Kwanissa: Revista de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa <p>A Kwanissa – Revista de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros é um periódico científico, publicado semestralmente pela Universidade Federal do Maranhão. </p> <p>O periódico tem como foco a publicação de artigos, resenhas, relatos de experiências, ensaios que debatam tanto o continente africano como a sua diáspora. Sendo assim, a revista tem foco em questões atuais e da história do continente como das populações afro da diápora pelo mundo.</p> <p>Os focos de publicação são: História e Cultura Africana e Afro-Diaspórica; Relações étnico-raciais; Educação das relações étnico-raciais e as leis 10.639/03 e 11.645/08; Legislações referentes às diretrizes de educação das relações étnico raciais e da educação quilombola; Políticas Públicas de promoção da igualdade racial; lém de estudos que envolvam a diáspora africana em sua amplitude, com temas acerca do território, cultura, religião, conflitos, ciências de forma geral abrangendo a diáspora. A revista também tem como foco temas acerca do gênero e suas interseccionalidades; Direito e políticas na diáspora africana.</p> <p>O continente africano é também referência de publicação na revista, com o interese em textos que abranjam esse território, passando pela multidisciplinaridade. Assim, geografia, ciências naturais e da saúde, ciências sociais, história, arqueologia, dentre outras são de interesse do periódico para a publicação. Sendo assim, também são foco da revista: Cidades e o urbano no continente africano; Exploração de recursos, mobilizações e conflitos em África; A sociedades, línguas e culturas; Religiosidades, dentre outros que tenham o território e as sociedades africanas como referência.</p> <p>ISSN 2595-1033</p> <p>Periodicidade: Semestral</p> <p><strong>Qualis/CAPES (2017-2020): B2</strong></p> Universidade Federal do Maranhão pt-BR Kwanissa: Revista de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros 2595-1033 Direitos autorais Kwanissa: Revista de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros <br /><br /> <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/" rel="license"><img style="border-width: 0;" src="http://i.creativecommons.org/l/by-nc-nd/4.0/88x31.png" alt="Licença Creative Commons" /></a><br />Este obra está licenciado com uma Licença <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/" rel="license">Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional</a>. RAÇA E CLASSE NA CONFIGURAÇÃO DA PROSTITUIÇÃO https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/18857 <p>Este artigo buscou interpretar o relato biográfico de Catarina, mulher negra, nortista e amazônida, em situação de prostituição de rua, no município de Nova Olinda-TO. Buscando suporte em uma análise interseccional (DAVIS, 2016) e a partir da história de vida de Catarina, investigamos o destaque que adquiriu o corpo feminino por meio da maternidade, sexualidade e raça, observando como isso se transformou em um instrumento de subalternização da mulher, inclusive por meio da prostituição. Como resultado desta investigação, observamos que os padrões racistas, classistas e de gênero foram mobilizados pelas estruturas de opressão como instrumentos para a exclusão de Catarina, representativa de inúmeras mulheres, principalmente por meio da estigmatização racista e de gênero, o que definiu a prostituição como lugar social dessa mulher negra.</p> <p> </p> Bruna de Souza da Silva Olivia Macedo Miranda de Medeiros Naiane Vieira dos Reis Copyright (c) 2023 Kwanissa: Revista de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 05 28 10.18764/2595-1033v6n14.2023.1 (RE) PENSANDO AS RELAÇÕES BRASIL E PAISES AFRICANOS DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA (PALOP) E DESAFIOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/19173 <p>Objetiva-se com este estudo refletir sobre os desafios das políticas públicas brasileiras na adaptação de migrantes africanos no Brasil, levando-se em consideração o acordo estabelecido entre Brasil e países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP). Adotou-se na metodologia