Revista Interdisciplinar em Cultura e Sociedade https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade <p>Publicação do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da UFMA.</p> <p>A Revista Interdisciplinar em Cultura e Sociedade, <em><strong>RICS</strong></em>, é uma revista eletrônica, semestral, do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal do Maranhão. A <strong><em>RICS</em></strong> surgiu com o propósito de agregar e de difundir pesquisas interdisciplinares das mais diferentes regiões, comunidades acadêmicas e nacionalidades, que estabeleçam diálogos com a multiplicidade de investigações científicas referentes às manifestações, experiências e formas de organização social, estudando a diversidade sociocultural numa perspectiva histórica e contextualizadora. O foco e escopo da revista está voltado para publicar artigos, resenhas, ensaios, traduções e entrevistas de diferentes áreas do conhecimento, sobretudo nas ciências humanas, sociais, artes e tecnologias, que dialoguem com a área de concentração em Cultura e Sociedade. </p> <p>ISSN 2447-6498 </p> <p>Periodicidade: Semestral</p> <p><strong>Qualis/CAPES (2017-2020): B2 </strong></p> <p> </p> pt-BR <p><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/" rel="license"><img src="http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png" alt="Licença Creative Commons" /></a><br />Este trabalho está licenciado com uma Licença <a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/" rel="license">Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional</a>.<br /><br /><br /></p> rics.pgcult@ufma.br (Ana Caroline Amorim Oliveira) periodicoseletronicos@ufma.br (Equipe do Portal de Periódicos UFMA) Mon, 08 Dec 2025 20:15:30 -0300 OJS 3.2.1.4 http://blogs.law.harvard.edu/tech/rss 60 Editorial Dossiê Pesq. interdis. sobre Práticas Cult.: artes, linguagens e subjetividades https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28305 <p><span style="font-weight: 400;">O Dossiê “Pesquisa interdisciplinar sobre Práticas Culturais: artes, linguagens e subjetividades” publicado na Revista Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (RICS) realiza-se a partir de uma articulação entre o Mestrado Profissional em Estudos de Cultura e Política da Universidade Federal do Amapá (PPCULT/UNIFAP), o Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal do Maranhão (PPGCULT/UFMA) e o Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Sociobiodiversidade e Educação do Campus Universitário do Marajó-Breves, da Universidade Federal do Pará (PPGSE/UFPA).</span></p> <p><span style="font-weight: 400;">O dossiê teve como objetivo reunir estudos que discutam práticas e processos socioculturais no contexto da região amazônica e suas interações com contextos locais e globais, enfatizando a dimensão simbólica na constituição de práticas e sentidos vividos na região.</span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Esse dossiê chega em momento oportuno, em que as discussões sobre as práticas e os processos socioculturais da Amazônia receberam destaque durante a realização da trigésima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), realizada em novembro de 2025, em Belém. Nesse contexto, o dossiê traz textos que analisam saberes e práticas dos povos tradicionais da Amazônia. Entre os autores, há indígenas, ribeirinhos e quilombolas, o que demonstra o papel dos povos tradicionais da Amazônia no crescente protagonismo na produção de conhecimento científico.</span></p> <p><span style="font-weight: 400;">O conjunto de textos destaca-se por tematizar a constituição e as interfaces entre processos sociais ligados à produção, circulação e reconhecimento de sentidos, bem como de conhecimentos e saberes.</span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Os processos de constituição de sentidos na ação político-cultural de sujeitos, grupos e movimentos sociais.</span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Os modos de apropriação e produção simbólica e comunicacional em ações sociais, políticas, artísticas e literárias, considerando saberes tradicionais em suas distintas linguagens.</span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Os artigos reunidos tratam de maneira interdisciplinar dos temas de infância, gênero e interculturalidade; expressões culturais como o marabaixo e suas relações econômicas e políticas, práticas produtivas como pesca artesanal, cosmologia e saberes de povos indígenas; justiça climática, suas relações com território e linguagem e o estatuto cultural e epistemológico da Amazônia; políticas públicas, direito à cidade e ensino escolar.</span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Boa leitura!&nbsp;</span></p> Eduardo Margarit Alfena do Carmo, Fábio Wosniak, Silvia Carla Marques Costa, Ana Caroline Amorim Oliveira, David Junior de Souza Silva Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28305 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Descolonizando e pluralizando a linguagem e as palavras para o fortalecimento de políticas públicas plurais e inclusivas: As infâncias e o método histórico-dialético https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27388 <p>Propõe-se questionar, de forma provocativa, a compreensão superficial de que referir-se a “infâncias” no plural seria antagônico ou equivocado perante o método histórico-dialético — especialmente em áreas do conhecimento que pouco dialogam com os estudos da linguagem. Parto dos seguintes questionamentos: I) Quais os impactos de uma compreensão fixa, restrita e singular das palavras nas políticas públicas e na vida social? II) Quais as consequências de uma leitura limitada da infância, ancorada na ideia de sujeito universal, para a proteção de crianças e adolescentes com corpos e territórios subalternizados? Revisito teóricos da análise do discurso inspirados no pensamento marxiano e, na mesma direção, recorro a intelectuais marxistas da diáspora africana para pensar a linguagem como matéria política, ideológica e racializada. Nomear e dar visibilidade à pluralidade não é apenas reconhecer a diversidade — é insurgir contra as violências coloniais, afirmando existências que não cabem em palavras hegemônicas, universais e nem no singular.</p> <p><strong>&nbsp;</strong></p> Jacqueline Tatiane da Silva Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27388 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Reflexões sobre a atuação das mulheres no Marabaixo https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27513 <p>Este artigo apresenta uma reflexão acerca da atuação das mulheres no Marabaixo, manifestação cultural afro-amazônida do Estado do Amapá. A presente pesquisa trata-se de uma pesquisa qualitativa, a qual baseia-se em trabalho de campo com coleta de dados primários e revisão bibliográfica. A manifestação cultural afro-amapaense do Marabaixo representa tanto uma forma de expressão artística, cultural, econômica, política e religiosa, quanto um espaço de resistência, identidade e memória coletiva amazônida. O Ciclo do Marabaixo traz consigo um momento de reflexão, ancestralidade, comunicação, envolvimento e troca de saberes multiculturais no contexto socio-reflexivo da manifestação cultural, com os próprios protagonistas da ação de seus saberes tradicionais repassados de geração em geração, mantendo vivas suas memórias. Os resultados da pesquisa indicam que as mulheres ocupam papéis essenciais no Marabaixo, sendo responsáveis por grande parte da estrutura simbólica, religiosa e comunitária da manifestação. A atuação feminina revela- se não apenas como continuidade da tradição, mas também como força ativa de resistência cultural e política frente aos processos históricos de invisibilização e às transformações urbanas que impactam diretamente os territórios negros e periféricos.</p> Talita Stefene Alves Dantas, Carla Rejane Gomes Barreto, Dilnéia Rochana Tavares do Couto Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27513 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 A pesca artesanal na Amazônia – Saberes-fazeres ancestrais e políticas públicas https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27567 <p>Este artigo analisa a pesca artesanal amazônica a partir da narrativa de José, ribeirinho do Rio Beija-Flor, articulando sociologia, direito e artes visuais para compreender como memória, estética e política se imbricam na gestão do Seguro-Defeso. Combinando narrativa, leitura jurídico-institucional e experiência estética colaborativa, o estudo revela que os/as pescadores/as organizam o trabalho segundo um calendário ecológico guiado pelas cheias e vazantes, raramente contemplado pelas normas oficiais. O Seguro-Defeso, embora vital, apresenta um desalinhamento com a cosmopercepção, evidenciando o descompasso entre a lógica burocrática e as experiências locais. As limitações refletem o legado colonial: categorias jurídicas que tratam o peixe como mero recurso e a degradação ambiental causada por garimpo, monocultivos e hidrelétricas, que restringem o acesso a territórios de pesca e silenciam vozes comunitárias deslocadas. O artigo conclui que proteger o peixe é inseparável de proteger quem pesca, e que políticas responsivas dependem da incorporação efetiva dos saberes ribeirinhos na formulação e execução das ações públicas voltadas à justiça socioambiental.</p> José Costa Gemaque, Luiz Marcelo Magalhães Cruz, Fabio Wosniak Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27567 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Língua, território e resistência: Justiça climática e direitos culturais na Amazônia entre comunidades indígenas e urbanas https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27505 <p>Este artigo objetiva uma reflexão teórica sobre justiça climática, racismo ambiental e direitos linguísticos e culturais na Amazônia. O trabalho analisa a vulnerabilidade e a resiliência de comunidades indígenas no Oiapoque e populações urbanas periféricas em Macapá, destacando como as desigualdades socioambientais e culturais impactam ambos os grupos. A pesquisa expõe que a preservação da língua, o cuidado com o território e o direito à consulta são pilares da justiça cultural e ambiental, e que as comunidades desenvolvem estratégias de resistência baseadas em sua cultura e conhecimentos ancestrais frente à exploração e a omissão do Estado.