O PARDO EM QUESTÃO: a mestiçagem como dispositivo político e como processo de tensão das identidades

Autori

  • Hortência Sousa Rocha
  • Ramon Luis de Santana Alcântara Universidade Federal do Maranhão

DOI:

https://doi.org/10.18764/2595-1033v5n12.2022.16

Parole chiave:

pardo, mestiçagem, identidade

Abstract

O termo pardo carrega um sentido de indefinição, remete a uma condição “nem preta e nem branca”, designando aqueles sujeitos que não se encaixam numa razão dual racial. Com a adoção da política de ações afirmativas por universidades, o debate sobre qual é o lugar do pardo reacendeu. Para o Estado e movimentos sociais os sujeitos que se identificam como pardos pertencem à população negra, entretanto tal convenção não é um consenso entre a população.  O presente ensaio teórico tem como objetivo refletir sobre a posicionalidade do pardo a partir da discussão da mestiçagem em duas perspectivas: a) a mestiçagem como dispositivo político; e b) a mestiçagem enquanto processo que tensiona categorias fixas com base nos conceitos de “hibridismo” e “la consciencia mestiza”. 

 

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografie autore

Hortência Sousa Rocha

Formada em Psicologia pela Universidade Federal do Piauí e mestranda no Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Maranhão.

Ramon Luis de Santana Alcântara, Universidade Federal do Maranhão

Professor do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação de Psicologia da UFMA

Riferimenti bibliografici

ANZALDÚA, Gloria. La conciencia de la mestiza: rumo a uma nova consciência. Revista Estudos Feministas [online], v. 13, n. 3, p. 704-719, 2005. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-026X2005000300015>. Acesso em 3 Out. 2021.

BENTO, Maria Aparecida. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CARONE, I.; BENTO, M. A. S. Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. ed. 6. Petropólis: Vozes, 2014, p. 25-58.

BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

CARDOSO, Lourenço. O branco ante a rebeldia do desejo: um estudo sobre a branquitude no Brasil. Tese (doutorado em Ciências Sociais). Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, p. 290, Araraquara: 2014.

CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.

CARONE, Iray. Breve histórico de uma pesquisa psicossocial sobre a questão racial brasileira. In: ________.; BENTO, M. A. S. Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. ed. 6. Petropólis: Vozes, 2014, p. 13-24.

COSTA, Sérgio. A mestiçagem e seus contrários - etnicidade e nacionalidade no Brasil contemporâneo. Tempo Social, v. 13, n.1, p.143-158, 2001.

DAFLON, Verônica Toste. Tão longe, tão perto: pretos e pardos e o enigma racial brasileiro, 2014, 198 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

DOMINGUES, Petrônio. Movimento Negro Brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo, v. 12, n. 23, p. 100-122, 2007.

FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. ed. 8. São Paulo: Globo, 2008.

FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. ed. 48. São Paulo: Global, 2003.

GOMES, Lauro Felipe Eusébio. Ser Pardo: O limbo identitário-racial brasileiro e a reivindicação da identidade. Cadernos de gênero e diversidade, v. 5, p. 66-78, 2019. Disponível em <https://portalseer.ufba.br/index.php/cadgendiv/article/view/31930/18982> Acesso em: 16 out. 2020.

GONZÁLEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo brasileiro. n. 92/93, p. 69-82, 1988.

GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Classes, raças e democracia. São Paulo: Fundação de Apoio da Universidade de São Paulo, 2002.

HOFBAUER, Andreas. Uma história de branqueamento ou o negro em questão? São Paulo: Editora Unesp, 2006

HOFBAUER. Branqueamento e democracia racial: sobre as entranhas do racismo no Brasil. In: ZANINI, Maria Catarina Chitolina (org.). Por que “raça”? Reflexões sobre “questão racial” no cinema e na antropologia. Santa Maria: Editora UFSM, 2007.

KERN, Daniela. O conceito de hibridismo ontem e hoje: ruptura e contato. MÉTIS: história & cultura – v. 3, n. 6, p. 53-70, 2004.

MOUFFE, Chantal. Por uma política da identidade nômade. Debate feminista, p. 266-275, 1999.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem: identidade nacional versus identidade negra. Petrópolis: Vozes, 1999.

NASCIMENTO, Abdias. O Genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.

NOGUEIRA, Oracy. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem: sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, vol. 19, n.1, nov., p. 287-308, 2006.

OSÓRIO, Rafael. O sistema de classificação de cor ou raça do IBGE. Brasília: IPEA, 2003.

REIS, Eneida. A. Mulato-não-negro e/ou branco-não-branco. São Paulo: Editora Altana, 2002.

SANTOS, Boaventura Souza. Entre próspero e Caliban: colonialismo, pós-colonialismo e interidentidade. Novos estudos, n. 66, p. 23-52, 2003.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Famílias inter-raciais: tensões entre cor e amor. Salvador: Edufba, 2018.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e a questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1993.

SCHWARCZ. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na sociabilidade brasileira. São Paulo : Claro Enigma, 2012.

SILVA, Graziella Moraes; LEÃO, Luciana T. de Souza. O paradoxo da mistura: identidades, desigualdades e percepção de discriminação entre brasileiros pardos. Revista Brasileira de Ciências Sociais [online]. 2012, v. 27, n. 80, p. 117-133. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-69092012000300007>. Acessado 3 Outubro 2021.

SILVA, Mozart Linhares. Considerações sobre o dilema entre cor/raça/mestiçagem e ações afirmativas no Brasil. Reflexão & Ação, v. 18, p. 8-29, 2010.

SILVA, Tadeu Tomaz (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. ed. 15. Petropólis: Vozes, 2014.

STAROBINSKI, Jean. É possível definir o Ensaio? Remate de Males: Revista de Teoria e História Literária, v. 31, n. 1-2, p. 13-24, 2011.

TADEI, Emanuel. A mestiçagem enquanto um dispositivo de poder e a constituição da identidade nacional. Psicologia, ciência e profissão, v. 22, n.4, 2002.

VÉRAN, Jean-François. ‘Nação Mestiça': As políticas étnico-raciais vistas da periferia de Manaus. Dilemas: Revista de estudos de conflito e controle social, v. 3, n. 9, p. 21-49, 2010.

WESCHENFELDER, Viviane Inês; SILVA, Mozart Linhares. A cor da mestiçagem: o pardo e a produção de subjetividades negras no Brasil contemporâneo. Análise Social, n. 227, p. 308-330, 2018.

##submission.downloads##

Pubblicato

2022-05-03

Come citare

Rocha, H. S., & Alcântara, R. L. de S. (2022). O PARDO EM QUESTÃO: a mestiçagem como dispositivo político e como processo de tensão das identidades. Kwanissa: Revista De Estudos Africanos E Afro-Brasileiros, 5(12). https://doi.org/10.18764/2595-1033v5n12.2022.16

Fascicolo

Sezione

Artigos