a abordagem qualitativa e de objetivos exploratórios, na qual utilizou-se para coleta de dados os levantamentos bibliográfico e documental, bem como a análise de conteúdo para organização e classificação dos materiais. Os resultados apontaram que os desafios impostos ao Governo brasileiro, referentes à adaptação desses imigrantes são inúmeras e estão relacionadas aos aspectos jurídicos, econômico, social e cultural, tais como: inserção no mercado de trabalho formal, disfunção burocrática (REDTAPE), a legalização junto a polícia federal, a inserção no CAD-único do governo federal, políticas públicas na área da saúde (feminino), e educacionais. Diante destes problemas públicos, o governo brasileiro tem buscado parcerias com outros atores, como o Comité Nacional para os Refugiados (Conare) e a Organização Internacional para os Imigrantes (OIM) para tentar amenizar a situação desses migrantes africanos e facilitar a sua adaptação.</p> <p> </p> Ramos João Sacaia Fernando Flávio Facha Gaspar Ângela Roberta Lucas Leite Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 29 45 10.18764/2595-1033v6n14.2023.2 ÁFRICA E TRADIÇÃO ORAL https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/19611 <p>Neste artigo analisamos as contribuições teórico-metodológicas da tradição oral de base africana para o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na Educação Básica. Apresentamos concepções acerca da tradição oral de base africana; discutimos a finalidade política e pedagógica dos mitos para sociedades africanas antigas e como se relacionam com nossas demandas teórico-metodológicas para o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na educação básica. Trata-se de uma pesquisa qualitativa tendo por procedimentos a pesquisa bibliográfica com base em estudos sobre a tradição oral, utilizando como principais fontes, Amadou Hampatê Bâ (2003; 2010), Joseph Ki-Zerbo (2010), Nwankwo Martins (2012), além de fontes relacionadas ao ensino de africanidades no Brasil, tais como Petronilha Silva, Nilma Gomes e Kabenguele Munanga. Consideramos que ensinar história e cultura africana tem a ver com a busca pela ancestralidade silenciada pelo racismo, assim como entendemos que ensinar história e cultura afro-brasileira é valorizar a herança ancestral mantendo firme a resistência e a busca pela emancipação humana.</p> <p> </p> Luanda Martins Campos Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 46 59 10.18764/2595-1033v6n14.2023.3 O SISTEMA EDUCATIVO NA GUINÉ-BISSAU https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/19698 <p>Este artigo discute sobre o sistema educacional com ênfase na análise do processo da evasão escolar e o currículo nas escolas do ensino secundário na Guiné-Bissau. Neste intento, o artigo objetiva-se em compreender as razões da evasão e abandono escolar no ensino secundário. Considerando a natureza do objeto, foi utilizado neste trabalho, o procedimento metodológico qualitativo centrado na análise bibliográfica e documental, através das publicações científicas em periódicos tais como livros, artigos, monografias, documentos, teses e entre outras em busca de informações relevantes e pertinentes para o desenvolvimento da nossa temática. De acordo com as informações sobre o tema analisadas neste presente estudo, percebe-se que para minimizar as futuras consequências no setor educativo, o Estado deveria criar as políticas públicas educacionais voltadas à estabilidade dos sistemas de ensino para possibilitar o maior acesso e a permanência das pessoas mais desfavorecidas do ponto de vista socioeconômica para garantir uma educação igualitária e de qualidade para todos. Por fim, a fragilidade do sector educativo guineense, está relacionada a ausência de investimento na área da educação escolar, na formação de professores e na infraestrutura que possibilite condições para a aprendizagem dos alunos.