Indicadores de alfabetização científica em museu de Ciências: uma exposição em análise

Autores

Palavras-chave:

Alfabetização Científica, Museus de Ciências, Educação museal.

Resumo

O presente trabalho analisa uma exposição museal na perspectiva da Alfabetização Científica. A pesquisa é qualitativa do tipo hermenêutica, cujo corpus foi um recorte da exposição Movimente-se: A Física dos esportes, do Museu Ciência e Vida. Foi investigada, por meio da observação, anotações em campo e o registro fotográfico, a presença dos Indicadores de Alfabetização Científica, sejam eles: a) produção de conhecimento; b) interface social; c) institucional; e d) estético/afetivo/cognitivo. Os dados foram analisados segundo a perspectiva da ferramenta teórico-metodológica “Indicadores de Alfabetização Científica” utilizando os procedimentos da Análise de Conteúdo. A partir dos resultados pôde-se verificar que há predominância do indicador estético/afetivo/cognitivo, com destaque para a interação entre os visitantes e o envolvimento com a exposição, em detrimento do indicador institucional. Este resultado aponta que um ambiente interativo promove a aprendizagem de maneira inovadora. Entretanto, a interação física não deve se resumir ao “reducionismo experimentalista”, devendo incutir valores e objetivos educacionais. Salientamos que a ausência dos demais indicadores desfavorece as discussões sobre os aspectos políticos, científicos e culturais relacionados à instituição, contrariando os pressupostos da Alfabetização Científica. Reforçamos que os Museus de Ciências devem definir, com clareza, ações que ampliem o processo de Alfabetização Científica em seus espaços.

Palavras-chave: Alfabetização Científica. Museus de Ciências. Educação museal.

 

Indicators of scientific literacy in Science museum: an exhibition in analysis

Abstract


The present work seeks to analyze a museum exhibition from the perspective of scientific literacy. The research is qualitative of the hermeneutic type, whose corpus was a part of the exhibition Move yourself: Sports Physics, from the Science and Life Museum. The presence of Scientific Literacy Indicators was analyzed whether they are: a) knowledge production; b) social interface; c) institutional; and d) aesthetic/affective/cognitive, through observation, field notes and photographic record. The data were analyzed according to the perspective of the theoretical-methodological tool “Indicators of Scientific Literacy” using the procedures of Content Analysis. From the results it was verified that there is a predominance of the aesthetic/affective/cognitive indicator, as it highlights the interaction between visitors and the involvement with the exhibition, to the detriment of the other indicators. These results point out that an interactive environment promotes learning in an innovative way. However, physical interaction should not be reduced to “experimental reductionism” but should instill educational values and goals. We emphasize that the absence of institutional indicators favors discussions about political, scientific and cultural aspects related to the institution, which contradicts the assumptions of Scientific Literacy, we reinforce that Science Museums have define actions that expand the process of Scientific Literacy.


Keywords: Scientific Literacy. Science Museums. Museal Education.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Cláudia Celeste Schuindt, Universidade Federal do Paraná

Licenciada em Química pela Universidade Federal do Paraná. Mestra em Educação em Ciências e em Matemática pela Universidade Federal do Paraná, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática pela Universidade Federal do Paraná. Tem experiência na área de Ensino de Ciências e de Química, trabalhando com os seguintes temas: Museus de Ciências, Educação em Espaços não formais, Educação Inclusiva e Materiais Didáticos.

Camila Silveira da Silva, Universidade Federal do Paraná

Licenciada em Química pelo Instituto de Química da Unesp de Araraquara. Mestre e Doutora em Educação para a Ciência pela Faculdade de Ciências da Unesp de Bauru. Atua no campo do Ensino de Ciências, em ações de Ensino, Pesquisa e Extensão, trabalhando com os seguintes temas: Divulgação Científica, Educação em Museus, Mulheres nas Ciências, Relação Ciência e Arte, Formação de Professores, Processos e Recursos Didáticos. Atualmente, é Professora Adjunta do Departamento de Química, do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática e do Programa de Mestrado Profissional em Química em Rede Nacional da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba.

