Tópicas da temporalidade na poesia contemporânea de língua portuguesa

Autori

  • Franciele dos Santos Feitosa
  • Rafael Campos Quevedo

Parole chiave:

Poesia Contemporânea. Carpe diem. Exegi Monumentum.

Abstract

Durante a tradição clássica a imitação de modelos e formas literárias alimentava a produção dos artistas, a
poesia era, sobretudo, imitativa. Um poeta, para ser classificado como bom, deveria saber imitar o que os
seus mestres faziam. Posteriormente com o romantismo é a ideia de originalidade que se impõe como critério
para a criação, pois o movimento romântico defendeu uma literatura acima de tudo original e propôs
que os lugares-comuns não deveriam mais ser utilizados como parâmetro para a criação. Entretanto, apesar
dessa grande ruptura romântica com o clássico, há na poesia contemporânea a recorrência de topoi líricos,
o que põe em xeque o conceito de o que é ser original em literatura e se realmente é possível sê-lo. Importanos,
no entanto, demonstrar que mesmo depois da descontinuidade romântica com o tradicional, ainda há
na poesia atual autores que se valem de lugares-comuns da lírica clássica para compor suas obras. O topos
ou lugar-comum, conforme nos informa Ernst Robert Curtius em seu livro Literatura Européia e Idade
Média Latina, é proveniente da literatura antiga – da lírica principalmente – e são comumente visitados por
poetas de várias épocas, inclusive da atualidade. Desta maneira, no decorrer de toda a pesquisa, buscou-se
investigar a recorrência dos lugares-comuns carpe diem e exegi monumentum na poesia contemporânea. O
carpe diem, presente na ode n° 11 do Livro das Odes de Horácio significa viver o dia, colher o dia, ou seja,
aproveitar o hoje, viver o momento e deixar de se preocupar tanto com o futuro. O exegi monumentum, por
sua vez, foi uma expressão utilizada por Horácio em sua Ode 3.30 que ressalta o caráter imortalizador da
poesia. Interessa-nos, contudo, demonstrar a maneira como autores modernos, mesmo depois da originalidade
ser parâmetro para criação, valem-se dos lugares-comuns consagrado por Horácio, manipulando-os e
dando a eles novas direções semânticas ao colocar seu talento pessoal e as ideias de sua época.

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografie autore

Franciele dos Santos Feitosa

Aluna do Curso de Letras-Espanhol na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Atua na área de
Literatura de Língua Portuguesa. Desenvolve pesquisas no Grupo de Estudos em Lírica contemporânea
de Língua Portuguesa, coordenado pelo Professor Doutor Rafael Campos Quevedo. É também
Bolsista de Iniciação Cientifica (PIBIC/CNPq) e professora de Língua Espanhola no Curso de Estudos
de Idiomas (CEI).

Rafael Campos Quevedo

Doutor em Literatura pela Universidade de Brasília (UnB); mestre em Letras pela Universidade Federal
do Espírito Santo (UFES), especializado em Literatura Brasileira (UNIVERSO) e graduado
em Filosofia e Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Atua na área de Literatura
Portuguesa e Brasileira. Desenvolve pesquisa em Poesia Contemporânea de Língua Portuguesa. Professor
Adjunto do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Professor
permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFMA (PGLetras-UFMA).

Riferimenti bibliografici

ACHCAR, Francisco. Lírica e lugar-comum: alguns temas de Horácio e sua presença em português.

São Paulo: Edusp, 1994.

ASCHER, Nelson. Parte alguma (1997-2004). São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

BRITTO, Paulo Henriques. Formas do nada. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. 1° Ed.

CATALÃO, Marco. O cânone acidental. São Paulo: É realizações, 2009.

CÍCERO, Antônio. Guardar - Poemas escolhidos. Rio de Janeiro: Record, 1996.

_____ . Poesia e Filosofia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira., 2012.

CURTIUS, Ernst Robert. Literatura europeia e Idade Média latina. 2° ed. Brasília: Instituto Nacional

do Livro, 1979.

FERNANDES, Raul Miguel Rosado. Concepções e formas de imitar: um enquadramento para Dionísio

de Halicarnasso. In: HALICARNASSO, Dionísio de. Tratado da imitação. Lisboa: Instituto

Nacional de Investigação Científica; Centro de Estudos Clássicos das Universidades de Lisboa,1986.

p. 11-30.

