A condição do policial militar em atendimento clínico: uma análise das narrativas sobre adoecimento, sofrimento e medo no contexto profissional
DOI:
https://doi.org/10.18764/2236-9473.v13n25p181-206Palavras-chave:
Medo, Sofrimento, Adoecimento, Policiais MilitaresResumo
Este artigo pretende discutir a condição social de policiais militares em fase de tratamento psicológico. Os sujeitos desta pesquisa estão em situação institucional de afastamento de suas funções laborativas para realização de atendimento clínico. O artigo está fundamentado em um trabalho de campo, no setor responsável pelo atendimento, e em entrevistas em profundidade com policiais militares, realizadas dentro e fora do contexto de interação simbólica no Centro Biopsicossocial da Polícia Militar do Ceará. Buscamos, neste caso, compreender como as experiências do medo, sofrimento e adoecimento são construídas por intermédio das percepções de nossos interlocutores. Deste modo, as narrativas policiais sobre o trabalho são explicitadas pela expressão simbólica do medo, entendido como produção social da indiferença, diante do jogo de atributos, segundo o qual coragem, valentia e a condição de “matador” se impõem sobre o destino social dessa categoria. Tal condição é refletida tanto pelo medo que provocam nas pessoas civis, enquanto “autoritários e violentos”, quanto pelo medo que sentem com o risco de perder a vida em ações violentas diárias. Quer-se, enfim, entender como esse sentimento perpassa o segmento social dos policiais militares, e de que forma seu significado moral e a maneira como se expressa, simbolicamente, revelam o funcionamento de um universo ocupacional, a partir de seus processos interativos, que levam ao adoecimento da pessoa na PM.
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