</p> <p> </p> Nelsio Gomes Correia Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 60 82 10.18764/2595-1033v6n14.2023.4 MEMÓRIA, RACISMO E POLÍTICA https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/20446 <p>Temos como objetivo de conferir as representações fílmicas sobre um episódio ocorrido em Cuba a princípios do século XX, que foi a perseguição, prisão e matança, a cargo do governo de José Miguel Gómez (Partido Liberal), de membros do <em>Partido Independiente de Color</em>, organização que pretendia combater o racismo nas diferentes esferas institucionais do país. O tema foi analisado na série em três documentários, com cerca de uma hora cada, intitulada <em>1912, Voces para un silencio</em>, dirigida por Gloria Rolando entre 2010 e 2013, no contexto do centenário da repressão. A análise fílmica da série será realizada dentro do campo dos estudos entre Cinema e História, e terá por finalidade conferir três dimensões da obra. A primeira será sobre os documentos e discursos mobilizados, que conjugam documentos institucionais, fotografias, canções, páginas de jornais e charges. A segunda discutirá a seleção de protagonistas, em especial historiadores/as e as mulheres negras do século passado e presente. A terceira estará centrada nos temas raciais discutidos em diferentes momentos históricos do passado cubano apresentados na trilogia. Nossa hipótese é de que a obra busca legitimar o tema do racismo na ilha na historiografia nacional, com o apoio das vozes denunciadoras do passado descortinado. Como base teórica, dialogaremos com distintos/as pensadores/as como Jacques Rancière, Michael Pollack, Michel-Rolph Trouillot, Hayden White, Aline Helg e Alejandro de la Fuente.</p> <p> </p> Alexsandro de Sousa e Silva Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 83 99 10.18764/2595-1033v6n14.2023.5 OS SABERES LOCAIS E O DIREITO COSTUMEIRO NO CURRÍCULO EM MOÇAMBIQUE https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/20462 <p>O presente artigo <em>Os saberes locais e o direito costumeiro no currículo em Moçambique: uma fundamentação epistemológica </em>enquadra-se nas <em>epistemologias outras</em> e se propõe a discutir sobre a o estatuto epistemológico dos saberes locais e do direito costumeiro no currículo e a sua relação com os saberes escolares. O nosso pressuposto é de que os saberes locais e o direito costumeiro são a fonte do conhecimento e do direito positivo. A sua fundamentação epistemológica no currículo é feita pelos especialistas de educação, do direito, políticos e pesquisadores de diferentes domínios de saber. Em Moçambique, a fundamentação epistemológica da cultura, dos saberes locais e das práticas costumeiras na escola, ganhou ênfase com a introdução do currículo local, uma componente do currículo nacional que integra conteúdos culturais relevantes para aprendizagem, em 2004. A pesquisa se fundamenta em trabalhos publicados de autores, como: Santos (1997, 2009); Castiano (2013, 2015) Basílio (2012, 2013, 2019), Geertz (1989, 2003), INDE (2004), Lyotard (1989). Em termos metodológicos, a pesquisa é bibliográfica. Os autores entendem que a temática é fundamental porque permite compreender a relação epistemológica entre os saberes e as práticas culturais locais e o currículo enriquecendo, desta forma, a literatura educacional em Moçambique.</p> <p> </p> Guilherme Basilio Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 100 120 10.18764/2595-1033v6n14.2023.6 ENTRE PRESERVAR E TRANSFORMAR https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/20466 <p>Este trabalho trata de práticas culturais das gerações mais novas de uma comunidade quilombola do Sertão nordestino, localizada no município de Água Branca-AL, Brasil. Foram realizadas 11 oficinas com 37 crianças quilombolas e 2 idosos/as. A partir do protagonismo das crianças, foram executadas caminhadas pelo território, rodas de conversas, diálogos intergeracionais, brincadeiras e confecção de brinquedos ensinados por essas gerações. Com as atividades realizadas, os/as participantes mais jovens explicitaram sua identidade quilombola ligada essencialmente ao que fazem no território; envolvendo práticas culturais específicas da sua posição geracional enquanto crianças. Identificamos como exemplos dessas práticas: cantigas populares; brincar de ximbra; confeccionar bonecas e petecas de milho, carrinhos de bananeira e/ou de lata; se envolver (ou não) no artesanato local; cantar e dançar funk. Com base nestas experiências e nos estudos de culturas infantis, compreendemos que, ao mesmo tempo em que as crianças preservam parte da tradição popular, passada de geração em geração, elas também são catalisadoras de algumas transformações culturais locais. Como conclusão, é relevante a desconstrução da imagem generalizada dos quilombos apenas como <em>locus </em>de transmissão e reprodução das tradições, bem como das crianças marcadamente como receptoras da cultura dos/as mais velhos/as.