos administrativos tomados pela coroa lusa. Conclui-se com a tentativa do jesuíta em reestabelecer laços com a corte Josefina, com o fito primeiro de evitar a condenação à morte que viria, de qualquer sorte, pela Inquisição. Os pontos do artigo objetivam explanar como a religião e o poder centralizado se distanciaram no período que vai de 1750 a 1758. Para tanto, valemo-nos da micro-história, apresentando-se como resultado aglutinador a influência do poder monárquico sobre a Companhia de Jesus.
Downloads
Referências
ANRJ, [Carta] 01. out. 1753, Belém [para] rainha-mãe, Lisboa. 5f.
ANRJ, [Carta] .../.../ 1756, Junqueira [para] TÁVORA, Marquesa de Távora, Lisboa. 2f.
ANTT, 614/10, processo 8064/1761, fl. 1-2033.
_________, Edital régio pelo qual foram presos os principais réus do sacrílego insulto cometido em 3 de setembro de 1758 na real pessoa, para se acabarem de descobrir os reos daquele horroroso atentado, que ainda se achassem ocultos. [S.I.], [s.n.]
_________, Lei dada para a proscrição, desnaturalização e expulsão dos regulares da Companhia de Jesus, nestes reinos e seus domínios, 3 de Setembro do anno próximo de 1759.
_________, Sentença de execução do jesuíta Gabriel Malagrida, Manuscritos da Livraria, n.º 1103, f. 1-4.
BARROS, Francisco. Altos Feitos do Marquez de Pombal. Lisboa: Typ. de Mattos Moreira & Cardoso, 1882.
BETHENCOURT, Francisco. História das inquisições: Portugal, Espanha e Itália – séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
BRANCO, C. Camilo C. Perfil do Marquez de Pombal. Porto: Lopes e Cia, 1900.
CÂNDIDO DOS SANTOS. António Pereira de Figueiredo, Pombal e a Aufklarung, Ensaio sobre o Regalismo e Jansenismo em Portugal na segunda metade do século XVIII, Revista História das Ideias, 4 n.º 1 (Coimbra, 1982).
_________. O Jansenismo em Portugal. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2007
CASTRO, Zília Maria Osório. Antecedentes do Regalismo pombalino. O Padre José Clemente, Estudos em homenagem a João Francisco Marques, vol. VI (Porto, 2002).
CORDARA, Giulio Cesare. Il Malagrida accusato, e difeso. Nuovo saggio che servire può di compimento al Buon raziocinio sul famoso processo del Supremo Tribunale del S. Officio della Inquisizione del Portogallo, publicato contro del medesimo missionário celebre della Compagnia di Gesù. Saggio monográfico. Lugano: [s/e], 1795.
DIAS, José Sebastião da Silva. Pombalismo e projecto político. Lisboa: Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa, 1984.
DOMINGUES, Mário. O Marquez de Pombal: o homem de sua época. Lisboa: Romano Torres, 1955, p. 168; AZEVEDO, João. O marquês de Pombal e sua época. São Paulo: Alameda, 2004.
FIOLHAIS, Carlos; FRANCO, José Eduardo e PAIVA, José Pedro. História Global de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2020.
FRANCO, José. O "terramoto" pombalino e a campanha de "desjesuitização" de Portugal. Lusitania Sacra, Lisboa, v.18, 2006.
FROES, Christoph G. Von. Journal zu Kunstgeschichte und sur Allgemeneinen Litteratur. Th. XVI, Nurnberg, 1788.
GALHARDO, Antonio Rodrigues. Collecção das leis, decretos e alvarás que comprehende o feliz reinado delrei fidelíssimo D. José o I: desde o anno de 1750 até o ano de 1760 e a pragmática do senhor rei D. João o V do anno de 1749. Lisboa: Imprellor da Sereniffima capa do infantado, 1797.
GARCIA, José Manuel. Dicionário essencial da história de Portugal. Bacarena: Editorial Presença, 2010.
GILISSEN, John; HESPANHA, António Manuel. Introdução histórica ao direito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2011.
GONZALBO, Fernando Escalante. Voltaire mira el terremoto de Lisboa. Cuadernos hispoamericanos, Madri, n. 600, p. 69-82, 2000.
