EDUCAR PARA VIVER EM PLENITUDE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18764/2525-3441v8n22.2023.1

Palavras-chave:

Educação, ancestralidade, Bem Viver, modernidade, colonialidade, metodologia

Resumo

O sistema mundo moderno colonial se encontra em profunda crise, gerando impasses que colocam em risco a própria sobrevivência da humanidade em nosso planeta, tais como os limiares do colapso ambiental, da guerra nuclear e da erosão das democracias.  A implosão dos projetos socioculturais da modernidade está sendo potencializada pelos múltiplos e variados movimentos populares, que estão promovendo a reexistência de seus modos de ser e de viver, constitutivos de sabedorias e relações de poder ancestrais. A tensão entre modernidade e ancestralidade problematiza as múltiplas fronteiras singulares que separam não somente corpos e raças, mas delimitam rupturas e trocas culturais nos espaços cognitivos, intelectuais, culturais, sociais, ecossistêmicos. Os povos originários – representados por movimentos indígenas, quilombolas, de povos tradicionais, entre tantos outros – rompem os estigmas e jugos coloniais, que os têm colocado na posição socialmente passiva, subalterna, marginal, e assumem o protagonismo na reconstrução do tecido social com base em princípios ancestrais de vida em plenitude. Nesta perspectiva, buscaremos aqui retomar os princípios ancestrais do Bem Viver, ou Vida em Plenitude, para delimitar o problema constituído pela contradição emergente na oposição entre a modernidade e a ancestralidade, que se configuram na contradição entre a colonialidade e o Bem-Viver. Neste contexto, apontaremos as implicações do Bem-Viver para as concepções de educação popular, como a que foi enunciada por Paulo Freire. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Reinaldo Matias Fleuri, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, 1988). Atualmente é professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coordenador da rede de pesquisas “Mover” - Viver em Plenitude: Educação Intercultural e Movimentos Sociais (www.mover.ufsc.br). Faz parte do Instituto Paulo Freire. É pesquisador Sênior do CNPq. 

Referências

ACOSTA, Alberto. O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária, 2016.

ARDOINO Jacques et al. Sciences de l’education, Sciences Majeures. ACTES DE JOURNEES D’ETUDE TENUES A L’OCCASION DES 21 ANS DES SCIENCES DE L’EDUCATION. Issy-les-Moulineaux: EAP, Colección Recherches et Sciences de l’education, 1991, p. 173-181. Disponível em http://publicaciones.anuies.mx/pdfs/revista/Revista87_S1A1ES.pdf . Acesso em 21.08.2021

AVRITZER, Leonardo. Eleições 2022 e a reconstrução da democracia no Brasil. São Paulo: Autêntica, 2023.

AZEVEDO-LOPES, Ronnielle. Temējakrekatê: gnosecídio, resistência e transcolonialidade dos saberes tradicionais no Vale do Tocantins-Araguaia. 2021. 350 f. Tese (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.

BATESON, Gregory. Mente e Natureza: a unidade necessária. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1986,

BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

CIVITA, Victor (ed.). Aristóteles. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 66-84. (Coleção Os Pensadores).

EATON, George. Noam Chomsky: the world is at the most dangerous moment in human history. New Statesman, 2020. Disponível em: https://www.newstatesman.com/world/2020/09/noam-chomsky-world-most-dangerous-moment-human-history Acesso em: 15 ago. 2021.

FLEURI, Reinaldo Matias. Educação intercultural e movimentos sociais: considerações introdutórias. In: FLEURI, Reinaldo Matias. Intercultura e movimentos sociais. Florianópolis, Mover/NUP, 1998.

FLEURI, Reinaldo Matias. Conversidade: conhecimento construído na relação entre educação popular e universidade. Revista Educação Brasileira, Brasília, DF, v. 27, n. 54, p. 11-67, 2005.

FLEURI, Reinaldo Matias. Desafios epistemológicos emergentes na relação intercultural. Série Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB. Campo Grande, n. 27, p. 11-21, jan./jun. 2009. Disponível em: https://www.serie-estudos.ucdb.br/serie-estudos/article/view/181/0. Acesso em: 12 mar. 2017.

FLEURI, Reinaldo Matias. Aprender com os povos indígenas. Revista de Educação Pública, [S.l.], v. 26, n. 62/1, p. 277-294, maio 2017a. Disponível em: http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/ index.php/educacaopublica/article/view/4995. Acesso em: 21 jul. 2017.

FLEURI, Reinaldo Matias. Educação intercultural e movimentos sociais: trajetória de pesquisas da Rede Mover. João Pessoa: Editora do CCTA, 2017b.

FLEURI, Reinaldo Matias. Conversidade: conhecimento construído na relação entre educação popular e universidade. João Pessoa: UFPB, 2019.

FLEURI, Reinaldo Matias. Educação intercultural: Viver, conviver e gerar vida em plenitude. Projeto Integrado de Pesquisa. Produtividade Em Pesquisa – Pq Sr-2022-2027 – CNPq. Florianópolis: UFSC/CNPq, 2022. Disponível em: https://mover.ufsc.br/educacao-intercultural-aprender-com-os-povos-originarios-do-sul-e-decolonizar-a-educacao/ . Acesso em 08/04/2023.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 3.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.