</p> Lenise Felicio Batista, Sávio Wendell Barbosa de Almeida, David Junior de Souza Silva Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27505 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Diálogos interculturais entre o axé afro-amazônico e saberes do povo Wajãpi do Amapá https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27498 <p>O artigo reflete os diálogos interculturais entre as religiões de matriz africana e os saberes tradicionais do povo Wajãpi, no Amapá, situado entre os municípios de Pedra Branca do Amapari e Laranjal do Jari. Embora os autores tenham perspectivas, histórias de vida e vivências distintas, identificam semelhanças em aspectos culturais, especialmente no campo da religiosidade e resistência simbólica. A pesquisa adota a abordagem qualitativa, apresentando relatos dos pesquisadores, observações de campo em territórios indígenas e terreiros, além de revisão bibliográfica. A análise evidencia práticas culturais de diferentes cosmologias, mas compartilham experiências de enfrentamento ao racismo religioso. Ao explorar essas conexões, o artigo contribui para a valorização da diversidade na Amazônia e propõe, ainda que de forma inicial, reflexões para o fortalecimento do pertencimento identitário amapaense.</p> Aline Paiva dos Santos, Makaratu Wajãpi, Eduardo Margarit Alfena do Carmo Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27498 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Alô, alô, Amazônia: Vínculos e memórias que se constroem através do rádio https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27501 <p>A escrita deste artigo buscou propor uma reflexão sobre a importância do programa Alô, Alô Amazônia, programa de Rádio com uma história de mais de 50 anos de existência, durante muito tempo foi o meio de comunicação mais procurado pelos moradores de inúmeras comunidades ribeirinhas do Amapá e norte do Pará. Durante esse tempo, muitos vínculos e memórias surgiram, tanto por parte de quem fez e faz o programa, quanto para quem escuta. Dessa forma, a partir de uma entrevista com a apresentadora Janete Carvalho, que contribuiu profundamente para a construção da história e do sucesso do programa, buscamos entender a importância dele para a construção dos vínculos e da memória da apresentadora. Neste tipo de programação, a oralidade como prática ancestral é compreendida não apenas como forma de transmissão de conhecimento, mas como instrumento de resistência e valorização cultural frente à desvalorização dessa identidade, que com a chegada do rádio, muda a perspectiva comunicativa e de troca de informações nas comunidades ribeirinhas. Numa intenção interdisciplinar, este projeto buscou a escuta ativa na construção do relato, compreendendo os laços e vínculos que se fortaleceram através do programa de rádio, assegurando a construção e continuidade de memórias tanto individuais da apresentadora, quanto coletivas, de pessoas que se afetam com a voz da mesma e construíram laços fortes de amizades, reconhecimento e identidade cultural.</p> Adalton Guedes Baia, Laudiclea Pires da Silva Carvalho, Eduardo Margarit Alfena do Carmo Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27501 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 A Amazônia como espelho do desconhecimento e da invisibilidade https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27534 <p>O artigo reflete sobre a Amazônia como um espaço simbólico e político em disputa. O objetivo é evidenciar como práticas artísticas, especialmente a arte indígena contemporânea, funcionam como resistência à invisibilidade histórica e à violência estrutural impostas por visões coloniais e capitalistas. A metodologia adotada envolveu revisão bibliográfica e análise qualitativa baseada em relatos de experiência de duas pesquisadoras amazônidas: uma com vivência urbana e outra indígena. A Amazônia é apresentada como periferia do sistema capitalista mundial, frequentemente reduzida a “vazio demográfico” ou “reserva de recursos” por visões externas que reproduzem a colonialidade do poder. Essa lógica gera violências epistemológicas e físicas, desumanizando povos tradicionais e invisibilizando, inclusive, a Amazônia urbana. Diante dessa opressão, a arte surge como instrumento potente de contestação e produção de saberes contra-hegemônicos, afirmando identidades e desafiando estruturas de poder. A arte indígena contemporânea, em especial, constitui um campo de visibilidade, tecendo o ancestral e o atual para denunciar as ameaças ao território e ao futuro. Assim, a arte é compreendida como ato político de afirmação e libertação do “espelho eurocêntrico”.</p> Ingra Vale Queiroz Tadaiesky, Keila Felício Iaparrá, Eduardo Margarit Alfena do Carmo Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27534 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Saberes tradicionais e manejo sustentável: Estudo comparativo entre o quilombo Igarapé do Lago e a comunidade extrativista Água Branca do Cajari, no Amapá https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27516 <p class="western"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">Este artigo se propõe a fazer um estudo comparativo entre as Comunidades Tradicionais do Igarapé do Lago e Água Branca do Cajari, destacando as práticas sustentáveis utilizadas por essas populações estabelecidas na Amazônia, revelando suas lutas e desafios para manterem seu modo tradicional de vida frente ao avanço dos </span><span style="color: #231f20;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">projetos geopolíticos</span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> capitalistas sobre a região. O objetivo desse estudo foi investigar e comparar as práticas sustentáveis utilizadas pelas duas comunidades na perspectiva da sobrevivência e preservação ambiental. Utilizou-se como metodologia a </span></span><span style="color: #050505;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">pesquisa qualitativa e descritiva com levantamentos dos dados obtidos através do método bibliográfico. A pesquisa revelou a existência de semelhança entre o modo de vida e produção das duas Comunidades, no que concerne </span></span><span style="color: #050505;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">a aplicação de saberes tradicionais e o uso de práticas sustentáveis de baixo impacto ambiental, no que pese os desafios enfrentados. Logo, urge a adoção de soluções que combinem a exploração sustentável da biodiversidade amazônica com a preservação ambiental e o modo de vida desses povos tradicionais.</span></span></p> Ana Tereza Sousa Sussuarana, José Maria Pereira Dias, David Júnior de Souza Silva Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27516 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Reflexões sobre o ensino de história regional: As vivências no estágio de uma escola do campo de Caroebe/RR https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27562 <p>Este trabalho apresenta as contribuições e a importância em trabalhar com a temática da História Regional em sala de aula, com os alunos do Ensino Fundamental anos finais, em uma escola do campo no município de Caroebe, Estado de Roraima. Para melhor compreensão sobre a temática em questão, foi realizado um estudo bibliográfico para apresentar como o ensino de História Regional foi se desenvolvendo e também foi feita uma análise da proposta pedagógica de uma docente de História em uma escola do campo. Apesar dos resultados positivos e conquistas em relação ao ensino da História Regional, o estudo chegou à conclusão de que ainda precisa de mais atenção e materiais voltados para o ensino da diversidade de cada região, que possibilitem aos jovens reconhecerem suas culturas e as características locais. Logo, o trabalho aponta como resultados a necessidade destinada ao professor de repassar aos estudantes um pouco da sua realidade para que tenham conhecimento sobre o seu Estado e uma identificação maior com a disciplina de História.</p> Cristiane Bastos da Silva, Alessandra Rufino Santos Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27562 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Um recorte social e urbano de Macapá (1878-1925): Estudo de caso sobre o imóvel da escravizada Lucinda e do pedreiro Jerônimo https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27538 <p>Os documentos históricos nos mostram que o processo de ocupação do solo urbano das cidades brasileiras nem sempre se deu de maneira pacífica. No caso da Macapá do final do século XIX e início do XX, não é diferente. Assim, trazendo a análise da questão para o contexto local, o presente artigo propõe um estudo de caso acerca de um terreno, situado na área central da cidade, citado em três documentos do acervo arquivístico do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP). O imóvel foi deixado em testamento (1878) por Phelippe Pedro de Ary a escravizada de nome Lucinda. Pouco tempo após receber seu legado, Lucinda vende o terreno (1881) ao oficial de pedreiro Jerônimo Bernardo da Rosa. Após ocupar a terra de forma mansa, pacífica, por mais de quatro décadas, Jerônimo da Rosa ingressa com uma ação de reconhecimento de propriedade (1925) e vê-se ameaçado pelo próprio estado, que até então não tinha demonstrado interesse algum sobre a área. Neste estudo de caso, partimos da hipótese de que as condições sociais das partes, vendedora (escravizada) e comprador (pedreiro) teriam impactado na decisão judicial da causa: abandonada e sem julgamento do mérito. Mesmo não sendo conclusivo, o artigo contribui para a construção de conhecimento local ao mostrar detalhes das dinâmicas socioespaciais e disputas de poder que desaguavam no Judiciário.