Chamada Temática Nº 54 - AS EXPERIÊNCIAS DO CATOLICISMO NO CONTINENTE AMERICANO NO LONGO SÉCULO XIX E A MODERNIDADE NA IGREJA CATÓLICA
AS EXPERIÊNCIAS DO CATOLICISMO NO CONTINENTE AMERICANO NO LONGO SÉCULO XIX E A MODERNIDADE NA IGREJA CATÓLICA
Esta Chamada Temática, organizada pela Rede de historiadores da Igreja Católica no continente americano no longo século XIX, tem como objetivo agregar pesquisas sobre o catolicismo no continente americano durante o longo século XIX (1780-1930). Buscamos compreender o desenvolvimento de uma modernidade católica, convivendo em tensão com as demais existentes naquele período (liberalismo, positivismo, comunismo, etc.), a partir das experiências do catolicismo nas Américas. Para além da perspectiva de que a ação da Igreja Católica seria uma simples reação contra a modernidade, entendemos que, em diferentes contextos, os católicos construíram diferentes relações com ela, o que levou a uma superação da aparente dicotomia. Isso aconteceu enquanto eles começaram a se integrar ou a resistir à autoridade pontifícia e da Santa Sé, que culminou na superação dos projetos de “igrejas nacionais”.
No continente americano, isso coincidiu com os processos de independência e consolidação dos Estados nacionais, onde, além das formas de governo adotadas (monarquia constitucional, repúblicas, federações, confederações), Estado e Igreja experimentaram diferentes formas de relação, desde a separação e independência recíproca (como nos Estados Unidos e, posteriormente, no México ou na Colômbia) até diferentes fórmulas de vínculo jurídico entre catolicismo e Estado, como na maioria das ex-colônias da Espanha e Portugal. Neste longo século XIX, o catolicismo na América passou por tensões e conflitos entre as diferentes perspectivas que coexistiram: liberalismo católico, ultramontanismo, romanização, regalismo, catolicismo "leigo"/"popular". Também neste contexto, a representação pontifícia foi estabelecida nas diversas regiões do continente, através das nunciaturas e dos representantes pontifícios, que às vezes deram origem a concordatas entre os países americanos e a Santa Sé.
Em um exercício de reflexão sobre o catolicismo contemporâneo a partir de diferentes centros de divulgação, propomos analisar a contribuição americana, a partir de uma perspectiva conectada, atentando não apenas para as singularidades, mas também para os processos regionais e globais que envolvem uma multiplicidade de atores e uma pluralidade de interesses dentro e fora da Igreja, em um jogo de escalas de observação. Nessa perspectiva, o ultramontanismo no continente seria não apenas uma "romanização" da Igreja latino-americana, mas também uma contribuição americana (no sentido continental, vale ressaltar) para a Igreja Católica contemporânea, em uma complexa trama que envolve a circulação de pessoas, ideias, instituições, culturas e múltiplos centros de difusão.
LAS EXPERIENCIAS DEL CATOLICISMO EN LAS AMÉRICAS EN EL LARGO SIGLO XIX Y LA MODERNIDAD EN LA IGLESIA CATÓLICA
Este dossier, organizado por la Red de historiadores de la Iglesia Católica americana en el largo siglo XIX, tiene como objetivo publicar investigaciones sobre el catolicismo en el continente americano durante el largo siglo XIX (1780-1930). Se busca comprender el desarrollo de una modernidad católica, coexistiendo en tensión con otras corrientes de la época (liberalismo, positivismo, comunismo, entre otras), a partir de las experiencias del catolicismo en las Américas. En lugar de considerar la acción de la Iglesia Católica una simple reacción contra la modernidad, se entiende que, en diferentes contextos, los católicos han construido diversas relaciones con ella, superando así una falsa dicotomía.
En el continente americano, esto coincidió con los procesos de independencia y consolidación de los Estados nacionales, donde, además de las formas de gobierno adoptadas (monarquía constitucional, repúblicas, federaciones, confederaciones), Estado e Iglesia experimentaron diferentes formas de relación, desde la separación e independencia recíproca (como en Estados Unidos y, posteriormente, en México o Colombia) hasta diversas fórmulas de vinculación jurídica entre catolicismo y Estado, como sucedió en la mayoría de las antiguas colonias de España y Portugal. La transformación del catolicismo a escala mundial no fue ajena a estas salidas, puesto que los procesos de integración o resistencia a una autoridad pontificia que buscaba reforzar su poder universal a medida que perdía su soberanía territorial llevó a la consolidación de Iglesias católicas nacionales, siempre vinculadas a la Sede Apostólica. Durante este largo siglo XIX, el catolicismo en América enfrentó tensiones y conflictos entre las diferentes perspectivas coexistentes: liberalismo católico, ultramontanismo, romanización, regalismo, catolicismo "laico"/"popular".
