QUEM TE DISSE QUE O NEGRO NASCEU PRA SER ESCRAVO? Memórias de liberdade, narrativas de autonomia nos caminhos de mato e a formação de um grande território negro na região de Itapecuru-Mirim/MA

Autores

  • Carla Cristina Barros Pinheiro
  • Cindia Brustolin
  • Dayanne da Silva Santos

Resumo

Este trabalho apresenta narrativas e memórias do período do pós-abolição (1888- 1950) em territórios quilombolas de Itapecuru Mirim. As narrativas permitem compreender os processos de autonomia e liberdade na formação de um grande território negro na região a partir do viver e do caminhar pelos matos e pelas águas, acionando um espaço comandando por grupos negros. O trabalho foi realizado a partir de revisão bibliográfica e de entrevistas com lideranças dos territórios quilombolas da região. Como resultados, discutimos a formação de um grande território negro, relativamente autônomo e liderado pelos grupos negros, que apontam a liberdade e o respeito no caminhar nos matos e se deparar com todo tipo de fruto, no passar nos caminhos de matos e respeitar os povoados, no festejar. Essas memórias de um período de autonomia são acionadas em detrimento do avanço de empreendimentos desenvolvimentistas, ligados à construção do Corredor Carajás, e de fazendas sobre o espaço territorial negro, desde a década de 1950.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carla Cristina Barros Pinheiro

Mestranda no Programa de Pós Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia - UEMA. Graduada em Licenciatura em História pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Membra do Coletivo Negro da UFMA (CONEGRU). membra do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA), registrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq e Centro Membro Pleno do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO). É membra do Grupo de Trabalho Fronteras, Regionalización y Globalización en América do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO). Compõe a Comissão Político Pedagógica do Curso de Formação Política (realização: Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente - GEDMMA - e Rede Justiça nos Trilhos - JNT.)  Pesquisas realizadas com  povos e comunidades tradicionais; escravidão; pós abolição; liberdade e autonomia.

Cindia Brustolin

Professora Dr. Departamento de Sociologia e antropologia da UFMA.  Coordenadora do Grupo de Estudos: desenvolvimento, Modernidade e Meio ambiente (GEDMMA – UFMA).

Dayanne da Silva Santos

Mulher negra, ativista, educadora popular e de terreiro. Doutoranda do programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFRGS e integrante do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA/UFMA)

Referências

ASSUNÇÃO, Matthias R. Quilombos maranhenses. In. REIS, João José & GOMES, Flávio dos Santos [Orgs.]. Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

________. A memória do tempo de cativeiro no Maranhão. Tempo [online]. 2010, v.15, n.29, pp.67-110. ISSN 1413-7704. https://doi.org/10.1590/S1413-77042010000200004.

________.De caboclos a bem-te-vis: formação do campesinato numa sociedade escravista: Maranhão, 1800 – 1850. São Paulo: Annablume, 2015.

COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. 6.ed. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999.

DA CUNHA, Olívia Maria Gomes e GOMES, Flávio dos Santos. Introdução. Quase-cidadão: histórias e antropologias da pós-emancipação no Brasil / Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.

FIABANI, Adelmir. Os quilombos contemporâneos maranhenses e a luta pela terra.Estudos Históricos – CDHRP- Agosto, 2009.

GOMES, Flávio dos Santos. Mocambos e Quilombos: Uma história do campesinato negro no Brasil -1. ed, - São Paulo: Claro Enigma, 2015.

GOMES, Flávio. Africanos e crioulos no campesinato negro do Maranhão oitocentista. Dossiê História e literatura, 2011

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade; tradução de Marcelo Brandão Cipolla. -2. Ed. -São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017.

MACHADO, T. P. Maria Helena e CASTILHO, Celso Thomas. Tornando-se livre: Agentes Históricos e Lutas Sociais no Processo de Abolição/ Da abolição ao pós- emancipação: ensaiando alguns caminhos para outros percursos.

MATTOS, Hebe Maria. Os Combates da Memória: escravidão e liberdade nos arquivos orais de descendentes de escravos brasileiros. 2011. Disponível em: https://www.historia.uff.br/tempo/artigos_dossie/artg6-8.pdf. Acesso em: 10 nov. 2020.

POLLAK, Michael. “Memória, esquecimento, silêncio.” In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro: vol. 2, nº 3, 1989.

SILVA, Anacleta da. Resistência e Trajetória de Luta pela Regularização Fundiária do Território Quilombola Santa Rosa dos Pretos/Anacleta Pires Da Silva.-2017.110p.Orientador:Sávio José Dias Rodrigues. Monografia (Graduação)- Curso de Pedagogia da terra, Universidade Federal do Maranhão em convênio com o Programa Nacional de Educação em Áreas de Reforma Agrária (PRONERA), UFMA,2017.

SILVA, Joércio Pires da. O tambor como herança dos pretos: uma análise sobre o território quilombola de Santa Rosa dos pretos.Dissertação, 2019.

TELES, Claudia. Quilombo Filipa no “novo tempo” dos projetos de intervenção desenvolvimentista no maranhão. Dissertação, 2017.

Downloads

Publicado

2021-11-18

Como Citar

Pinheiro, C. C. B., Brustolin, C., & Santos, D. da S. (2021). QUEM TE DISSE QUE O NEGRO NASCEU PRA SER ESCRAVO? Memórias de liberdade, narrativas de autonomia nos caminhos de mato e a formação de um grande território negro na região de Itapecuru-Mirim/MA. Kwanissa: Revista De Estudos Africanos E Afro-Brasileiros, 4(11). Recuperado de http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/17567

Edição

Seção

Artigos