</p> Michel Duarte Ferraz, Maria Cristina do Rosário Almeida Mendes, Carina Santos de Almeida Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27538 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 O campo de pesquisa sobre religiões afro-brasileiras: Limites e possibilidades na Amazônia https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27507 <p><strong>O presente artigo é parte do relatório final de uma pesquisa realizada em 2024 para obtenção do título de Mestre, apresentada ao Programa de Pós-graduação Mestrado Profissional em Ensino de História e propõe uma discussão sobre o desenvolvimento do campo de pesquisa das religiões de matriz africana numa perspectiva nacional, regional e local. Como metodologia utilizamos a revisão bibliográfica, onde analisamos as obras de africanistas proeminentes e pesquisadores locais e concluímos que o interesse pela pesquisa no campo das religiões de matriz africana na Amazônia, em especial o Candomblé despertou o interesse dos pesquisadores da região apenas nos primeiros anos do século XXI e que ainda há muitos aspectos relacionados a formação do campo de pesquisa afro-religioso na Amazônia carentes de serem pesquisados.</strong></p> Alan Farias Sales, Raimundo Erundino dos Santos Diniz Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27507 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Expediente https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28224 Ana Caroline Amorim Oliveira Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28224 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Editorial – Dossiê Rousseau, Kant e Diálogos (RICS – v. 11, n. 2, 2025) https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28225 <p>Editorial DOSSIÊ ROUSSEAU, KANT E DIÁLOGOS RICS-V11-N2-2025</p> Luciano da Silva Façanha, Barbara Rodrigues Barbosa , Maria Constança Peres Pissarra , Jacira de Freitas, Zilmara de Jesus Viana de Carvalho, Maria do Socorro Gonçalves da Costa Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28225 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Editorial Área Livre RICS-V11-N2-2025 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28229 <p><strong>EDITORIAL </strong></p> <p> </p> <p><span style="font-weight: 400;">A presente edição da Revista Interdisciplinar em Cultura e Sociedade-RICS apresenta em sua Área Livre os oito artigos que trazem pesquisas e estudos articulando literatura, audiovisual, filosofia, musealização, análise de discursos dentre outros temas: </span></p> <p> </p> <p><span style="font-weight: 400;">O primeiro artigo intitulado “Ser Autónomo depois do acolhimento - “E Agora?”</span><strong>- </strong><span style="font-weight: 400;">Uma experiência de intervenção comunitária” das autoras Cristiana Montes e Custódia Martins apresenta um estudo de caso sobre uma prática de intervenção comunitária contextualizada no âmbito da educação não-formal em Portugal. O estudo descreve como a prática de uma educação não-formal possibilita e promove uma formação holística dos sujeitos sociais. Como conclusão, a intervenção identificou a necessidade de escuta atenta e qualificada dos jovens e crianças. </span></p> <p><span style="font-weight: 400;">O segundo texto de autoria da Maisa Ramos tem como título “La Langue Et L’histoire Dans Le Discours Politique</span> <span style="font-weight: 400;">Des Présidents Lula Da Silva Et Evo Morales: Une Analyse Comparative” visa compreender as transformações da representação do campo político discursivo na América Latina. A autora se debruça sobre as diversas modalidades de liderança, autoridade, legitimidade e credibilidade políticas, examinando a emergência e o sucesso dos sujeitos políticos como Luís Inácio Lula da Silva e Evo Morales Ayma na condição de dirigentes políticos que refletem grupos minoritários em seus respectivos países. </span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Em seguida, o artigo do autor Alexander Ortega-Marin denominado “Castas, Clanes Y Mestizajes: imaginarios raciales en la narrativa de Marvel Moreno” estuda tanto as noções de raça, estereótipo e preconceito quanto as de casta e clã empregadas por Marvel Moreno para expressar os códigos da elite de sua Barranquilla ficcional. Essas noções são analisadas em relação ao significado atribuído pelo historiador Jaramillo Uribe. Examinam-se, assim, os preconceitos ligados à cor da pele, à ascendência, à mestiçagem, à mulher e aos casamentos mistos. </span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Já em “O Paradoxo da Democracia: Da igualdade à desigualdade” os autores Luis Felipe Garcia Lucas e Marcos Alexandre Gomes Nalli dedicam-se a compreender o sentido dos conceitos de igualdade e desigualdade obra de Rancièr identificando a relação que há entre a arte, a educação e a ação política. Dessa forma, na filosofia de Rancière encontra-se uma linha que transpassa por todas essas áreas: a ideia de igualdade entre os atores sociais. </span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Logo em seguida, o textos de Rodrigo Lima Maciel nomeado de “O Conde De Monte Cristo, De Alexandre Dumas: Uma Denúncia À Hipocrisia E Às Imoralidades Da Burguesia Francesa No Século XIX” busca construir uma análise sobre a obra </span><em><span style="font-weight: 400;">O conde de Monte Cristo </span></em><span style="font-weight: 400;">(1846), de Alexandre Dumas, com vistas a flagrar uma crítica à sociedade burguesa de seu tempo, no que se refere às condutas imorais para a ascensão social e política na França, no século XIX. Nesse contexto interpretativo, o método crítico e sociológico de Antônio Cândido, que pensa o mundo externo como elemento interno da obra, serve-nos como orientação teórica e metodológica. Essa análise, portanto, possibilitará outras chaves interpretativas para essa obra clássica da literatura ocidental, no campo do atravessamento “literatura” e “sociedade”. </span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Em “Os Ruídos do Medo: Pedagogias Culturais do Filme </span><em><span style="font-weight: 400;">Som Da Liberdade” Os Autores </span></em><span style="font-weight: 400;">Aurivar Fernandes Filho e Leandro Castro Oltramari analisam como o filme </span><em><span style="font-weight: 400;">Som da Liberdade</span></em><span style="font-weight: 400;">, lançado em 2023 no Brasil, se constitui como uma pedagogia cultural que fomenta o pensamento de extrema direita, através de estratégias como o pânico moral e o </span><em><span style="font-weight: 400;">dog whistle</span></em><span style="font-weight: 400;"> (apito de cachorro). Para isso foram analisadas a obra e as suas repercussões em comunidades que a compartilhavam e comentavam, especificamente no </span><em><span style="font-weight: 400;">Instagram</span></em><span style="font-weight: 400;"> e no </span><em><span style="font-weight: 400;">Facebook</span></em><span style="font-weight: 400;">. Os resultados identificaram forte moralismo cristão atrelado à obra, assim como pânico moral nas comunidades do filme. </span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Na texto que trata sobre musealização denominado de “Uma tentativa de musealização do conhecimento: a contribuição do Museu de Mineralogia e Geologia da Escola de Minas de Ouro Preto na formação de engenheiros” de Carlos Augusto Ribeiro Jotta analisa a formação da coleção de mineralogia da antiga Escola de Minas de Ouro Preto atual Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto. Tal análise tem como objetivo mapear a trajetória da coleção desde a sua entrada até à musealização das amostras. Este estudo buscou responder como o conjunto de minerais presente no Gabinete de Mineralogia contribuiu para a formação de engenheiros de minas no século XIX e início do século XX. Os resultados mostram um trânsito de coleções oriundas de outras instituições nacionais e estrangeiras e seu uso didático mesmo após a sua musealização em 1930. </span></p> <p><span style="font-weight: 400;">No penúltimo texto da área livre intitulado “Gamificação o Processo de Aprendizagem de Algoritmos no Curso Técnico em Redes de Computadores no Centro de Excelência em Ensino Profissionalizante José Figueiredo Barreto em Sergipe” dos pesquisadores Elinario Santos Costa e Alana Danielly Vasconcelos estuda sobre a integração da gamificação com a educação profissionalizante que emerge como uma estratégia inovadora e promissora na tentativa de engajar os estudantes no aprendizado da disciplina de algoritmo. Assim, a proposta dessa pesquisa é compreender como a gamificação pode auxiliar no processo de aprendizagem dos discentes da disciplina de algoritmo do Centro de Excelência em Ensino Profissional José Figueiredo Barreto.Os resultados apresentados geram resultados valiosos para pesquisas futuras, bem como a sugestão de revisão em pontos da gamificação. </span></p> <p><span style="font-weight: 400;">E, por fim, o último artigo trata sobre a percepção dos médicos-veterinários das diferentes regionais brasileiras sobre a adoção da ética profissional, com ênfase na realidade prática entre 2012 e 2017, à luz do Código de Ética estabelecido pela Resolução CFMV nº 722/2002 As infrações se concentraram nos capítulos referentes às responsabilidades e ao comportamento profissional, demonstrando que a maioria das punições decorreu de falhas de conduta ética individual. Assim, reforça-se a importância do cumprimento rigoroso do Código de Ética, que estabelece o propósito da profissão em servir à sociedade com lealdade, diligência e respeito. </span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Boa leitura! </span></p> <p><span style="font-weight: 400;"> </span></p> <p> </p> <p><span style="font-weight: 400;"> </span></p> Ana Caroline Amorim Oliveira Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28229 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Ser autónomo depois do acolhimento – E agora? Uma experiência de intervenção comunitária https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28226 <p><span style="font-weight: 400;">O presente artigo visa apresentar uma prática de intervenção comunitária contextualizada no âmbito da educação não-formal. Assim, pretende-se descrever como a prática de uma educação não-formal possibilita e promove uma formação holística dos sujeitos. A educação não-formal carateriza-se por ser intencional na medida em que se preocupa com o desenvolvimento pessoal, social e profissional dos sujeitos. Dentro deste contexto, ser-nos-á mais fácil entender por que razão a Animação SocioCultural (ASC) se situa no âmbito da educação não-formal. O diagnóstico de necessidades e interesses foi realizado com base em metodologias qualitativas de investigação, nomeadamente conversas informais com a equipa técnica da casa de acolhimento, observação, através do contacto direto com alguns dos jovens em processo de autonomização e análise documental e através da consulta do Relatório Casa 2020. Em todas as fases desta intervenção foi considerado por nós imperativo ouvir todos os implicados neste processo, mas principalmente as crianças e jovens. Isso implicou inúmeras reformulações do processo. Podemos dizer que a promoção da autonomia em jovens em acolhimento é um tema pouco trabalhado e ainda com pouca investigação desenvolvida no nosso país.