“O CORPO” DE CLARICE LISPECTOR: PERCEPÇÕES A PARTIR DA TEORIA FEMINISTA E DOS ESTUDOS DE GÊNERO
Resumo
As pesquisas no campo da teoria feminista e dos estudos de gênero têm possibilitado um entendimento ampliado dos corpos, transcendendo sua dimensão biológica, e contribuem com novas perspectivas sobre as representações dos corpos na literatura. Nesse sentido, este artigo traz uma reflexão literária e política do conto “O corpo”, selecionado da coletânea A via crucis do corpo (1974), de Clarice Lispector. A partir da leitura de pesquisas sobre a obra da escritora, comentam-se aspectos de destaque do livro como um todo. Para a análise do conto, recorre-se à teoria feminista e aos estudos de gênero, particularmente às noções de heterossexualidade compulsória e continuum lésbico, da escritora Adrienne Rich, e ao conceito de sujeitos do sexo/gênero/desejo, da filósofa Judith Butler, a fim de explorar as possíveis repercussões da ideia de corpo nas personagens do texto literário selecionado. Também aportam substancialmente para este artigo a filósofa Simone de Beauvoir e a professora Guacira Lopes Louro, com sua obra O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Em suas dimensões histórica, política e cultural, o corpo na narrativa analisada é entendido enquanto a estrutura física e individualizada do ser, que se investe de significados pela cultura, e enquanto realidade carnal, que viabiliza dores e prazeres, que comete excessos e sobrevive às perdas, que vibra e se deteriora.Downloads
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