Desde esta perspectiva, serán bienvenidas las contribuciones que ayuden a analizar las novedades que experimentó el universo católico en el continente, no sólo como una consecuencia de transformaciones iniciadas en el centro europeo, sino también como un aporte americano (en el sentido continental) a la Iglesia Católica contemporánea, en una compleja trama que involucra la circulación de personas, ideas, instituciones, culturas y múltiples centros de difusión.
BIBLIOGRAFIA
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ORGANIZAÇÃO
Ignacio Martínez
Ignacio Martínez é professor e licenciado em História pela Universidade Nacional de Rosário e doutor em História pela Universidade de Buenos Aires. Atua como professor titular de História Argentina I, na faculdade de História da Universidade Nacional de Rosário. É Pesquisador Independente do CONICET (Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Tecnológicas). É membro da Comissão Acadêmica do Doutorado em História da UNR. É membro da Rede de Estudos sobre a História da Secularização e do Secularismo (REdHiSeL). Ele faz parte do Observatório de Culturas Religiosas da UNR. Entre suas publicações está o livro Uma Nação para a Igreja Argentina. Construção do Estado e Jurisdições Eclesiásticas no Século XIX, publicado pela Academia Nacional de História. Seus trabalhos em revistas científicas e obras coletivas tratam das relações entre o poder político e religioso, as reformas ultramontanas na Igreja argentina durante o século XIX e o trabalho da diplomacia romana nos países da América do Sul.
Ítalo Domingos Santirocchi
Pesquisador e professor dos cursos de graduação e pós-graduação em História da Universidade Federal do Maranhão. Pós-doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em História da UNIRIO. Pós-Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Doutor em História pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Licenciado em História Moderna e Contemporânea pela Pontifícia Universidade Gregoriana. É formado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais. Membro dos Grupos de Investigação: REHCULT - História, Religião e Cultura Material e ECCLESIA - Grupo de Estudos sobre a História do Catolicismo. Atualmente é Coordenador Adjunto do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Maranhão. É autor do livro: Questão de consciência: os ultramontanos no Brasil e o regalismo do Segundo Reinado (1840-1889), 2015, e coautor dos seguintes livros: Doze capítulos sobre escravizar pessoas e governar escravos: Brasil e Angola - sequências XVII-XIX, 2017; RELIGIÕES E RELIGIOSIDADES NO BRASIL: História, Historiografia e Ensino, 2018; A independência do Brasil em perspectiva mundial, 2022, e organizadora da coletânea de textos: PASSÁVAMOS LIGEIROS SOBRE AS ÁGUAS: História Social da Baixada Maranhense Oitocentista, 2023. Santirocchi também é autor de diversos artigos científicos e capítulos de livros no Brasil e no exterior.
José Aurelio Sandí Morales
Bacharel em História 2005, Mestre em História com ênfase em Poder e Controle Social 2009, ambos pela Universidade Nacional, Heredia, Costa Rica e Doutor em História pela Scuola Normale Superiore, Pisa, Itália, 2017. Seus campos de pesquisa foram: história política, do poder e do controle social, a relação entre o Estado e a Igreja, bem como a formação dos Estados-Nação, entre os anos 1750-1940. Foi Menção Honrosa no Prêmio de Pesquisa Cultural Luis Ferrero Acosta no Prêmio Nações de Cultura da Costa Rica, 2022, por seu trabalho relacionado à independência do Antigo Reino da Guatemala. Entre suas publicações estão os livros "Estado e Igreja Católica na Costa Rica 1850-1920; nos processos de controle do espaço geográfico e na criação de um modelo de costarriquenho" (2012), o co-editado com Sajid Herrera intitulado "A opinião de um povo não é conquistada. Independência, Estado e Nação na América Hispânica". E artigos como: "Leis anticlericais na Costa Rica, 1884" em: Enciclopédia das Religiões Latino-Americanas. Springer (2018) e "A Romanização dos Sacerdotes e Fiéis da Costa Rica entre 1880-1939" em: Rivista Storia del Cristianesimo, Itália 2021 e o artigo intitulado: "O Comportamento Político-Eleitoral do Clero Católico na Costa Rica: Um Exemplo de Legitimidade e Apoio ao "Status Quo" 1921-1936", no Journal of History, Costa Rica 2021. Atualmente é acadêmico da Escola de História da Universidade Nacional da Costa Rica e seu contato é: jose.sandi.morales@una.cr