</span></p> Cristiana Montes, Custódia Alexandra Almeida Martins Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28226 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Linguagem e história no discurso político dos presidentes Lula da Silva e Evo Morales: Uma análise comparativa https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28227 <p><span style="font-weight: 400;">Este artigo é parte do percurso de pesquisa de nossa tese de doutorado, intitulada «&nbsp;Língua, Corpo e Voz no discurso político latinoamericano&nbsp;: propriedades e transformações da liderança e da representação política&nbsp;».&nbsp; Esta pesquisa, fundamentada nas formulações teóricas da Análise de Discurso derivada dos trabalhos de Michel Pêcheux, bem como nas contribuições da Antropologia Cultural e das Ciências Políticas, visa a compreender as transformações da representação do campo político discursivo na América latina. Nos interessamos igualmente pelas diversas modalidades de liderança, autoridade, legitimidade e credibilidade políticas, examinando a emergência e o sucesso dos sujeitos políticos Luís Inácio Lula da Silva e Evo Morales Ayma na condição de dirigentes políticos.</span></p> Maísa Ramos Pereira Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28227 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Castas, clãs e miscigenação: Imaginários raciais na narrativa de Marvel Moreno https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28228 <p><span style="font-weight: 400;">Este artigo estuda tanto as noções de raça, estereótipo e preconceito quanto as de casta e clã empregadas por Marvel Moreno para expressar os códigos da elite de sua Barranquilla ficcional. Essas noções são analisadas em relação ao significado atribuído pelo historiador Jaramillo Uribe. Examinam-se, assim, os preconceitos ligados à cor da pele, à ascendência, à mestiçagem, à mulher e aos casamentos mistos.</span></p> Alexander Ortega-Marin Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28228 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 O paradoxo da democracia: Da igualdade à desigualdade https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/26233 <p>A obra de Rancière questiona o sentido dos conceitos de igualdade e desigualdade no âmbito da política ou, mais especificadamente, no ato político. Contudo, sua obra mostra-se mais abrangente sobre essa questão, caminhando sobre a relação que há entre a arte, a educação e a ação política. Dessa forma, na filosofia de Rancière encontra-se uma linha que transpassa por todas essas áreas: a ideia de igualdade entre os atores sociais. A igualdade é reconhecida e atribuída como o alicerce da democracia, da arte e da educação. Desta colocação, analisaremos nas obras e no pensamento de Rancière uma forma que possamos desenvolver uma discussão referente ao desenvolvimento da ideia de igualdade e desigualdade no âmbito político iniciando a nossa discussão sobre a questão da educação e concluindo como esta dualidade gera a descontextualização do conceito de democracia.</p> Luis Felipe Garcia Lucas, Marcos Alexandre Gomes Nalli Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/26233 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 The Count of Monte Cristo, by Alexandre Dumas: An indictment of the hypocrisy and immorality of the French bourgeoisie in the 19th century https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27941 <p>O presente artigo busca construir uma análise sobre a obra <em>O conde de Monte Cristo </em>(1846), de Alexandre Dumas, com vistas a flagrar uma crítica à sociedade burguesa de seu tempo, no que se refere às condutas imorais para a ascensão social e política na França, no século XIX. No contexto do romance, a traição sofrida pelo protagonista Edmond Dantès resultou em sua prisão e seu sofrimento. Esse golpe foi fruto do trabalho de três antagonistas (Danglars, Fernand e Villefort), representantes dessa burguesia parisiense, todos estão envolvidos em uma série de atos corruptos em benefício próprio. Logo, é possível compreender o romance de Alexandre Dumas como um espaço de contraponto discursivo e crítico – no jogo da representação literária – a essa nova classe dominante. Nesse contexto interpretativo, o método crítico e sociológico de Antônio Cândido, que pensa o mundo externo como elemento interno da obra, serve-nos como orientação teórica e metodológica. Essa análise, portanto, possibilitará outras chaves interpretativas para essa obra clássica da literatura ocidental, no campo do atravessamento “literatura” e “sociedade”.</p> Rodrigo Lima Maciel Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/27941 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Os ruídos do medo: Pedagogias culturais do filme Som da Liberdade https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/24794 <p>Perspectivas totalitárias e politicamente conservadoras têm ganhado destaque pelo mundo, mesmo em países que são historicamente percebidos como símbolos da democracia. No Brasil o mesmo tem ocorrido. As redes sociais e outros artefatos culturais têm sido instrumentalizados para esse fim. Este ensaio pretende analisar como o filme <em>Som da Liberdade</em>, lançado em 2023 no Brasil, se constitui como uma pedagogia cultural que fomenta o pensamento de extrema direita, através de estratégias como o pânico moral e o <em>dog whistle</em> (apito de cachorro). Para isso foram analisadas a obra e as suas repercussões em comunidades que a compartilhavam e comentavam, especificamente no Instagram e no Facebook. Os resultados identificaram forte moralismo cristão atrelado à obra, assim como pânico moral nas comunidades do filme. Além disso, foram disseminados nessas comunidades muitos discursos conspiratórios, contra a ciência, o Estado e o pensamento progressista laico.</p> Leandro Castro Oltramari, Aurivar Fernandes Filho Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/24794 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Uma tentativa de musealização do conhecimento: A contribuição do Museu de Mineralogia e Geologia da Escola de Minas de Ouro Preto na formação de engenheiros https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/20967 <p>A presente pesquisa analisa a formação da coleção de mineralogia da antiga Escola de Minas de Ouro Preto atual Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto. Tal análise tem como objetivo de mapear a trajetória da coleção desde a sua entrada até à musealização das amostras. Como percurso metodológico, a pesquisa exploratória levantou informações em repositórios online e nos arquivos da Escola de Minas da UFOP e do Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da UFOP. Este estudo buscou responder como o conjunto de minerais presente no Gabinete de Mineralogia contribuiu para a formação de engenheiros de minas no século XIX e início do século XX. Os resultados mostram um trânsito de coleções oriundas de outras instituições nacionais e estrangeiras e seu uso didático mesmo após a sua musealização em 1930.</p> Carlos Augusto Ribeiro Jotta Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/20967 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Gamificação no processo de aprendizagem de algoritmos no curso técnico em Redes de Computadores no Centro de Excelência em Ensino Profissionalizante José Figueiredo Barreto, em Sergipe https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/25235 <p>A abordagem do ensino profissionalizante no Brasil tem sido confrontada com desafios significativos, especialmente no que diz respeito à eficácia do aprendizado, à motivação e à questão da evasão escolar dos estudantes. Nesse contexto, a integração da gamificação com a educação profissionalizante emerge como uma estratégia inovadora e promissora na tentativa de engajar os estudantes no aprendizado da disciplina de algoritmo. Assim, a proposta dessa pesquisa é compreender como a gamificação pode auxiliar no processo de aprendizagem dos discentes da disciplina de Algoritmo do Centro de Excelência em Ensino Profissional José Figueiredo Barreto. Quanto à metodologia adotada, pautou-se na abordagem qualitativa, de natureza exploratória, no que tange aos procedimentos de pesquisa-formação. Os resultados apresentados geram resultados valiosos para pesquisas futuras, bem como a sugestão de revisão em pontos da gamificação.</p> Elinario Santos Costa, Alana Danielly Vasconcelos Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/25235 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Estudo retrospectivo das punições aplicadas a médicos-veterinários pelo sistema CFMV/CRMVs no período de 2012 a 2017 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28288 <p>O médico-veterinário exerce um papel fundamental na sociedade, pois, além de atuar diretamente na saúde dos animais, contribui para a saúde pública e para a segurança alimentar da população. Contudo, observa-se nos últimos anos um aumento de escândalos e infrações éticas envolvendo profissionais da área, amplamente divulgados pela mídia. O objetivo geral desta pesquisa é analisar a percepção dos médicos-veterinários das diferentes regionais brasileiras sobre a adoção da ética profissional, com ênfase na realidade prática entre 2012 e 2017, à luz do Código de Ética estabelecido pela Resolução CFMV nº 722/2002. Foram consultadas publicações do Diário Oficial da União, disponíveis no site da Imprensa Nacional, referentes a profissionais punidos no período. Identificaram-se 50 médicos-veterinários sancionados. A Censura Pública foi a penalidade mais frequente, aplicada a 40 profissionais (80%). A Suspensão representou a segunda punição mais recorrente, com quatro suspensões de 90 dias, uma de 60 dias, duas de 30 dias e uma de 15 dias. Também ocorreram duas cassações do exercício profissional, as únicas desde a regulamentação da profissão. As infrações se concentraram nos capítulos referentes às responsabilidades e ao comportamento profissional, demonstrando que a maioria das punições decorreu de falhas de conduta ética individual. Assim, reforça-se a importância do cumprimento rigoroso do Código de Ética, que estabelece o propósito da profissão em servir à sociedade com lealdade, diligência e respeito.