FEMINILIDADES SERTANEJAS EM TEODORO BICANCA: REPRESENTAÇÕES
Resumo
Abordamos a representação feminina no universo sertanejo piauiense presente no romance Teodoro Bicanca (1948), do escritor Renato Castelo Branco. Nessa perspectiva, examinamos a presença da mulher nas práticas sociais e discursivas do cotidiano sertanejo no espaço narrativo do romance, observando como essas práticas são construídas em um universo no qual os papéis de gênero encontram-se hierarquizados. A análise centra-se nas personagens femininas: Siá Ana e Joaninha, habitantes, respectivamente, dos espaços rural e urbano do interior do Piauí. Focalizamos, especialmente, essas personagens pelo destaque que lhes é dado, na narrativa, em seus espaços de vivências. Ora alimentando, ora confrontando expectativas historicamente cristalizadas no imaginário da cultura sertaneja em relação aos papéis sociais tidos como femininos, elas vão tramando suas astúcias, tecendo suas resistências, mesmo sob instâncias de dominação na qual se encontram inseridas. São duas mulheres de gerações distintas que em vários momentos rasuram os papéis que lhes foram prescritos pela sociedade patriarcal do início do Século XX. Como fundamentação teórica, acionamos contribuições dos estudos de gênero, dos estudos culturais e da teoria pós-moderna. Visto que o romance em análise é de autoria masculina, procuramos perscrutar as entrelinhas, nas fissuras que o autor promove a fim de extrair os fragmentos das diversas maneiras de essas personagens procederem, procurando demonstrar que, em que pesem as estereotipias no imaginário das feminilidades sertanejas, mulheres no sertão não têm suas vidas inscritas apenas no campo da dominação.
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