Leonir Lorenzetti, Universidade Federal do Paraná

Possui graduação em Ciências Habilitação Em Biologia pela Universidade do Contestado (1989), mestrado em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000) e doutorado em Educação Cientifica e Tecnológica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2008). Atualmente é professor da Universidade Federal do Paraná, atuando no Departamento de Química e no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, atuando na Linha Educação em Ciências. Atua também no Programa de Pós-Graduação em Formação Científica, Educacional e Tecnológica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Lider do Grupo de Pesquisa Alfabetização Científica e Tecnológica na Educação em Ciência. Atuou no Pibid como Coordenador de Área de Gestão de Processos Educacionais no período de 2014 a 2018. Atuou no Programa Licenciar da UFPR. Atuou como Coordenador do Pibid de Área do Curso de Ciências Biológicas (2018 a 2020). Coordenador do Curso de Química (Janeiro a março de 2020). Coordenador da Coordenadoria de Atividades Formativas e Estágios (Abril 2020 - atual) Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino de Ciências, Ensino de Biologia e Ensino de Química, atuando principalmente nos seguintes temas:Alfabetização Científica e Tecnológica, CTS, Educação Ambiental, Formação de Professores, Epistemologia de Fleck, Pesquisa do Estado da Arte.

Referências

AULER, D.; DELIZOICOV, D. Alfabetização científico-tecnológica para quê? Ensaio, Belo Horizonte, v. 3, n. 2, p. 12-25, 2001. Disponível: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1983-21172001000200122&script=sci_arttext. Acesso em: 03 jan. 2017.

BARDIN L. Análise de conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2016.

CACHAPUZ, A. et al. A necessária renovação do ensino de ciências. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

CAPELLINI, V. L. M. F.; RODRIGUES, O. M. P. R. Concepções de professores acerca dos fatores que dificultam o processo da educação inclusiva. Educação, Porto Alegre, v. 32, n. 3, p. 355-364, set./dez. 2009. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/848/84812707016.pdf. Acesso em: 17 dez. 2017.

CAZELLI, S.; MARANDINO, M.; STUDART, D. Educação e Comunicação em Museus de Ciências: aspectos históricos, pesquisa e prática. In: GOUVÊA, G.; MARANDINO, M.; LEAL, M. C. (Org.). Educação e Museu: a construção social do caráter educativo dos museus de ciências. Rio de Janeiro: Access/FAPERJ, 2003, p.83-106. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/844165/mod_resource/content/1/CAZELLI_MARANDINO_STUDART_Educa%C3%A7%C3%A3o_%20Comunica%C3%A7%C3%A3o_em_Museus_de_Ci%C3%AAncia.pdf. Acesso em: 15 jan. 2017.

CERATI, T. Educação em jardins botânicos na perspectiva da alfabetização científica: análise de uma exposição e público. 2014. 213f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-02042015-114915/en.php. Acesso em: 02 jan. 2018.

CERATI, T. M.; MARANDINO, M. Alfabetização científica e exposições de museus de ciências. Enseñanza de las ciencias: revista de investigación y experiencias didácticas, v. 4, p. 771-775, jun. 2013. Disponível em: https://www.raco.cat/index.php/Ensenanza/article/view/295394. Acesso em:16 jul. 2017.

CHASSOT, A. I. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 6 ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2014.

FÁVERO, E. A. G. O atendimento educacional especializado como garantia da inclusão de alunos com deficiência. In: MANTOAN, M. T. E. O desafio das diferenças nas escolas. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3.ed. Porto Alegre: Artmed editora, 2008.

GRUZMAN, C.; SIQUEIRA, V. H. F. O papel educacional do Museu de Ciências: desafios e transformações conceituais. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 6, n. 2, p. 402-423, jun. 2007. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30907. Acesso em: 19 dez. 2017.

KRASILCHIK, M.; MARANDINO, M. Ensino de ciências e cidadania. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2007.

LORENZETTI, L.; DELIZOICOV, D. Alfabetização científica no contexto das séries iniciais. Ensaio, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p. 1- 17, jun. 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1983-21172001000100045&script=sci_arttext. Acesso em: 12 dez. 2017.

