Do recalque ao realce: o enegrecimento da cultura popular brasileira e o jogo político das identidades
DOI:
https://doi.org/10.18764/2236-9473.v14n28p19-40Palavras-chave:
Cultura popular, Cultura brasileira, Cultura negra, Identidade nacional, Diversidade culturalResumo
Se há uma ideia resistente no pensamento social brasileiro, apesar de já ter sido algumas vezes desconstruída, é a que identifica a cultura popular – no sentido de tradicional ou folclórica – à essência da nacionalidade. No entanto, o que se considera como “cultura popular” pode mudar de acordo com as concepções dos agentes sociais que constantemente a reinterpretam. O objetivo deste artigo é pôr em discussão evidências encontradas na pesquisa de campo, realizada na cidade de São Paulo, entre 2003 e 2013, sobre os mediadores da “cultura popular”, a qual revelou a importância adquirida nesse meio pelas práticas culturais hoje denominadas “afrodescendentes”. Partindo da hipótese de que tal relevância estaria relacionada às lutas por reconhecimento empreendidas pelo movimento negro, sobretudo em seu aspecto cultural e artístico, o texto conclui que a matriz africana, dissolvida no momento da construção político-social da identidade nacional, ocupa no contexto em que a diversidade cultural torna-se imperativa, o mais forte apelo para a constituição da identidade/ marca Brasil.
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