Do sentimento de piedade à possibilidade de outras configurações sociais e políticas
DOI:
https://doi.org/10.18764/2966-1196v1n2.2024.28Palavras-chave:
Semelhante, Piedade, Socialização, Desigualdade, Outras PossibilidadesResumo
Apesar do modo como se dá a passagem do homem natural ao homem social não ser objeto de uma investigação detalhada por parte de Rousseau, posto que afirma decorrer de acasos fortuitos, as consequências desta passagem não são desprezíveis. A longa descrição deste processo no Segundo Discurso nos faz compreender que a desnaturação tende a resultar em vícios e violações; entretanto, percorrendo as obras de Rousseau encontramos argumentos para pensar que aquela história verossímil não condena a humanidade. Nosso propósito, neste artigo, será investigar neste primeiro movimento de saída da própria individualidade a possibilidade de uma socialização baseada na virtude e no compromisso com o outro. A dificuldade deste projeto decorre de seus próprios pressupostos – os acasos fortuitos que levam as pessoas a se encontrarem e conviverem não as prepara para esta nova etapa. O convívio desperta paixões que sufocam, embora não aniquilem, o sentimento original de piedade. Discutiremos, então, sobre a possibilidade de estimular este sentimento, a fim de favorecer um processo de socialização que reconheça o outro como igual e estabeleça compromissos mútuos entre as pessoas no âmbito da vida social e política.
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