O teatro das luzes de Rousseau e Manuel de Figueiredo: Um diálogo com suas propostas teatrais
Mots-clés :
Teatro, Iluminismo, Dramaturgia, Rousseau, Manuel de FigueiredoRésumé
Esta comunicação faz uma análise da presença de ideias iluministas na obra do dramaturgo português do século XVIII Manuel de Figueiredo (1725-1801), tendo como referências as obras teatrais escritas por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778); é uma busca dos desdobramentos teatrais do movimento das Luzes na cultura de Portugal setecentista. As dramaturgias e os escritos teatrais de Rousseau, podem bem ilustrar as discussões teatrais dos philosophes do XVIII que apontavam para um novo teatro, com novas propostas para a dramaturgia e para a própria cena. A vasta obra de Manuel de Figueiredo, consagrada ao teatro – mas tão pouco representada e conhecida - traz elementos de um Portugal que, depois do terremoto lisboeta, se abre para o Movimento das Luzes. Os palcos do teatro foram o espaço público privilegiado para as discussões mais acirradas e os mais famosos embates de ideias acerca dos vários temas que tanto mobilizavam os pensamentos inquietos e curiosos do Iluminismo. O interesse apaixonado pelo teatro francês tem raízes antigas e expressava-se tanto nas praças públicas quanto nos salões dos palácios e ainda nas ricas residências da burguesia ascendente do século XVIII. Não só a França, mas toda a Europa vivia as transformações gerais que as Luzes reivindicavam. Portugal, na primeira metade do século das Luzes, não tinha respirado ainda aqueles novos ares, mas a partir da segunda metade do século XVIII, também viveu a força de todo aquele movimento, exemplificada aqui nesta comunicação, na obra de Manuel de Figueiredo Já desde a citação, extraída do poeta romano Horácio, que abre o primeiro de treze volumes dedicados ao teatro na extensa obra de Manuel de Figueiredo (“O imitatores sevum pecus” – imitadores, rebanho de servos), é perceptível a preocupação do dramaturgo com temas estéticos discutidos no Iluminismo, como a imitação, a verossimilhança e suas implicações. Mesmo sendo um texto curto, o Prólogo do autor português faz como que uma síntese das questões discutidas por Rousseau na sua Carta a d’Alembert sobre os espetáculos.
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