</p> <p> </p> Lisa Victória Lopes Gonzaga de Souza Suzana Santos Libardi Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 121 144 10.18764/2595-1033v6n14.2023.7 ESPAÇO, LUGAR E APROPRIAÇÃO EM NARRATIVAS COLONIAIS https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/20484 <p>As linhas que seguem são uma tentativa de verificar a potencialidade de se investigar a relação entre espaço e sociedade na região de Kassanje, Angola, no século XIX, buscando compreender a utilização de relatos coloniais para inserir os subsídios espaciais para além de palco de acontecimentos, mas como um elemento importante na construção de narrativas coloniais. Para tal, se lança atenção à narrativa produzida pelo Capitão e Diretor da feira de Kassanje, Antonio Rodrigues Neves, além do breve relato de seu superior, o Major Francisco de Salles Ferreira. Os testemunhos trazem elementos importantes para inferência não apenas por seus conteúdos, mas porque se inserem em uma produção colonial que está intimamente ligada ao contexto de conflitos abertos entre portugueses e africanos no entremeio do século XIX, pautado por ideais do liberalismo e da garantia de forças políticas crivadas por tensões comerciais herdadas da Independência do Brasil, da paulatina queda do comércio de escravizados e de tentativas outras de inserções comerciais em Angola. Tal objetivo permite abrir um leque de questões, como os motivos que levaram a historiografia a não depositar interesse na espacialidade do território Kassanje e tampouco a interação entre espaço e sociedade no contexto colonial africano oitocentista.</p> <p> </p> Felipe Vilas Bôas Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 145 163 10.18764/2595-1033v6n14.2023.8 AUTA DE SOUZA https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/20682 <p>Este artigo tem como objetivo destacar a perspectiva feminina e afro-brasileira na obra de Auta de Souza. Poetisa negra do final do século XIX que foi bem recebida pela elite e pela crítica literária, mas, em contrapartida, sofreu o embranquecimento físico e poético. Com base nas considerações acerca da poesia negra de autoria feminina, identificamos nos poemas da autora, extraídos do livro <em>Horto</em> (1900), os elementos característicos dessas produções literárias, como a feminilidade, o ponto de vista afroidentificado, o discurso contra hegemônico, etc. Ana Rita Santiago (2010), Conceição Evaristo (2005; 2007) e Miriam Alves (2011) foram algumas das referências utilizadas para fundamentar a discussão proposta. Assim, esta pesquisa é de natureza básica e caracteriza-se como qualitativa, utilizado como método a análise crítica, tendo como corpus de análise a obra Horto (1900), de autoria de Auta de Souza.</p> <p> </p> Mara Lívia Farias Cardoso Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 164 176 10.18764/2595-1033v6n14.2023.9 AS CORES DEBAIXO DA FARDA https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/20713 <p>O racismo institucional consiste em um fracasso para as instituições e organizações, quando se toma como parâmetro a diversidade étnico-racial da sociedade brasileira e o princípio da qualidade na prestação de serviços. Notadamente, esse fenômeno se faz presente no âmbito da segurança pública e atinge diretamente indivíduos negros e indígenas. Por isso, este artigo tem como principal objetivo analisar teoricamente as contribuições da Psicologia para o enfrentamento do racismo institucional, especialmente no que diz respeito ao contexto da polícia militar enquanto uma instituição pública. Organizando-se metodologicamente como um ensaio teórico e por meio