“Só para a desfrutarem e a deixarem destruída”

Colonização e transformação da natureza em meio de produção mercantil

Autori

  • José Ribamar Universidade Estadual do Ceará (UECE)
  • João Emiliano Fortaleza de Aquino Universidade Estadual do Ceará (UECE)

DOI:

https://doi.org/10.18764/2447-6498.v10n1.2024.11

Parole chiave:

Colonização., Produção mercantil., Natureza., Capital comercial., Acumulação originária.

Abstract

Com base nas crônicas coloniais dos séculos XVI e XVII, o artigo mostra como o processo de colonização portuguesa na América significou desde o início o estabelecimento de uma relação prática com a natureza, em que esta é conceitualmente posicionada como meio de produção mercantil. Diferente da ideia mais comum de que as forças produtivas industriais teriam inaugurado a destruição ambiental, o artigo defende, com base na experiência colonial brasileira, tal como as descrevem as crônicas dos dois primeiros séculos, que o capital, já em sua forma hegemonicamente comercial, mantém uma relação predatória com a natureza. Ao descreverem os bens naturais da colônia, os cronistas os apresentam como recursos econômicos adequados aos fins comerciais da colonização. Como exercício de interpretação histórica, o artigo explica esse processo de transformação social da natureza pelo desenvolvimento do capital comercial durante a acumulação originária do capital.

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Biografie autore

José Ribamar, Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Professor Adjunto da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo-USP

 

João Emiliano Fortaleza de Aquino, Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Professor Associado da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUCSP

 

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Pubblicato

2024-06-28

Come citare

Azevedo, E. E. B. de, & Aquino, J. E. F. de. (2024). “Só para a desfrutarem e a deixarem destruída”: Colonização e transformação da natureza em meio de produção mercantil. Revista Interdisciplinar Em Cultura E Sociedade, 191–210. https://doi.org/10.18764/2447-6498.v10n1.2024.11

Fascicolo

Sezione

Artigos