Descolonizando e pluralizando a linguagem e as palavras para o fortalecimento de políticas públicas plurais e inclusivas: As infâncias e o método histórico-dialético
Palavras-chave:
Racismo Epistemológico, Intelectuais Negras e Negros, Anticolonial e contracolonialResumo
Propõe-se questionar, de forma provocativa, a compreensão superficial de que referir-se a “infâncias” no plural seria antagônico ou equivocado perante o método histórico-dialético — especialmente em áreas do conhecimento que pouco dialogam com os estudos da linguagem. Parto dos seguintes questionamentos: I) Quais os impactos de uma compreensão fixa, restrita e singular das palavras nas políticas públicas e na vida social? II) Quais as consequências de uma leitura limitada da infância, ancorada na ideia de sujeito universal, para a proteção de crianças e adolescentes com corpos e territórios subalternizados? Revisito teóricos da análise do discurso inspirados no pensamento marxiano e, na mesma direção, recorro a intelectuais marxistas da diáspora africana para pensar a linguagem como matéria política, ideológica e racializada. Nomear e dar visibilidade à pluralidade não é apenas reconhecer a diversidade — é insurgir contra as violências coloniais, afirmando existências que não cabem em palavras hegemônicas, universais e nem no singular.
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