Terapias religiosas e o processo saúde-doença no mercado religioso no Haiti
DOI :
https://doi.org/10.18764/1983-2850v17n50.2024.21Mots-clés :
doença, terapia, Haiti, concorrência religiosa, violência estruturalRésumé
Dentre tantos pontos que deixam transparente a vulnerabilidade da sociedade haitiana, as questões que envolvem o processo saúde-doença são os que mais induzem sofrimento e a percepção da desigualdade. Sendo o Haiti o país mais pobre da América e um dos mais pobres do mundo, edificou-se dentro da pluralidade religiosa e terapêutica os
caminhos para tentar alcançar a cura dos processos de adoecimento. A construção do percurso terapêutico dos sujeitos ao perceberem-se doentes, no entanto, além de ser influenciada pela mais profunda precariedade do sistema público de saúde, é permeada por tradições religiosas e a sua visão da etiologia da doença e métodos de cura, e uma série de conflitos religiosos envolvendo os terapias populares locais e as igrejas evangélicas. Frente a esta realidade, aproveitando da ferramentas teóricas da economia religiosa, escolha racional e da segurança existencial, o artigo busca discutir o processo de construção dos itinerários terapêuticos a partir da articulação entre os saberes, os agentes e as práticas envolvidas no processo saúde/doença, levantando questões como a concorrência religiosa no mercado de cura haitiano. Diante de trajetórias apresentadas, percebe-se a violência estrutural como um legado histórico, perpetuado ainda hoje, que inclui as religiões como determinantes do risco de adoecer e da viabilidade (ou não) para curar-se das doenças.
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