GAUTHIER, Jacques. Demorei tanto para chegar... - ou: nos vales da epistemologia transcultural da vacuidade. Tellus, Campo Grande, ano 11, n. 20, p. 39-67, jan./jun. 2011. Disponível em: https://tellusucdb.emnuvens.com.br/tellus/article/view/214/260. Acesso em: 15 ago. 2021.

GAUTHIER, Jacques; FLEURI, Reinaldo Matias; GRANDO, Beleni Salete (org.). Uma pesquisa sociopoética: o índio, o negro e o branco no imaginário de pesquisadores da área de educação. Florianópolis: Núcleo de Publicações do Centro de Ciências da Educação da UFSC, 2001.

GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 143-179.

HIDALGO-CAPITÁN, Antonio Luis; ARIAS, Alexander; ÁVILA, Javier. “El pensamiento indigenista ecuatoriano sobre el Sumak Kawsay”. In: Sumak Kawsay Yuyay: antología del pensamiento indigenista ecuatoriano sobre Sumak Kawsay. Huelva; Cuenca: FIUCUHU, 2014. p. 25-73. Disponível em: https://base.socioeco.org/docs/libro_sumak.pdf Acesso em: 15 ago. 2021.

HUANACUNI MAMANI, Fernando. Buen Vivir/Vivir Bien: filosofía, políticas, estrategias y experiencias regionales andinas. Lima: Coordinadora Andina de Organizaciones, 2010. Disponível em: http://www.dhl.hegoa.ehu.es/recursos/733. Acesso em: 6 ago. 2017.

KORYBKO, Andrew. Guerras híbridas: das revoluções coloridas aos golpes. São Paulo: Expressão Popular, 2018.

KRENAK, Ailton. Caminhos para a Cultura do Bem Viver. Organizador Bruno Maia. Sl: Cultura do Bem Viver 2020. Disponível em: https://cdn.biodiversidadla.org/content/download/172583/1270064/file/Caminhos%20para%20a%20cultura%20do%20Bem%20Viver.pdf . Acesso 25/07/2022.

LEFEBVRE, Henri. Lógica formal/lógica dialética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.

MACAS, Luis. “El Sumak Kawsay”. In: HIDALGO-CAPITÁN, Antonio Luis; GARCÍA, Alejandro Guillén; GUAZHA, Nancy Deleg (ed.). Sumak Kawsay Yuyay: antología del pensamiento indigenista ecuatoriano sobre Sumak Kawsay. Huelva; Cuenca: FIUCUHU, 2014. p. 179-192. Disponível em: https://base.socioeco.org/docs/libro_sumak.pdf. Acesso em: 15 ago. 2021.

MORIN, Edgard. Le vie della complessità. In: BOCCHI G.; CERUTI M. (org.). La sfida della complessità. Milano: Feltrinelli, 1985. p. 49-60.

NAKATA, Martin. La Interfaz Cultural. Revista Peruana de Investigación Educativa, v.2, n. 2, p. 7-26, 2010. Disponível em: https://revistas.siep.org.pe/index.php/RPIE/article/view/8. Acesso em: 15 ago. 2021.

NAKATA, Martin. The cultural interface: an exploration of the intersection of Western knowledge systems and Torres Strait Islanders positions and experiences. 1997. Tese - James Cook University, Townsville, 1997. Disponível em: https://researchonline.jcu.edu.au/11908/. Acesso em: 15 ago. 2021.

PADILHA, Paulo Roberto. Currículo intertranscultural: novos itinerários para a educação. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2004.

POHLHAUS, Gaile. Knowing communities: An investigation of Harding’s standpoint epistemology. Social Epistemology, v. 16, n. 3, p. 283-293, 2002.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 63, p. 237-280, out. 2002. Disponível em: https://journals.openedition.org/rccs/1285. Acesso em: 14 ago. 2021.

SANTOS, Boaventura de Sousa; MENEZES, Maria Paula (org.). Epistemologias do sul. São Paulo: Cortez, 2010.

SARANGO MACAS, Luis Fernando. El paradigma educativo de Abya Yala: continuidad histórica, avances y desafios. Managua: URACAN, 2014.

SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1980.

SERRES, Michel. Eclaircissements. Paris: Flammarion, 1994.

SEVERI, V.; ZANELLI, P. Educazione, complessità e autonomia dei bambini. Firenze: Nuova Italia, 1990.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

WALSH, Catherine. Interculturalidad, Estado, sociedad: luchas (de)coloniales de nuestra época. Quito: Universidad Andina Simon Bolívar: Abya Yala, 2009.

Downloads

Publicado

2023-06-09

Como Citar

FLEURI, Reinaldo Matias.
EDUCAR PARA VIVER EM PLENITUDE
. Afluente: Revista de Letras e Linguística, v. 8, n. 22, p. 07–34, 9 Jun 2023Tradução . . Disponível em: . Acesso em: 27 abr 2024.