</p> Nordman Wall Barbosa de Carvalho Filho, Milena da Silva Lemos, Luciano da Silva Façanha Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28288 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Olympe de Gouges, Rousseau, as mulheres e o teatro ou como o humanismo passa pelo feminismo https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28283 <p><span style="font-weight: 400;">Admiradora da obra de Jean-Jacques Rousseau, Olympe de Gouges, em seu texto </span><em><span style="font-weight: 400;">Le bonheur primitif, </span></em><span style="font-weight: 400;">retoma alguns dos conceitos fundamentais do pensador genebrino – estado de natureza, progresso, liberdade, desigualdade, teatro, mulheres. O objetivo deste artigo é analisar como essa influência foi fundamental para a concepção da autora sobre a possibilidade do progresso humano e sua relação com a igualdade de gênero, mediada pela educação como emulação e expressa pelo teatro.</span></p> Maria Constança Peres Pissarra Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28283 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Uma protagonista nas sombras do pensamento de Rousseau https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28284 <p><span style="font-weight: 400;">O presente artigo discute o possível impacto do protagonismo </span><em><span style="font-weight: 400;">disfarçado</span></em><span style="font-weight: 400;"> de algumas figuras femininas próprias ao pensamento de Rousseau. Tomando como ponto de partida a relação entre a igualdade natural e a desigualdade social, se quer problematizar a transformação da mulher capaz enfrentar as circunstâncias adversas do estado de natureza protegendo a si e a sua prole, portanto uma pessoa forte, inteligente e perspicaz em uma pessoa sem iniciativa nem força, subordinada a uma sociedade patriarcal. A partir deste cenário se quer investigar, nos textos de Rousseau, a ação de mulheres que, sem afrontar os costumes sociais, tornam-se protagonistas para suas comunidades. Essas mulheres alcançaram um largo público e emocionaram suas leitoras e leitores. Tal situação nos leva a perguntar, finalmente, sobre a relação entre essa profunda emoção que despertaram e as ideias que contribuíram para as transformações sociais que levaram à revolução.</span></p> Helena Esser dos Reis Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28284 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 À sombra da letra: madame Dupin, Rousseau e a invisibilidade das vozes femininas no século XVIII https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28285 <p><span style="font-weight: 400;">Este artigo examina a obra inacabada de Louise-Marie-Madeleine Dupin (1706-1799), conhecida como </span><em><span style="font-weight: 400;">Ouvrage sur les femmes</span></em><span style="font-weight: 400;">, e as condições de sua invisibilidade na história da filosofia. Por meio da análise do inventário elaborado por Anicet Sénéchal (1963), da atuação de Jean-Jacques Rousseau como seu secretário, e da fortuna crítica contemporânea (Marty, 2021; Hunter, 2009; Lastičová, 2023), argumenta-se que a recepção dos manuscritos foi marcada por um viés de gênero que privilegiou a letra masculina como critério de autoridade. A metáfora da construção da desigualdade, presente nos escritos de Dupin, e sua crítica a Montesquieu, revelam uma filosofia que antecipa debates centrais da modernidade política, ao mesmo tempo em que foi silenciada pelo cânone. Conclui-se que reencontrar Dupin é interrogar não apenas sua filosofia, mas os próprios mecanismos históricos de exclusão na constituição da filosofia moderna.</span></p> Barbara Rodrigues Barbosa Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28285 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Rousseau e a épica das confissões, de Susanne Bernard à Penélope: mito heroico da herança de um coração sensível https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28286 <p><span style="font-weight: 400;">Há nas </span><em><span style="font-weight: 400;">Confissões</span></em><span style="font-weight: 400;">, muitos elementos que corroboram com traços da epopeia, inclusive a marcante presença da figura feminina da virtuosa Penélope em sua autobiografia e em seu romance. Claro, com outros elementos, apresentando o modelo de contar sobre si mesmo. Colocando alguns conflitos do mundo homérico com seu próprio estilo de vida, sendo evidenciado nos traços semelhantes que Rousseau traz para suas memórias. Mesmo não utilizando de argumentos, mas percebemos uma narrativa com enredo, ação, personagens e sentimentos, pois há uma tentativa de alinhar seu romance pessoal com a doutrina clássica, mas sem apoio de um paralelo literário existente, portanto, uma tentativa moderna e original de apresentar um novo estilo. Dessa forma, pretende-se apresentar alguns momentos importantes das </span><em><span style="font-weight: 400;">Confissões</span></em><span style="font-weight: 400;"> em que o autor remete à epopeia de Homero, por meio de Penélope, principalmente, ao remontar a gênese e a estrutura de seu romance filosófico, </span><em><span style="font-weight: 400;">Júlia ou A Nova Heloísa</span></em><span style="font-weight: 400;">, mas também, alguns momentos em que o autor se reporta a </span><em><span style="font-weight: 400;">Odisseia</span></em><span style="font-weight: 400;"> na própria </span><em><span style="font-weight: 400;">Nova Heloísa</span></em><span style="font-weight: 400;">, ao contar sobre a virtuosidade de Júlia em comparação a ilustres personagens femininas da tradição ocidental, como Penélope, e no </span><em><span style="font-weight: 400;">Emílio</span></em><span style="font-weight: 400;">, ao se reportar ao canto das Sereias. Embora sejam somente sugestões, pois em nenhum momento Jean-Jacques informa essa intenção e nem esboça uma teoria sobre isso, nem aplica diretamente a fórmula da epopeia. É bem verdade que as diferenças aparecem mais do que as semelhanças, no entanto, o autor se utiliza de momentos clássicos dos acontecimentos da </span><em><span style="font-weight: 400;">Odisseia</span></em><span style="font-weight: 400;">, adaptando e rememorando esses acontecimentos a seu propósito a partir de alguns aspectos de sua “trama épica”, utilizando o estilo e cenas da epopeia numa fórmula moderna como a de uma autobiografia, em que percebe como um grande filão da modernidade. Talvez, apenas um escritor que pretendia utilizar algumas características épicas como uma base real para um novo gênero que estava sendo criado, revelando o quão longe estava do mundo épico que tanto admirava. E, como no século XVIII o romance era um gênero malvisto, provavelmente Rousseau observou na autobiografia uma possibilidade e resolveu evocar, em alguns momentos o prestígio da epopeia, pois isso ajudaria a conquistar leitores para sua primeira tentativa confessional desse gênero, um interesse menos preconceituoso por parte dos homens de letras. Uma tentativa de colocar esse tipo de obra sob o disfarce de um membro antigo e venerado, como a epopeia.</span></p> Luciano da Silva Façanha Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28286 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Rousseau & Rousseau na educação: do Emílio à obra a aia vigilante, de Joanna Rousseau de Villeneuve https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28287 <p><span style="font-weight: 400;">O sobrenome </span><em><span style="font-weight: 400;">Rousseau</span></em><span style="font-weight: 400;"> não era tão incomum no século XVIII, mas é invariavelmente ligado ao filósofo genebrino Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), cuja produção em vários campos, como na música, na política, na literatura e na educação, suscitou polêmicas por seu posicionamento inovador e, em muitos aspectos, distinto de seus colegas iluministas e demais intelectuais de seu tempo. Seu tratado educacional </span><em><span style="font-weight: 400;">Emílio ou da Educação</span></em><span style="font-weight: 400;">, publicado pela primeira vez em 1762, fez sucesso, mas foi condenado pelas autoridades por apresentar uma nova perspectiva para a formação humana. Inegavelmente, seu romance pedagógico fez história e influenciou uma corrente de pedagogos que desenvolveram o que foi chamado de Escola Ativa ou Escola Nova.&nbsp; Entretanto, a assinatura Rousseau também pertenceu a outra importante figura do século XVIII que, igualmente, provocou polêmica ao apresentar um tratado de educação com o título: </span><em><span style="font-weight: 400;">A Aia Vigilante</span></em><span style="font-weight: 400;">, publicado em 1767. Trata-se da francesa Joanna Rousseau de Villeneuve, da qual não se tem muitas informações, mas que residiu em Portugal e atuou como aia dos filhos do Conde de Oeiras, o qual se tornou depois o Marquês de Pombal. Nesse aspecto, algumas questões foram levantadas: qual a relação entre os dois autores? Qual a influência que teve Jean-Jacques Rousseau sobre o pensamento e a obra de Joana Rousseau de Villeneuve? Quais as proximidades e diferenças entre os dois tratados? E qual a importância de </span><em><span style="font-weight: 400;">A Aia Vigilante</span></em><span style="font-weight: 400;"> para a educação moderna? Para tentar responder a essas questões, a presente apresentação oral resume o processo de investigação, vinculado ao projeto de pesquisa “Os filhos de Rousseau (os não abandonados): A influência de Jean-Jacques Rousseau na Educação Nova”, do PPGE/FE/UFG. A pesquisa se desenvolve de modo comparativo entre as duas obras, utilizando-se do método hermenêutico, reforçado pela pesquisa bibliográfica de textos dos comentadores e intérpretes de ambos. Sinalizam-se algumas conclusões, como a de que, mesmo influenciada pelo genebrino, a educadora francesa não inovou tanto, embora tenha causado polêmica em seu tempo, mas mais por sua condição de mulher que por suas afirmações.