MAGALHÃES, C.; DA SILVA, E.; GONÇALVES, C. A interface entre alfabetização científica e divulgação científica. Revista Areté - Revista Amazônica de Ensino de Ciências, v. 5, n. 9, p. 14-28, abr. 2017. Disponível em: http://periodicos.uea.edu.br/index.php/arete/article/view/44. Acesso em: 15 jul. 2017.

MARANDINO, M. O conhecimento biológico nas exposições de museus de ciências: análise do processo de construção do discurso expositivo. 2001. 435 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Martha_Marandino/publication/34009392_O_conhecimento_biologico_nas_exposicoes_de_museus_de_ciencias_analise_do_processo_de_construcao_do_discurso_expositivo/links/5b042942aca2720ba099ac97/O-conhecimento-biologico-nas-exposicoes-de-museus-de-ciencias-analise-do-processo-de-construcao-do-discurso-expositivo.pdf. Acesso em 25 fev. 2017.

MARQUES, A. C. T. L. et al. Alfabetização Científica e Criança: uma proposta de ferramenta teórico-metodológica para análise de ações educativas em espaços de educação não formal. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 11., 2017, Florianópolis. Anais... Florianópolis: ABRAPEC, 2017, p. 1-8.

MARQUES, A. C. T. L.; MARANDINO, M. Alfabetização científica, criança e espaços de educação não formal: diálogos possíveis. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 44, p. 1-19, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022017005016102&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 01 mar. 2018.

MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 4 ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1996.

MINGUES, E. "O museu vai à praia": análise de uma ação educativa à luz da alfabetização científica. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-08122014-130944/en.php. Acesso em: 15 jun. 2017.

MOREIRA, L. M. O teatro em museus e centros de ciências: uma leitura na perspectiva da alfabetização científica. 2013. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-04112013-114701/en.php. Acesso em: 15 jul. 2017.

MOTTA, L. M. V. de M.; ROMEU FILHO, P. Audiodescrição: transformando imagens em palavras, São Paulo: Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, 2010.

ROBERTS, D. A. Scientific literacy/Science literacy. In: ABELL, S. K.; LEDERMAN, N. G. Handbook of research in science teaching and learning. New York: McMillan, 2007. p. 729-780.

SASSAKI, R. K. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Revista Nacional de Reabilitação, São Paulo, v. 11, p. 10-16, mar./abr. 2009.

SASSERON, L. H. A alfabetização científica no ensino fundamental: estrutura e indicadores desse processo em sala de aula, Brasil. 2008. 281f. Tese (Doutorado em Educação). Ensino de Ciências e Matemática. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Lucia_Sasseron/publication/321529729_Alfabetizacao_Cientifica_no_Ensino_Fundamental_Estrutura_e_Indicadores_deste_processo_em_sala_de_aula/links/5a267fe4aca2727dd88134d2/Alfabetizacao-Cientifica-no-Ensino-Fundamental-Estrutura-e-Indicadores-deste-processo-em-sala-de-aula.pdf. Acesso em: 03 jan. 2018.

SASSERON, L. H.; CARVALHO. A. M. P. Almejando a alfabetização científica no ensino fundamental: A proposição e a procura de indicadores do processo. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 333-352, dez. 2008. Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/445. Acesso em: 03 mar. 2018.

STUDART, D. C. et al. Museus e Centros de Ciência na esteira da Diversidade e da Cidadania. Museologia e interdisciplinaridade, v. 1, p. 26-37, jul. 2012. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/museologia/article/view/12344. Acesso em: 06 jul. 2017.

VERGARA, S. C. Métodos de coleta de dados no campo. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2012.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

Downloads

Publicado

2021-01-18

Como Citar

SCHUINDT, Cláudia Celeste; SILVEIRA DA SILVA, Camila; LORENZETTI, Leonir.
Indicadores de alfabetização científica em museu de Ciências: uma exposição em análise
. Ensino & Multidisciplinaridade, v. 4, n. 1, p. 82–97, 18 Jan 2021 Disponível em: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ens-multidisciplinaridade/article/view/14611. Acesso em: 21 nov 2024.

Edição

Seção

Artigos