de uma revisão bibliográfica, realizada nas principais bases de dados científicas brasileiras, esse texto busca se debruçar sobre o estudo acerca do constructo ideológico do racismo, sobretudo através de uma perspectiva estrutural e institucional. Assim, evidenciou-se, a relevância da Psicologia no desenvolvimento e condução de pesquisas acerca da temática racial. Além disso, verificou-se a necessidade de que mais trabalhos sejam realizados nesse e sobre esse campo extremamente complexo que é a polícia militar, a fim de ampliar a relação da instituição com a sociedade civil, bem como propiciar modificações efetivas nas iniquidades que possam existir nesse ambiente.</p> <p> </p> Jayne Thereza Nascimento Avelar Ramon Luis de Santana Alcântara Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 177 196 10.18764/2595-1033v6n14.2023.10 TALVEZ EU SEJA “PRETA DEMAIS” https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/20792 <p>Historicamente, mulheres negras experimentam múltiplas adversidades devido ao racismo e sexismo que refletem no seu campo afetivo. Para a sociedade, ser negra significa ser tomada, ser subjugada e sofrer violência. Entretanto, poucos são os estudos que abordam racismo, gênero e afetividade. O objetivo desta pesquisa foi compreender as implicações de ser mulher negra no campo afetivo. Como metodologia, adotou-se a pesquisa qualitativa construcionista social, que utiliza o Mapa de Associações de Ideias para a análise dos discursos de cinco mulheres autodeclaradas negras. Os resultados sugerem que a estética e mulheres negras são espaços em que o preconceito racial se retroalimenta, no campo afetivo. Quanto mais melanina, menos amor, mais humilhação e solidão. Os resultados foram apresentados em quatro temáticas juntamente com os discursos das participantes. Portanto, conclui-se que, quanto mais características africanas, menos amor e mais solidão afetiva. Contudo, as situações relatadas também sugerem a possibilidade de reversão desse processo com o aquilombamento, uma forma de resistência e possibilidade de novas formas de suporte entre as mulheres negras.</p> <p> </p> Josenaide Engracia dos Santos Ana Laura Gomes Moura Jessica Daiane Matias Silva Micaele Bastos Avelar Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 197 212 10.18764/2595-1033v6n14.2023.11 SOMOS A NEGRITUDE? https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/20869 <p>Embora seja um evento pouco estudado pela literatura até aqui consolidada, o I Festival Mundial de Artes Negras possui uma importância ímpar para a articulação panafricana da segunda metade do século XX. Concebido a partir dos ideais da Negritude e da proposta política e cultural de Léopold Senghor, o festival de 1966 não só promoveu o encontro de artistas e pensadores provenientes de diferentes espaços da África e da diáspora africana, como fez parte de um contexto político de descolonização em uma cartografia ainda decorrente das tensões da Guerra Fria e de projetos de alianças entre países do Terceiro Mundo. Inserido nesse complexo quadro histórico, o I FESMAN figurou como uma oportunidade para governos instrumentalizarem a cultura como possibilidade estratégica de formulação de unidade identitária e de projeção política no cenário internacional. Voltando a atenção para o caso brasileiro, o artigo diagrama as objetivações dos atores que participaram da organização da delegação do Brasil a partir de correspondências diplomáticas e de material jornalístico. Atento aos embates narrativos sobre cultura afro-brasileira, decodifica-se como a projeção do país no evento esteve alinhada à perspectiva da democracia racial.