</span></p> Wilson Alves de Paiva Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28287 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Rousseau e a “revolução copernicana” da educação: O caso da educação negativa https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28289 <p><span style="font-weight: 400;">É praxe a revolução operacionalizada por Rousseau na educação moderna, mais especificamente na educação da criança.&nbsp; Tal revolução ficou conhecida como "revolução copernicana", por referência a Nicolau Copérnico (1473-1543), que, no século XVI mudou a teoria geocêntrica para teoria do heliocentrismo, com o sol figurando como o centro do universo e os planetas girando ao seu redor. Análogo a isso, Rousseau, faz algo parecido na educação, pois, ao invés do conteúdo ou do mestre, o mais importante na educação passa a ser a criança. Com isso, o filósofo de Genebra radicalizou a maneira de se pensar a criança e sua educação; como deveria aprender. Assim, o presente trabalho objetiva explorar a educação negativa como sendo um dos aspectos da "revolução copernicana" no pensamento de genebrino. O projeto educativo de Rousseau, calcado na educação negativa como sendo o pilar do livro </span><em><span style="font-weight: 400;">Emílio ou Da Educação</span></em><span style="font-weight: 400;">, descreve que a educação adota princípios e tende à finalidade de formar um ser humano humanizado pela educação da natureza, também caracterizada por educação negativa, forjada principalmente entre os dois e doze anos de idade.&nbsp; A metodologia adotada na elaboração dessa pesquisa é bibliográfica com ênfase na análise e interpretação das ideias educativas, em que serão consultadas a obra supracitada e outros autores que tratem da educação e da educação negativa em Rousseau. Concluindo-se que a educação negativa como um preceito da educação para a criança empreendida desde o nascimento do </span><em><span style="font-weight: 400;">Emílio</span></em><span style="font-weight: 400;"> pretende-se a um grau mais elevado que é favorecer o florescimento da criança ao invés de se exigir que ela responda por questões morais, sociais e culturais antes da denominada idade da razão.</span></p> Maria do Socorro Gonçalves da Costa Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28289 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 O desenvolvimento da memória no processo pedagógico da conscientização segundo Jean-Jacques Rousseau https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28290 <p><span style="font-weight: 400;">Este trabalho trata do desenvolvimento da memória no processo pedagógico da conscientização segundo Jean-Jacques Rousseau. Além das aquisições de memórias fisiológicas com o tempo cronológico da vida humana, investiga-se a ação delas no processo ensino-aprendizado do artista enquanto ser capaz de emprestar seu corpo para as personagens teatrais. Ele adquire a capacidade de aprender utilizar o corpo, seu instrumento de trabalho, para acessar diretamente as memórias na projeção temporal das personagens que figuram a cena teatral. Dadas as lembranças advindas do desenvolvimento sensorial, o corpo apreende no ato cênico o movimento para a transmutação da persona humana para a própria obra de arte teatral. Para que a ação cênica seja fiel à composição teatral cabe a memória tornar, no corpo do ator, expressões significativas da imitação com vistas à aparência. Neste intento investiga-se no </span><em><span style="font-weight: 400;">Emílio</span></em><span style="font-weight: 400;"> o desenvolvimento pedagógico pensado por Rousseau afim de estabelecer o movimento físico e intelectual até o ápice cênico, seja ele dado no teatro ou na sociedade. Além do romance pedagógico utilizar-se-á a </span><em><span style="font-weight: 400;">Carta a D’Alembert sobre os Espetáculos Teatrais</span></em><span style="font-weight: 400;">; o </span><em><span style="font-weight: 400;">Ensaio Sobre a Origem das Línguas</span></em><span style="font-weight: 400;">; o </span><em><span style="font-weight: 400;">Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens</span></em><span style="font-weight: 400;">; </span><em><span style="font-weight: 400;">Do Contrato Social ou Princípios do Direito Político</span></em><span style="font-weight: 400;">. No íntimo das caracterizações das personagens utilizar-se-á a tríade que dá vida a personagem do compositor que é o próprio Rousseau em seus escritos: </span><em><span style="font-weight: 400;">Os Devaneios do Caminhante Solitário</span></em><span style="font-weight: 400;">; as </span><em><span style="font-weight: 400;">Confissões</span></em><span style="font-weight: 400;">; os </span><em><span style="font-weight: 400;">Diálogos: Rousseau Juiz de Jean-Jacques</span></em><span style="font-weight: 400;"> e por fim o conceito das palavras teatrais no </span><em><span style="font-weight: 400;">Dicionário de Música</span></em><span style="font-weight: 400;">. Assim, ver-se-á nestas obras uma abrangência de personagens que compõem a trama teatral rousseauista, que configura o pedagógico, o político e o estético. Como o teatro é limitado a um espaço temporal, textual e figurado, dada as circunstâncias prescritas para a sua existência, cabe entender o papel da consciência diante da educação estética.</span></p> Geraldo Márcio da Silva Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28290 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Ética e estética da alma na filosofia de Jean-Jacques Rousseau https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28291 <p><span style="font-weight: 400;">O intuito deste texto é refletir sobre a ideia de retorno à interioridade (</span><em><span style="font-weight: 400;">rentrer a soi</span></em><span style="font-weight: 400;">) com a qual frequentemente nos deparamos nos escritos de Jean-Jacques Rousseau, e argumentar que esta ideia viabiliza um caminho ético que culminaria numa estética da alma. Considerando a ideia de estética da alma como uma forma de realização da natureza interior do homem – ou melhor dizendo, uma maneira pela qual a alma pode alcançar a sua expansão e se realizar plenamente – podemos entender que, longe de se restringir a uma estética superficial, o belo seria a manifestação da harmonia interior da alma. Essa realização parece ocorrer não apenas nos diversos personagens da obra rousseauniana, mas também, como se depreende dos seus escritos autobiográficos, na vida do filósofo.</span></p> Marisa Alves Vento Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28291 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Rousseau e o mito de Glauco: Uma reflexão em torno da ética da informação https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28292 <p><span style="font-weight: 400;">O escopo deste texto é pensar a ética e a responsabilidade na disseminação de dados informacionais à luz do pensamento de Jean-Jacques Rousseau com base em uma hermenêutica sobre a passagem da alegoria platônica da estátua de Glauco tal como aparece no </span><em><span style="font-weight: 400;">Discours sur l'origine et les fondements de l'inégalité parmi les hommes</span></em><span style="font-weight: 400;">. No exame dessa passagem, que remonta ao mito do Glauco marinho referido nos diálogos </span><em><span style="font-weight: 400;">A República</span></em><span style="font-weight: 400;"> e </span><em><span style="font-weight: 400;">As Leis</span></em><span style="font-weight: 400;">, de Platão, além de textos extraídos do livro </span><em><span style="font-weight: 400;">Metamorfoses</span></em><span style="font-weight: 400;">, de Ovídio, delineia-se um conceito de ética da informação que reafirma a inseparabilidade — sugerida pela máxima heraclitiana </span><em><span style="font-weight: 400;">ethos anthropou daimon</span></em><span style="font-weight: 400;"> — entre a </span><em><span style="font-weight: 400;">forma</span></em><span style="font-weight: 400;"> ética e a </span><em><span style="font-weight: 400;">ação</span></em><span style="font-weight: 400;"> política, destacando a existência de uma ponte que liga, de um lado, a noção de </span><em><span style="font-weight: 400;">daimon</span></em><span style="font-weight: 400;"> enquanto ação identificada a uma finalidade eudaimônica, tal como a concebe Aristóteles na </span><em><span style="font-weight: 400;">Ética a Nicômaco</span></em><span style="font-weight: 400;"> e, de outro, a noção de </span><em><span style="font-weight: 400;">ethos</span></em><span style="font-weight: 400;"> enquanto noção identificada ao caráter deontológico, tal como o concebe Kant na </span><em><span style="font-weight: 400;">Crítica da Razão Prática</span></em><span style="font-weight: 400;">. Trata-se de uma perspectiva na qual o maravilhamento que se faz acompanhar das nuances da magia metamorfoseante operadas pela feiticeira Circe no interior da narrativa mítica representa o passo filosófico do </span><em><span style="font-weight: 400;">thaumadzein</span></em><span style="font-weight: 400;"> em direção a uma </span><em><span style="font-weight: 400;">ética do reconhecimento</span></em><span style="font-weight: 400;"> fundamentada no reconhecimento de que o indivíduo humano, mesmo no seio da mais corrupta sociedade, permanece essencialmente bom e livre para ativar o poder mágico da transformação que o torna aparentado ao divino. A relevância prática e contemporânea dessa reflexão se mostra em face do fenômeno da desinformação viabilizada pela disseminação antiética dos dados informacionais, em que o conceito de sociedade da informação, enquanto harmonia entre a forma do </span><em><span style="font-weight: 400;">ethos</span></em><span style="font-weight: 400;"> da contemplação filosófica e a ação do </span><em><span style="font-weight: 400;">daimon</span></em><span style="font-weight: 400;"> político, permanece sendo um desafio à inteligência voltada ao problema da responsabilidade ética na atualidade.