HERNÁNDEZ MARCOS, Maximiliano. Un texto de Immanuel Kant sobre las causas de los terremotos, 1756. Cuadernos Dieciochistas, Salamanca, v. 6, p. 43-77, nov. 2005.
HESPANHA, António Manuel. As vésperas do Leviathan: instituições e poder político. Portugal – séc. XVII. Coimbra: Livraria Almedina, 1994.
HUME, David. Dialogues concerning natural religion. London: Printed for W.Strahan and T. Cadell, 1779.
ISRAEL, Jonathan. Iluminismo Radical: a filosofia e a construção da modernidade [1650-1750]. São Paulo: Madras, 2009.
KANT, Immanuel. Ensaios de Kant a propósito do Terremoto de 1755. Tradução: Luís Silveira. Lisboa: Câmara Municipal, 1955.
_________. História e descrição natural do terremoto que aconteceu em Lisboa no dia 1º de novembro de 1755. Tradução de Carlos R. S. de Almeida. Lisboa: Edições 70, 1997.
LOURENÇO, Eduardo. Da Inquisição como realidade recalcada. Lisboa: Universitária Editora, 1990.
MALAGRIDA, Gabriele. Juizo da verdadeira causa do Terremoto, que padeceo a Corte de Lisboa, no primeiro de novembro de 1755. Lisboa: na Officina de Manoel Soares, 1756.
MANSO, Maria de Deus Beites. A Companhia de Jesus em Portugal. Identidade e historiografia/The Society of Jesus in Portugal. Identity and historiography, Temas Americanistas, Número 44, junho de 2020, pp. 264-292.
MARCOCCI, Giuseppe & PAIVA, José Pedro. História da Inquisição portuguesa: 1536-1821. Lisboa: A esfera dos livros, 2013.
MARTINS, Rocha. O Marquês de Pombal pupilo dos jesuítas. Coimbra: Lumen Empresa Internacional Editora, 1960.
MENDONÇA, Joachim Joseph Moreira de. Historia universal dos terremotos: que tem havido no mundo, de que ha noticia, defde a fua creação até o feculo prefente. Lisboa: na Officina de Antonio Vicente da Silva, 1758.
MONTEIRO, Nuno Gonçalo. O crepúsculo dos Grandes: casa e o património da aristocracia em Portugal (1750-1832). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2003.
_________. O terremoto de 1755: impactos históricos. Lisboa: Livros Horizonte, 2007.
MURY, Paul. Histoire de Gabriel Malagrida. Strasburg, 1884.
PEDEGACHE, Miguel Tibério. Nova, e fiel relaçaõ do terremoto, que experimentou Lisboa, e todo o Portugal no dia 1º de novembro de 1755. Lisboa: Officina de Manoel Soares, 1756, [S.I.].
PEREIRA, Isaías da Rosa. O auto-da-fé de 1761. In O marquês de Pombal e o seu Tempo. Coimbra: Instituto de História e teoria das ideias. Tomo I. Faculdade de Letras, 1982.
POMBAL, Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de. Memórias sobre o terremoto de Lisboa. Lisboa: Officina de Antonio Isidoro da Fonseca, 1755.
POPE, Alexander. An Essay on Man. London: Printed for J. Wilford, 1734.
RODRIGUES, A. Gonçalves. O protestante lusitano: estudo biográfico e crítico sobre o Cavaleiro de Oliveira. Coimbra: Almedina, 1950.
RODRIGUES, Mathias. Vita di padre Gabriele Malagrida. Università di Padova: Padova, 1779.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Carta sobre o desastre de Lisboa. Tradução de Lourdes Santos Machado. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
_________. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Tradução de Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
_________. Do contrato social. Tradução de Lourdes Santos Machado. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
ROSA, Teresa. O iluminismo e a expulsão dos jesuítas do Império português; as reformas pombalinas e o plano dos estudos menores. Revista de história regional. Paraná, n.19, 361-383, 2014.
SANTOS, José Ricardo. Estudo para a Fundação de um museu da Inquisição em Portugal. 2014. 146f. Dissertação. FLUC, Universidade de Coimbra, p.11.
SKINNER, Quentin. As Fundações do Pensamento Político Moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 104.
VOLTAIRE. Cândido. Tradução de Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Brasileira de História das Religiões
Esta obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 Unported License.