Reality Show Pentecostal: o acolhimento de usuários problemáticos de substâncias transmitido nas redes sociais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18764/1983-2850v17n50.2024.20

Palavras-chave:

usuários de SPAs, redes sociais, pentecostalismo

Resumo

Recentemente, tem-se notado a profusão de instituições e iniciativas comumente denominadas como “centros de recuperação”, “projetos” ou “institutos” entre os investimentos religiosos que visam atender usuários problemáticos de substâncias psicoativas (SPAs). Estas instituições e iniciativas, que se espalham pelas regiões metropolitanas do país,
demostram inédita desenvoltura com o uso de redes sociais e muitas delas fazem uso dessas plataformas para compartilhar o dia a dia daqueles que por elas são acolhidos. Na tentativa de esboçar certa compreensão no que se refere às instituições
e iniciativas de caráter religioso que transmitem massivamente nas redes sociais o acolhimento de usuários problemáticos de SPAs, esta pesquisa propõe uma etnografia virtual dos perfis mantidos no Youtube e Facebook por uma iniciativa pentecostal entre os anos de 2022 e 2023. Entre os principais resultados da pesquisa estão a compreensão de que a iniciativa em tela opera tal qual um reality show, ao mesmo tempo em que transforma os testemunhos de seus acolhidos em uma forma de angariar “curtidas” e novos seguidores nas redes sociais.  

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Janine Targino, Universidade Candido Mendes/Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro; Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Possui bacharelado em Ciências Sociais (2008), licenciatura em Ciências Sociais (2008), mestrado em Ciências Sociais (2010) e doutorado em Ciências Sociais (2014) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Também possui pós-doutorado em Sociologia Política pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2018). Atualmente é professora adjunta na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e professora e pesquisadora no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro da Universidade Candido Mendes (IUPERJ-UCAM), onde atua no Programa de Pós-graduação em Sociologia Política e como coordenadora da especialização em Sociologia Política. Tem experiência em Sociologia e Antropologia, com ênfase em Sociologia da Religião, Antropologia da Religião e Antropologia das Drogas. É membra da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), da Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas (ABRAMD) e vice-líder do Núcleo de Estudos da Religião (NUER). Integra os grupos de pesquisa: Grupo de Estudos e Pesquisas Urbanas e Regionais (GEPUR); Núcleo de Pesquisa Estudos Afro-Asiáticos (NEAA); Fundamentos: observatório dos fundamentalismos e conservadorismos contemporâneos; Laboratório dos imaginários e conservadorismos (LAICOS); CEPODE - Centro de Estudos Sobre Política, Democracia e Estado.

Referências

BIRMAN, Patrícia. Males e malefícios no discurso neopentecostal. In; BIRMAN, Patrícia; NOVAES, Regina; CRESPO, Samira. (Org.). O mal à brasileira. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1997.

CARRANZA, Brenda. Catolicismo midiático. In: Faustino Teixeira; Renata Menezes. (Org.). As Religiões no Brasil: continuidade e rupturas. 1ed.Petrópolis: Vozes, 2006, v. 1, p. 69-87.

CORDEIRO, Veridiana Domingos; GOMES, Letícia Simões; WAIZBORT, Leopoldo. (2023). A formação da sociologia digital: emergência de uma nova especialidade na sociologia ou um campo para repensar a própria sociologia? Plural, 30(01), 5-22.

CUNHA, Magali. Política, mídia e religião: o ativismo progressista entre evangélicos brasileiros por meio do Facebook e do Twitter. Comunicação & Sociedade (Online), v. 39, p. 218-244, 2017a.

________________. Do Púlpito às Mídias Sociais. Evangélicos na Política e Ativismo Digital. 1. ed. Curitiba: Prismas, 2017b. v. 1. 246p.

FONSECA, Alexandre Brasil C. Lideranças evangélicas na mídia: trajetórias na política e na sociedade civil. Religião & Sociedade. Rio de Janeiro: Iser, v. 19, nº 1, junho, p. 85-112. 1998.