</span></p> Israel Alexandria Costa Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28292 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 O teatro das luzes de Rousseau e Manuel de Figueiredo: Um diálogo com suas propostas teatrais https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28294 <p><span style="font-weight: 400;">Esta comunicação faz uma análise da presença de ideias iluministas na obra do dramaturgo português do século XVIII Manuel de Figueiredo (1725-1801), tendo como referências as obras teatrais escritas por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778); é uma busca dos desdobramentos teatrais do movimento das Luzes na cultura de Portugal setecentista. As dramaturgias e os escritos teatrais de Rousseau, podem bem ilustrar as discussões teatrais dos philosophes do XVIII que apontavam para um novo teatro, com novas propostas para a dramaturgia e para a própria cena. A vasta obra de Manuel de Figueiredo, consagrada ao teatro – mas tão pouco representada e conhecida - traz elementos de um Portugal que, depois do terremoto lisboeta, se abre para o Movimento das Luzes. Os palcos do teatro foram o espaço público privilegiado para as discussões mais acirradas e os mais famosos embates de ideias acerca dos vários temas que tanto mobilizavam os pensamentos inquietos e curiosos do Iluminismo. O interesse apaixonado pelo teatro francês tem raízes antigas e expressava-se tanto nas praças públicas quanto nos salões dos palácios e ainda nas ricas residências da burguesia ascendente do século XVIII. Não só a França, mas toda a Europa vivia as transformações gerais que as Luzes reivindicavam. Portugal, na primeira metade do século das Luzes, não tinha respirado ainda aqueles novos ares, mas a partir da segunda metade do século XVIII, também viveu a força de todo aquele movimento, exemplificada aqui nesta comunicação, na obra de Manuel de Figueiredo Já desde a citação, extraída do poeta romano Horácio, que abre o primeiro de treze volumes dedicados ao teatro na extensa obra de Manuel de Figueiredo (“O imitatores sevum pecus” – imitadores, rebanho de servos), é perceptível a preocupação do dramaturgo com temas estéticos discutidos no Iluminismo, como a imitação, a verossimilhança e suas implicações. Mesmo sendo um texto curto, o Prólogo do autor português faz como que uma síntese das questões discutidas por Rousseau na sua Carta a d’Alembert sobre os espetáculos.&nbsp;</span></p> Helderson Mariani Pires Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28294 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Transformação e aceitação: A jornada interior na terceira caminhada de Rousseau https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28295 <p><span style="font-weight: 400;">Nos últimos anos de sua vida, Rousseau dedicou-se a redigir meditações que seriam reunidas, após sua morte, na obra </span><em><span style="font-weight: 400;">Os Devaneios do Caminhante Solitário</span></em><span style="font-weight: 400;">. Nesses textos, surgidos em meio ao distanciamento social e à necessidade de encontrar um refúgio interior, o filósofo realiza uma reflexão sobre sua existência, suas transformações e suas relações com o tempo e a natureza. A Terceira Caminhada ocupa lugar central nesse percurso ao examinar as mudanças físicas e morais percebidas a partir dos quarenta anos, destacando a consciência do envelhecimento e a necessidade de reconexão consigo mesmo. No desenvolvimento dessas meditações, observa-se como a experiência da transformação e da passagem do tempo conduz à valorização da consciência da própria existência. A solidão, longe de ser apenas um afastamento dos outros, torna-se um espaço de autoconhecimento e de resistência interior, especialmente diante da hostilidade, das calúnias e do isolamento a que o filósofo foi submetido nos últimos anos de sua vida. Nesse fragmento, o genebrino enfrenta as limitações impostas pela vida, ao mesmo tempo em que busca, na memória e na percepção da natureza, meios de reafirmar a si mesmo. Assim, a Terceira Caminhada se insere na obra como um marco da maturidade espiritual de Rousseau, representando um momento de ruptura com a hostilidade social que enfrentou e de reconstrução do eu a partir da própria experiência sensível. A linguagem imagética, os ritmos da prosa e a fusão entre natureza e subjetividade que atravessam esse fragmento fazem dele uma antecipação de temas que se tornariam centrais no Romantismo e nas reflexões existenciais que ganhariam força a partir do século XIX, tornando visível, também, sua atualidade na sociedade contemporânea, marcada pela fragmentação das relações humanas, pela aceleração do tempo e pela necessidade de valorização da experiência interior, da memória e da transformação, fundamentais para a preservação do sentido da existência humana.</span></p> Cacilda Bonfim e Silva Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28295 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Amor de si, piedade e amor-próprio: O lugar do sentimento no Segundo Discurso de Rousseau https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28296 <p><span style="font-weight: 400;">Este artigo investiga o papel dos sentimentos de amor de si, piedade e amor-próprio no </span><em><span style="font-weight: 400;">Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens,</span></em><span style="font-weight: 400;"> de Jean-Jacques Rousseau. O objetivo é explicitar como tais sentimentos contribuem para a compreensão da passagem do estado de natureza ao estado civil e em que medida podem servir como freio moral à degeneração do homem em sociedade. Parte-se da análise do estado de natureza, no qual predominam o amor de si e a piedade como princípios de autoconservação e de solidariedade espontânea. Em seguida, aborda-se a Idade de Ouro, estágio intermediário no qual o surgimento da linguagem, da vida em comunidade e dos primeiros vínculos afetivos conduz ao aparecimento do amor-próprio. Por fim, examina-se o estado civil, marcado pelo fortalecimento do amor-próprio e pelo enfraquecimento do amor de si e da piedade, dando origem à vaidade, à rivalidade e à desigualdade. A pesquisa sustenta que, ainda que não haja retorno ao estado natural, os sentimentos de amor de si e de piedade permanecem como possíveis reguladores éticos da vida social, oferecendo alternativas para resistir à lógica da aparência, da competição e do narcisismo contemporâneos. Assim, destaca-se a atualidade da crítica rousseauniana e a necessidade de refletir sobre a educação e cultivo dos sentimentos como caminhos para uma convivência menos desigual e mais solidária.</span></p> Ariane Santos Ribeiro Melonio, Danielton Campos Melonio, Nertan Dias Silva Maia Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28296 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Rousseau e a arquitetônica da segunda seção da Fundamentação da metafísica dos costumes, de Kant https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28297 <p><span style="font-weight: 400;">A </span><em><span style="font-weight: 400;">Fundamentação da metafísica dos costumes</span></em><span style="font-weight: 400;">, de Kant, é uma obra preparatória à </span><em><span style="font-weight: 400;">Crítica da razão prática</span></em><span style="font-weight: 400;">, e tem como objetivo declarado a busca e a determinação do princípio mais elevado da moralidade. Seguindo um procedimento distinto do utilizado na primeira crítica, definido como sintético, Kant se propõe analisar o modo como o entendimento humano vulgar lida corretamente com certas noções de alcance moral, apesar de não as conceber in abstrato. Argumentando que é impossível nos guiarmos por simples exemplos, caso queiramos encontrar o princípio a que devem se submeter todas as vontades moralmente orientadas, Kant localiza na razão e nos conceitos que nela têm sua fonte, a possibilidade de estabelecer regras que unificam, incondicionalmente, a possibilidade de nossas ações. Apenas por meio da razão seríamos capazes de nos representar leis que produzissem em nós o sentimento de uma obrigação infalível, anulando, na condição de entes racionais, toda motivação sensível ou natural para nossas escolhas. O nosso objetivo é mostrar que os elementos básicos com que Kant elabora e estrutura sua argumentação, a começar pela ideia de entes racionais, estão postos em </span><em><span style="font-weight: 400;">Do contrato social</span></em><span style="font-weight: 400;">, de Rousseau. Apesar de não termos, neste artigo, espaço para uma análise comparativa detalhada, cremos ser possível indicar alguns elos entre a concepção, por assim dizer, arquitetônica da </span><em><span style="font-weight: 400;">Fundamentação</span></em><span style="font-weight: 400;"> kantiana, sobretudo em sua Segunda Seção, e a elaboração dos conceitos que dão sustentação à tese do poder soberano da vontade geral, um poder incontornável quando aceita a hipótese do pacto social.