</p> <p> </p> Matheus Miranda Monteiro Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 213 239 10.18764/2595-1033v6n14.2023.12 AS SEGUNDAS NÚPCIAS DE FORROS https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/21322 <p>Pedro da Silva, crioulo forro, natural de Cabo Verde e João Damasceno, preto forro, natural do Rio Grande do Norte, foram dois homens marcados pelo estigma da escravidão. Suas trajetórias demonstraram ter em comum o desejo de se casarem novamente depois de ficarem viúvos. Os seus Autos de Justificação de Viuvez, documentos da Câmara Episcopal do Bispado do Maranhão, permitem lançar uma lente de aumento sobre questões muito importantes na sociedade colonial, tais como o matrimônio, a escravidão e a atuação dos vigários-gerais e provisores na tentativa de controle moral das populações mesmo em tempo de ausência dos bispos. Na normativa do Juízo Eclesiástico os trâmites exigidos para o casamento não eram diferentes para livres, escravizados ou libertos. Conforme a legislação todos os leigos deveriam passar pelos estágios exigidos pela Igreja para alcançarem o <em>status</em> de casados. Em ambos os casos, foi preciso a inquirição de testemunhas e a coleta de informações em mais de um espaço. Trataram-se de histórias que conectam Cabo Verde, Lisboa e o Maranhão, no caso de Pedro da Silva, e a Capitania do Piauí e o Maranhão, no caso de João Damasceno. O objetivo desta investigação é analisar como os processos de comprovação do estado de viúvo de dois homens forros permitem discutir a importância do sacramento do matrimônio numa sociedade escravista.</p> <p><strong>Palavras-chave:</strong> Viuvez, Casamento, Escravidão, Maranhão, vigários-gerais.</p> Pollyanna Gouveia Mendonça Muniz Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 240 253 10.18764/2595-1033v6n14.2023.13 UBUNTU https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/19083 <p>A lei 10.639/2003 instituiu o ensino de história e cultura afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares no Brasil. Entretanto, algumas universidades não oferecem este conteúdo em seus cursos de licenciatura, necessitando assim de capacitações como o “Curso Conhecendo a África e fortalecendo nossa identidade”, promovido pela Secretaria Municipal de Educação (Semed)/Maceió, para os/as professores/as da rede municipal, no período de 20 de outubro a 07 de dezembro de 2021. O objetivo deste artigo é relatar a experiência de oferta de três turmas deste curso, na modalidade de ensino híbrido e remoto, com tecnologias digitais. Metodologicamente, descreve-se a experiência, com a reação de cursistas e equipe pedagógica; segue uma abordagem qualitativa, com observação participante; baseia-se em relatos, observações <em>in loco</em> e relatórios finais. O curso possibilitou revisão da história, apresentando o continente africano e sua diversidade histórica e cultural e evidenciando a africanidade no estado de Alagoas e também na capital, Maceió. Conclui-se que, além de possibilitar um conhecimento ampliado da diversidade histórica, cultural e linguística da herança africana que compõe a formação social brasileira, desafiou todos a aprenderem também a utilizar tecnologias nas práticas pedagógicas, mostrando que podemos ser Ubuntu mesmo distanciados e nos mais diversos espaços.</p> <p> </p> Josenilda Rodrigues de Lima Zezito de Araújo Regina Maria Ferreira da Silva Lima Denise Aparecida Rocha Silva Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 288 303 10.18764/2595-1033v6n14.2023.16 (RE)ESISTÊNCIA, MARGEM E COMUNIDADES TRADICIONAIS https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/20202 <p>Este texto é resultado das articulações e reflexões tecidas em coletivo durante os encontros da Semana de Narrativas Insurgentes: Trocas e Partilhas entre os Jovens da Formação Política, envolvendo mais de 20 jovens de comunidades afetadas por grandes empreendimentos no Maranhão. Entre os dias 29 de junho a 3 de julho de 2020 das 14h às 17h estivemos reunidos via plataformas digitais (on-line) ouvindo, conversando e partilhando escutas de cura e que possibilitaram um olhar mais ampliado dos modos de enfrentamento da crise sanitária em contextos locais. Compartilhamos aqui as escutas e as falas como atos políticos que inscrevem corpos não brancos em lugares onde se está em jogo a permanência de estar vivo na contemporaneidade mesmo diante do Covid-19. Das escutas dos jovens cursistas da escola de formação política fica evidente que o que mais mata não é o vírus, mas o Estado com a expansão de trilhos, rodovias, avenidas, ferrovias e linhões sobre territórios de povos e comunidades tradicionais. Essa é uma pandemia histórica que rasga as geografias dos corpos territórios de bem viver que não desejam as políticas de morte da modernidade.