FLORES, Guilherme Gontijo. Três elegias. Disponível em: <http://www.erratica.com.br/opus/111/>

Acesso em: 20 fev. 2017.

HALE, John. et al. A fonte do poder no oráculo de Delfos. Disponível em: <http://www2.uol.com.

br/sciam/reportagens/a_fonte_do_poder_no_oraculo_de_delfos.html> Acesso em 21 mar 2017.

HORÁCIO. “Arte poética”. Tradução de Cândido Lusitano. In: SOUZA, Roberto Acízelo de (Org.).

Do mito das Musas à razão das Letras. Textos seminais para os estudos literários (século VIII a.

C. – século XVII). Chapecó: Argos, 2014

.

MACHADO, Nauro. Antologia poética. Rio de Janeiro: Imago, 1998.

PAGOTO, Cristian; CARVALHO, Aécio Flávio de. O carpe diem horaciano na poesia de Adélia Prado.

In: CELLI – COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS. 3, 2007, Maringá.

Anais... Maringá, 2009, p. 230-239.

PALHARES, Carlos Vinícius Teixeira. A mimese na poética de Aristóteles. Cadernos Cespuc: Belo

Horizonte. 2013. Disponível em:

Acesso em 18 abr 2017.

PEREIRA, Maria Helena da Rocha. A cultura e as línguas clássicas. Disponível em:

blogs.sapo.pt/10605.html> Acesso em: 20 fev. 2017.

PIRES, Antônio Donizeti. Lugares-comuns da lírica, ontem e hoje. LINGUAGEM – Estudos e

Pesquisas, Catalão, vols. 10-11 – 2007. Disponível em: <https://revistas.ufrg.br/lep/article/download/

/18093> Acesso em: 10 mai. 2016.

QUEVEDO, Rafael Campos; MIRANDA, Wandeilson Silva de (orgs.). Trechos de um diálogo demorado:

ensaios sobre Literatura e Filosofia. São Luis: EDUFMA, 2016.

QUINTILIANO. Instituição Oratória. Tomo IV. Trad. Bruno Fregni Bassetto. Campinas: Unicamp.

RAGUSA, Giuliana. Lira grega. Antologia de poesia arcaica. Trad. de Giuliana Ragusa. São Paulo:

Hedra, 2013.

REVISTA SUPER INTERESSANTE [online]. Deus Apolo inspirou uso da coroa de louro. Disponível

em: <http://super.abril.com.br/historia/deus-apolo-inspirou-o-uso-de-coroa-de-louro/> Acesso

em: 21 mar 2017.

SANTOS, Halysson Frankleynyelly Dias. Exige monumentum aere perennius: poesia épica e memória

no Caramuru de Santa Rita Durão. 2009. 201f . Dissertação (Mestrado em Memória: Linguagem

e Sociedade) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2009. Disponível

em: <http://www.uesb.br/ppgmemorials/dissertacoes/Santos_HFD.pdf> Acesso em: 19 fev.

SILVA, Camilla Ferreira Paulino da. A construção da imagem de Otávio, Cleópatra e Marco

Antônio entre moedas e poemas (44 a 27 a.c.). 2014. 198 f. Dissertação (Mestrado em História

Social das Relações Políticas) - Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2014. Disponível

em: < http://portais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_5849_Camilla%20Disserta%E7ao%20finalizada.

pdf> Acesso em: 27 fev. 2017.

STEINER, George. O leitor incomum. Rio de Janeiro: Record, 2001. Disponível em: < http://filosofia.

ufsc.br/files/2013/04/George-Steiner-O-Leitor-Incomum1.pdf> Acesso em: 27 fev 2017.

TAMEN, Pedro. Caronte e a memória. São Paulo: Escrituras, 2004.

Pubblicato

2019-01-05

Come citare

Feitosa, F. dos S., & Quevedo, R. C. (2019). Tópicas da temporalidade na poesia contemporânea de língua portuguesa. Revista Interdisciplinar Em Cultura E Sociedade, 4(Espec), 455–468. Recuperato da https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/10543

Fascicolo

Sezione

Eixo 2 - Gênero, Literatura e Filosofia