</span></p> Pedro Paulo da Costa Corôa Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28297 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Soberania, crítica ao expansionismo e paz em Kant https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28298 <p><span style="font-weight: 400;">Objetiva-se abordar o conceito Estado e de soberania kantiano e suas implicações quer no que concerne às críticas ao expansionismo dos Estados, quer na sua defesa da paz, enquanto imperativo jurídico, examinando, para tanto, sobretudo, o terceiro e quinto artigo preliminar de </span><em><span style="font-weight: 400;">À Paz perpétua</span></em><span style="font-weight: 400;"> (1795), e os parágrafos 57 e 58 da </span><em><span style="font-weight: 400;">Metafísica dos costumes</span></em><span style="font-weight: 400;"> (1797), argumentando que Kant pauta sua exposição em princípios jusfilosóficos </span><em><span style="font-weight: 400;">a priori, </span></em><span style="font-weight: 400;">concebendo o Estado e sua soberania, com base no contrato originário,&nbsp; não como uma coisa, mas como uma sociedade de seres humanos, como pessoa moral. O que também fundamenta a recusa às guerras de extermínio e as de subjugação, pois implicariam em aniquilação moral, visto acarretarem na fusão do povo vencido com o vencedor ou em sua escravidão. &nbsp; Procura-se, ademais, deixar claro a contraposição dessa visão do filósofo prussiano aos Tratados de paz que, de um ponto de vista prático, eram frequentemente estabelecidos dadas as exigências das circustâncias e dos interesses em jogo, contudo sem eficácia para promoção de uma paz duradoura. Essa crítica, cumpre demonstrar, que se articula com a postura reformista de Kant, que, por sua vez, acha-se relacionada a sua defesa de um progresso humano em curso, que precisa ser incentivado, considerando sua importância para um melhoramento interno e externo do Estado.</span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Objetiva-se abordar o conceito Estado e de soberania kantiano e suas implicações quer no que concerne às críticas ao expansionismo dos Estados, quer na sua defesa da paz, enquanto imperativo jurídico, examinando, para tanto, sobretudo, o terceiro e quinto artigo preliminar de </span><em><span style="font-weight: 400;">À Paz perpétua</span></em><span style="font-weight: 400;"> (1795), e os parágrafos 57 e 58 da </span><em><span style="font-weight: 400;">Metafísica dos costumes</span></em><span style="font-weight: 400;"> (1797), argumentando que Kant pauta sua exposição em princípios jusfilosóficos </span><em><span style="font-weight: 400;">a priori, </span></em><span style="font-weight: 400;">concebendo o Estado e sua soberania, com base no contrato originário,&nbsp; não como uma coisa, mas como uma sociedade de seres humanos, como pessoa moral. O que também fundamenta a recusa às guerras de extermínio e as de subjugação, pois implicariam em aniquilação moral, visto acarretarem na fusão do povo vencido com o vencedor ou em sua escravidão. &nbsp; Procura-se, ademais, deixar claro a contraposição dessa visão do filósofo prussiano aos Tratados de paz que, de um ponto de vista prático, eram frequentemente estabelecidos dadas as exigências das circustâncias e dos interesses em jogo, contudo sem eficácia para promoção de uma paz duradoura. Essa crítica, cumpre demonstrar, que se articula com a postura reformista de Kant, que, por sua vez, acha-se relacionada a sua defesa de um progresso humano em curso, que precisa ser incentivado, considerando sua importância para um melhoramento interno e externo do Estado.</span></p> Zilmara de Jesus Viana de Carvalho Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28298 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Ciência, moral e bem público: Reflexões sobre o conhecimento a serviço da sociedade em Rousseau e Mercier https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28299 <p><span style="font-weight: 400;">Rousseau tornou-se famoso por suas fortes críticas aos males advindos das relações sociais, entre eles os que teriam sido causados pelos progressos das ciências e das artes ao longo dos séculos, os quais não foram seguidos, na exposição feita pelo filósofo em seu </span><em><span style="font-weight: 400;">Primeiro Discurso</span></em><span style="font-weight: 400;">, por avanços nos campos da moral e da política. Assim, as formas de civilidade dos povos modernos lhe pareciam eivadas de corrupção em diversos modos, algo que as ciências e as artes não apenas ajudavam a agravar, mas igualmente a ocultar com “guirlandas de flores” sobre as correntes da servidão, como na célebre imagem do </span><em><span style="font-weight: 400;">Discurso</span></em><span style="font-weight: 400;">. Porém, se esse diagnóstico negativo parece prevalecer na obra do genebrino, ele não deixa de ser tensionado pelo autor com uma perspectiva instigante que, próxima à conclusão do texto, destaca as academias como uma maneira de combater os prejuízos que as ciências e as artes geravam, extraindo o remédio a partir da própria origem do mal a ser combatido. Caso essas instituições fossem apoiadas pelos governantes e dirigidas por sábios verdadeiramente imbuídos do desejo de contribuir para a felicidade dos povos, as ciências e as artes por elas difundidas se uniriam à virtude e seriam fontes de “luzes agradáveis” e de “instruções salutares” para o gênero humano, segundo o pensador. Mesmo que fossem paliativos no contexto mais amplo de um cenário histórico muito distante dos valores políticos e morais nutridos por Rousseau, o destaque dado a essas iniciativas nos estimula a discutir a complexidade das ideias do filósofo acerca do papel social das ciências e das artes, indo além do mero discurso condenatório e abarcando novos elementos em outros de seus textos. E nesse sentido, também nos permite fazer algumas pontes com o estudo da obra de um outro autor cuja escrita foi, em vários aspectos, inspirada em Rousseau, o francês Louis-Sébastien Mercier. Em sua ficção futurista </span><em><span style="font-weight: 400;">O Ano 2440</span></em><span style="font-weight: 400;">, ele delineou o cenário de uma sociedade aperfeiçoada pela concretização de ideais da filosofia das Luzes, o que teria conduzido a um regime republicano na França, assim como a consideráveis melhoramentos nas condições de vida da população, sobretudo por uma organização mais racional dos recursos e espaços disponíveis. Na utopia sonhada por Mercier, os saberes científicos avançaram muito e foram aliados à formação moral dos cidadãos, como no caso das crianças cuja educação era feita tendo a </span><em><span style="font-weight: 400;">Enciclopédia </span></em><span style="font-weight: 400;">de Diderot e d’Alembert como cartilha elementar, ou dos adolescentes que eram ensinados a perspectivar o lugar do ser humano na ordem do universo ao contemplarem, com o telescópio e o microscópio, os “dois infinitos” da natureza. Então, analisando esses e outros usos da ciência e da tecnologia a serviço da sociedade, tais como retratados por Mercier, podemos refletir junto com ele e com Rousseau sobre a importância desses conhecimentos e instrumentos para o bem público, especialmente em nossa época marcada por práticas de negacionismo científico e desinformação.</span></p> Renato Moscateli Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28299 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Rousseau e o populismo https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28301 <p><span style="font-weight: 400;">Este texto pretende defender o interesse e a fecundidade do conceito de populismo para pensarmos alguns aspectos da democracia no século XXI. Faremos isso utilizando a filosofia política de Rousseau como uma espécie de “campo de prova”. Examinaremos, em particular, três temas importantes abordados por Rousseau no </span><em><span style="font-weight: 400;">Contrato social</span></em><span style="font-weight: 400;">, que também são relevantes nas discussões contemporâneas em torno do populismo.</span></p> Cláudio Araújo Reis Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28301 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 Harrington versus Rousseau: Projetos constitucionais republicanos https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28302 <p><span style="font-weight: 400;">James Harrington e Jean-Jacques Rousseau, pensadores republicanos modernos vinculados respectivamente as matrizes inglesa e francesa, apesar de terem produzidos seus pensamentos em conjunturas distintas, possuem um notório ponto de convergência: elaboraram projetos constitucionais de intervenção política. Por um lado, Harrington elaborou o projeto Oceana presente em sua obra </span><em><span style="font-weight: 400;">The Commonwealth of Oceana</span></em><span style="font-weight: 400;"> (1656) direcionado a Inglaterra sob o Protetorado de Oliver Cromwell, e, Rousseau, por outro lado, atendendo à solicitação de Pasquale Paoli, concebeu um </span><em><span style="font-weight: 400;">Projeto de constituição para a Córsega </span></em><span style="font-weight: 400;">(1765). Considerando os vínculos de Harrington e Rousseau com o republicanismo e o ponto de convergência destacado, no presente artigo, pretendo analisar alguns aspectos republicanos presentes nos referidos projetos políticos e provavelmente correlacioná-los. Ambiciona-se, dessa forma, suscitar uma discussão e quiçá promover uma reflexão em torno do tema proposto.</span></p> Vital Francisco Celestino Alves Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28302 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300 A vontade geral nos textos de intervenção política de J.-J. Rousseau https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28303 <p><span style="font-weight: 400;">Os textos de intervenção política foram escritos entre 1765 e 1771 em contextos específicos. Apesar das diferenças dos cenários, os problemas e os interesses que atingiam a Córsega e a Polônia eram os mesmos, isto é, a dominação estrangeira e o desejo de emancipação destes povos. A intenção de Rousseau com o </span><em><span style="font-weight: 400;">Projeto de constituição para a Córsega</span></em><span style="font-weight: 400;"> e com as </span><em><span style="font-weight: 400;">Considerações sobre o governo da Polônia</span></em><span style="font-weight: 400;"> não era dar uma constituição para ambas as nações, mas partindo dos princípios políticos do </span><em><span style="font-weight: 400;">Contrato social</span></em><span style="font-weight: 400;"> orientá-las para a sua autodeterminação. Este texto é uma tentativa de interseção entre as obras mencionadas, através deste esforço o organizamos da seguinte forma: 1. a ligação entre a vontade geral e o nacionalismo; 2. a economia e o debate entre a riqueza e a prosperidade; 3. a </span><em><span style="font-weight: 400;">volonté générale</span></em><span style="font-weight: 400;"> e a sua dimensão prática.&nbsp;</span></p> Manoel Jarbas Vasconcelos Carvalho Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/28303 Mon, 08 Dec 2025 00:00:00 -0300