________________. Evangélicos e mídia no Brasil. Bragança Paulista: Edusf; Curitiba: Faculdade São Boaventura, 2003.

HOOVER, Stewart. Mídia e religião: premissas e implicações para os campos acadêmico e midiático. Comunicação & Sociedade, vol. 35, n. 2, p. 41-68, 2014.

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Nota Técnica nº 21 (Diest): Perfil das comunidades terapêuticas brasileiras. Brasília: IPEA, 2017.

LOECK, Jardel. Comunidades terapêuticas e a transformação moral dos indivíduos: entre o religioso - espiritual e o técnico - científico. In: SANTOS, Maria Paula (org). Comunidades terapêuticas: temas para reflexão. Rio de Janeiro: IPEA, 2018. p. 77-100.

MACHADO, Maria das Dores Campos. Carismáticos e Pentecostais: adesão religiosa na esfera familiar. Campinas: Autores Associados, 1996.

MARIZ, Cecília L. Libertação e ética: uma análise do discurso de pentecostais que se recuperaram do alcoolismo. In; ANTONIAZZI, Alberto. et al. Nem anjos, nem demônios. Petrópolis: Vozes, 1994.

________________. O Demônio e os pentecostais no Brasil. In: BIRMAN, Patrícia; NOVAES, Regina; CRESPO, Samira. (Org.). In; O mal à brasileira. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1997.

_______________. A Rede Vida: o catolicismo na TV. Cadernos de Antropologia e Imagem. Rio de Janeiro: NAI, v. 7, nº 20, pp. 41-51, 1998.

_______________. A teologia da guerra espiritual: uma revisão da literatura sócio-antropológica. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 47, p. 33-48, 1999.

PINEZI, Ana Keila. O mal exorcizado. Revista Impulso, Piracicaba, v. 14, p. 65-73, 2003.

ROLIM, Francisco Cartaxo. O que é Pentecostalismo. São Paulo: Brasiliense, 1987.

SÁ, Simone Pereira. O samba em rede: Comunidades virtuais, dinâmicas identitárias e carnaval carioca. Rio de Janeiro: E-papers, 2005.

SANTOS, Flávia Martins; GOMES, Suely Henrique de Aquino. (2013). Etnografia virtual na prática: Análise dos procedimentos metodológicos observados em estudos empíricos em cibercultura. In 7o Simpósio Nacional da Associação Brasileira de Cibercultura, São Paulo.

SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2016.

SMILDE, David. Razão para crer: agência cultural no movimento evangélico latino-americano. Rio de Janeiro: Eduerj, 2012.

SOARES, Samara Sousa Diniz; STENGEL, Márcia. Netnografia e a pesquisa científica na internet. PSICOLOGIA USP (IMPRESSO), v. 32, p. 1-11, 2021.

SOUZA, Solange Jobim; CARVALHO, Cíntia de Sousa. Ética e pesquisa: o compromisso com o discurso do outro. Rev. Polis Psique, Porto Alegre, v. 6, n. spe, p. 98-112, jan. 2016.

TARGINO, Janine. A espiritualidade no atendimento de mulheres usuárias de substâncias. Horizonte, Belo Horizonte, v. 19, n. 60, p. 1078 - 1095, set./dez. 2021.

________________. Interfaces entre religião, uso problemático de drogas, moralidades e gênero em comunidades terapêuticas. In: RUI, Taniele; FIORE, Mauricio (editores). Working Paper Series: comunidades terapêuticas no Brasil. Brooklyn: Social Science Research Council, junho de 2021.

TEIXEIRA, César. A teia do bandido: um estudo sobre bandidos, policiais, evangélicos e agentes sociais. Tese de doutorado – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

________________. O testemunho e a produção de valor moral: observações etnográficas sobre um centro de recuperação evangélico. Religião e Sociedade, v.36, n. 2, p.107-134, 2016.

VIANA, Silvia. Rituais de sofrimento. São Paulo: Boitempo, 2012.

Downloads

Publicado

2024-09-27

Como Citar

TARGINO, Janine.
Reality Show Pentecostal: o acolhimento de usuários problemáticos de substâncias transmitido nas redes sociais
. Revista Brasileira de História das Religiões, v. 17, n. 50, p. 1–17, 27 Set 2024 Disponível em: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/23894. Acesso em: 21 dez 2024.