HISTORIOGRAFIA

terreno instável entre reconhecimentos e omissões

Autori

  • Helena Bonito Couto Pereira

DOI:

https://doi.org/10.18764/2177-8868v14n27.2023.2

Parole chiave:

historiografia literária, literatura brasileira, esquecimento

Abstract

As circunstâncias político-econômicas do período ditatorial no Brasil imprimiram suas marcas em todos os setores da vida artístico-literária e cultural. Dentre os autores de narrativas ficcionais que tematizam tais circunstâncias, todavia, poucos alcançaram registro nos principais compêndios de história da literatura brasileira pós-64, como os de Alfredo Bosi (1970), Massaud Moisés (1984-87), Luciana Picchio (1996), José Aderaldo Castello (1999) e Carlos Nejar (2011). Os compêndios reconhecem, adequadamente, a relevância de autores cujo lavor artístico manifesta-se em plenitude, como Clarice Lispector, Raduan Nassar e Osman Lins, ou de escritores como Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles e Rubem Fonseca, dentre outros que por diversos motivos alcançaram um público numeroso e fiel. Todavia, poucos são os registros de obras voltadas para a temática da repressão, envolvendo violência, tortura e desaparecimentos políticos. Não houve produção volumosa nessa linha e talvez os escritores tivessem pouca preocupação com o estilo e a linguagem, pois boa parte deles teve por motivação a denúncia dos traumas vividos. Poucas foram as obras publicadas “no calor da hora”, como Em câmara lenta (Renato Tapajós, 1977); outras vieram a público logo após a anistia, em um contexto ainda turbulento, como O que é isso, companheiro? (Fernando Gabeira, 1979) e Batismo de Sangue (Frei Betto, 1983), permanecendo praticamente à margem da história literária brasileira. É surpreendente constatar que, nos decênios seguintes, a mesma temática continuou a produzir frutos que em tempos recentes alcançam inesperada repercussão, como ocorreu com K. Relato de uma busca (Bernardo Kucinski, 2011) ou A resistência (Julián Fuks, 2015). Tais retomadas asseguram uma sobrevida à reflexão, no âmbito da ficção (e, espera-se, na história literária) sobre danos irreparáveis produzidos pelo regime de exceção, que contribuíram – ao contrário do que um certo discurso “oficial” afirmava até recentemente – para a violência, a insegurança e o desrespeito à dignidade do ser humano que se verificam em nosso país na atualidade.

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Biografia autore

Helena Bonito Couto Pereira

Doutora e Mestra em Letras Modernas (Língua e Literatura Francesa) pela Universidade de São Paulo, fez estágio pós-doutoral na Universidade da Califórnia em Riverside (USA). Atua como Professora Visitante no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará (UFPA). Foi professora visitante na Università degli Studi di Perugia (Itália, 2018 e 2019). Foi Professora Titular e docente permanente no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), instituição em que desempenhou, dentre outras, as funções de Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Decano de Extensão e Coordenadora de Publicações Acadêmicas. É membro da Comissão Assessora da Presidência e assessora ad hoc da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Coordenou o GT História da Literatura da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL). Fundou e coordenou o Grupo de
Pesquisa "Literatura no contexto pós-moderno" do Diretório de Grupos do CNPq (2000-2021). Foi fundadora e Editora Acadêmica da Revista Todas as Letras (UPM). FoI membro do Conselho Editorial Acadêmico e coordenadora da "Coleção Academack-Letras" da Editora Mackenzie. Foi fundadora e é participante do Conselho Científico da Revue Internationale d´Art et d´Artologie - RIAA (ISSN 2491-6366). Interesses em pesquisa: literatura brasileira, literatura comparada, ficção contemporânea, pós-modernismo e adaptações literárias. Filiações, além da ANPOLL: Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC); International Comparative Literature Association (ICLA); Associação Internacional de Lusitanistas (AIL). 

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Pubblicato

2023-09-11

Come citare

PEREIRA, Helena Bonito Couto.
HISTORIOGRAFIA: terreno instável entre reconhecimentos e omissões
. Littera: Revista de Estudos Linguísticos e Literários, v. 14, n. 27, 11 set. 2023 Disponível em: http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/littera/article/view/22206. Acesso em: 24 nov. 2024.