</p> <p> </p> <p> </p> Dayanne da Silva Santos Gleydson de Castro Oliveira Joércio Pires da Silva Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 304 316 10.18764/2595-1033v6n14.2023.17 CAMINHOS METODOLÓGICOS EM UMA DISSERTAÇÃO SOBRE PROFESSORAS PRETAS https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/20506 <p>Mergulhar na realidade do mundo das professoras negras foi um dos mais potentes desafios encontrados ao longo deste percurso de pesquisa. Através deste estudo, desenvolvido na linha de pesquisa identidades, culturas e diferenças do Programa de Pós-Graduação em Educação, PPGEdu, das professoras negras e suas vivências através delas próprias, dentro de uma visão do pensamento feminista negro na educação, foi possível pensar uma investigação com o método da história oral como base em uma pretensa metodologia de descolonização epistêmica. Utilizando-se epistemologias de autores e autoras com escritas densas sobre as questões afro-diaspóricas, afro-feministas e afro-brasileiras. Uma epistemologia com princípios referentes à: experiência vivida como critério de significação; o uso do diálogo para avaliar o conhecimento; ética do cuidado nas emoções; ética da responsabilidade pessoal; e as mulheres negras como agentes do conhecimento. Ao investigar com esse olhar, não foi <a href="https://docs.google.com/document/d/1x02GZtv5mW6reiD5Xu-ODOhYccM0U-TO/edit#heading=h.lnxbz9">uma mulher guerreira</a>, mas cinco que inspiraram discutir modos de fazer pesquisa sobre ela e com elas. Dessa forma, aqui trazem-se notas de uma dissertação de mestrado, com recorte na construção metodológica para transgredir, ao menos um pouco, o sistema pouco flexível da academia. Reitera-se que é uma proposta construída sob aprendizados e saberes, desse modo, como homenagem em cada seção, utiliza-se uma frase dita pelas co-autoras professoras negras que contribuíram nesse processo.</p> <p> </p> Izabel Espindola Barbosa Raquel Pereira Quadrado Eliane Almeida de Souza Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 276 287 10.18764/2595-1033v6n14.2023.15 SISTEMAS TRADICIONAIS AFRICANOS DE MEDICINA E SEU LEGADO À CULTURA BRASILEIRA https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/20740 <p>Buscamos apresentar neste ensaio a defesa de que cuidado em saúde é prática humana anterior à sistematização da medicina ocidental e das profissões do campo da saúde ocidental como conhecemos hoje e que, portanto, desde as primeiras sociedades (africanas) é produzido conhecimento e tecnologia de cuidado que podem ser organizados em sistemas tradicionais de medicina. Entre as sociedades africanas modernas, existentes à época da escravização e consequente colonização do território africano, havia sistemas tradicionais de medicina próprios de cada cultura. Sobre alguns, pouco se sabe, devido ao próprio processo de etnocídio e apagamento histórico e científico sofrido por sociedades africanas. Contudo, pela resistência de vários praticantes, dentro e fora do continente africano, foi possível preservar conhecimentos e tecnologias oriundos de alguns desses sistemas. No caso das etnias que chegaram ao Brasil, seus conhecimentos contribuíram para o desenvolvimento da cultura brasileira, especialmente a cultura de cuidado alternativo e popular em saúde, bem como da fitoterapia brasileira. É sobre esse contexto que este ensaio se refere, na busca de alimentar o debate sobre o tema e fomentar a construção de uma outra narrativa sobre as práticas afro-brasileiras de cuidado em saúde e sobre as sociedades africanas e sua inventividade e sagacidade.</p> <p> </p> Carlos Alexandre Rodrigues Pereira Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 254 275 10.18764/2595-1033v6n14.2023.14 LIESAFRO E KWANISSA NA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS DIASPÓRICAS E EMANCIPATÓRIOS https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/22312 Rosenverck Estrela Santos Copyright (c) 2023 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-27 2023-09-27 6 14 01 04