O campo e a educação: caminhos e descaminhos das políticas educacionais brasileiras

Autori

  • Claudiomiro Ferreira de Oliveira
  • Déa Nunes Fernandes

Parole chiave:

Educação. Campo. Cidade. Urbanidade. Educação do Campo. Diversidade.

Abstract

Educação do Campo é uma expressão que só recentemente foi incluída no vocabulário da educação
brasileira e na letra das leis relativas à educação nacional. A educação “no” campo, por outro lado, é
tão antiga quanto à própria manifestação do fenômeno da educação formal em nosso país. O processo
educativo ao qual se refere, hoje, a expressão Educação do Campo, se constituiu em oposição à chamada
Educação Rural pensada para o (e praticada no) campo brasileiro ao longo do tempo. Embora,
a sociedade brasileira tenha se desenvolvido fundamentalmente no e a partir do campo a constituição
do processo educativo formal em nosso país subalternizou os sujeitos do campo, as sociabilidades do
campo e o modo de vida campesino ao mesmo tempo em que hipervalorizou a urbanidade (que muitas
vezes foi usada como sinônimo da civilidade). Esta situação/condição nutriu e tem nutrido discussões
em busca da criação e do fortalecimento do movimento por uma Educação do Campo. Os sinais
da organização de grupos da sociedade em torno das questões da Educação do Campo começam a ser
notados mais efetivamente na década de 1990 quando os movimentos sociais do campo, apoiados na
Constituição de 1988 que institui a educação como “um direito de todos”, trazem para os fóruns de
discussão a necessidade de se constituir espaços que reflitam e valorizem os saberes e sociabilidades
dos povos do campo no Brasil, destacando o direito ao respeito e à adequação da educação às singularidades
culturais e regionais. Em nossa investigação nos indagamos sobre como têm se configurado
ou (re)constituído as narrativas e práticas identitárias associadas à expressão Educação do Campo?
A quais sujeitos e espaços se referem este projeto de educação? Nossa discussão se espraiará como
em um a ensaio teórico, sem muita restrição bibliografia ou terminológica ou de categorias analíticas.
Com um tema proposto de antemão – o diálogo entre a educação e o Campo brasileiros - nos permitimos
seguir o curso do nosso pensamento e sentimento que tem por base nossa vivência social e acadêmica.
O estudo nos permitiu dizer que na constituição do nosso sistema de educação formal foram
sendo, ao longo do tempo, apagados dos pressupostos teóricos, da metodologia e da finalidade/objetivo
da educação as referências relativas aos sujeitos e a vida do/no campo. É importante ressaltar,
no entanto, que houve muita resistência a esse processo. Por exemplo, a criação dos sindicatos rurais
(1934), da ASSESOAR (1966), das Casas Familiares Rurais e Escolas Famílias Agrícolas (1981), do
MST (1984), etc. Essa resistência se nutre, sobretudo, do fato de a dinâmica da vida campestre ter
influenciado e inspirado profundamente, ao longo de toda a história de nosso país, a constituição das
nossas identidades e diferenças. Ela marcou fortemente nossa literatura, nossa música, nossa língua,
nossa religião, nossa arte, nosso imaginário e nossa vida prática.

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografie autore

Claudiomiro Ferreira de Oliveira

Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência
e Matemática da Universidade Federal do Maranhão (PPECEM/UFMA). Especialista em Docência do
Ensino Superior pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano (IESF). Graduado em Matemática pela
Universidade Bandeirante de São Paulo – UNIBAN. Graduando em Filosofia pela Universidade Federal
do Maranhão (UFMA). Membro do Grupo História Oral e Educação Matemática (GHOEM).

Déa Nunes Fernandes

Professora do Departamento de Matemática do Instituto Federal do Maranhão (IFMA). Professora
do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Federal do
Maranhão (PPECEM/UFMA). Professora do Programa de Mestrado Profissional em Matemática da
Universidade Estadual do Maranhão (PROFMAT/UEMA). Doutora em Educação Matemática pela
Universidade Estadual Paulista – UNESP campus Rio Claro. Mestra em Educação Matemática pelo
Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Estadual Paulista – UNESP,
campus Rio Claro.

Riferimenti bibliografici

ARAUJO, Helciane de F. A. Estado/movimentos sociais no campo: a trama da construção conjunta

de uma política pública no Maranhão. Manaus: UEA Edições, 2013.

BARBOSA, Viviane de O. Mulheres do babaçu: gênero, maternalismo e movimentos sociais no

Maranhão. Niterói, 266 p., 2013. Tese (doutorado) - Universidade Federal Fluminense.

BOFF, Leonardo. A águia e a galinha: a metáfora da condição humana. 40 ed. Petrópolis, RJ, Vozes,

BRAICK, Patrícia R. Estudar história: das origens do homem à era digital. – 1. ed. São Paulo: Moderna,

BRASIL, Caderno SECAD 2 - Educação do Campo: diferenças mudando paradigmas. Brasília,

DF: SECAD, 2007.

BRASIL, Serviço Nacional de Recenseamento. Tabela Extraída de: Anuário estatístico do Brasil

Rio de Janeiro: IBGE, v. 23, 1962.

BRASIL, Anuário estatístico do Brasil 1947. Rio de Janeiro: IBGE, v. 8, 1948.

BRICK, Elizandro M. Paulo Freire: interfaces entre Ensino de Ciências Naturais e Educação do

Campo. In: MOLINA, Mônica C. Licenciaturas em Educação do Campo e o ensino de Ciências

Naturais: desafios à promoção do trabalho docente interdisciplinar. ‒ Brasília: MDA, 2014. 268 p.

(Série NEAD Debate; 23).

CALDART, Roseli S. Elementos para a construção de um projeto político e pedagógicoda educação

do campo. In: MOLINA, Mônica Castagna; JESUS, Sonia M. S. A. de (Org.). Por uma educação do

campo: contribuições para a construção de um projeto de educação docampo. Brasília, DF: Articulação

Nacional: ―Por Uma Educação do Campo‖, 2004. p. 1353.(Por uma Educação do Campo, 5).

CALDART, Roseli S. Educação do campo: notas para uma análise de percurso. In: MOLINA, Mônica C.

(Org.). Educação do campo e pesquisa II: questões para reflexão. Brasília – DF: MDA/MEC, 2010. p.

-126. (Série NEAD Debate, 20).

CALDART, Roseli S. et. al. Notas para análise do movimento atual da Educação do Campo. Fórum

Nacional de Educação do Campo (FONEC) – Seminário Nacional/BSB, 15 a 17 de agosto, 2012.

CALDART, Roseli S.; CERIOLI, Paulo R.; ROLIING, Edgar J. (Orgs.). Educação do Campo: identidade

e políticas públicas. Brasilia, DF: articulação nacional Por Uma Educação do Campo, 2002. (Coleção

Por Uma Educação do Campo, nº 4).

CALDART, Roseli S. Sobre Educação do Campo. In: SANTOS, Clarice Aparecida dos. (org.)

Educação do Campo: campo – políticas públicas – educação. Brasília, DF: xv INCRA/MDA,

pp. 67-86. (Série NEAD Especial; n. 10.).

CALDART, Roseli S. Licenciatura em Educação do Campo e projeto formativo: qual o lugar da

docência por área?. In: MOLINA, Mônica C.; SÁ, Laís M. (Org.). Licenciaturas em Educação do

Campo. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011, v. 5, p. 95-121.

CAMACHO, Rodrigo S. Paradigmas em disputa na educação do campo. 2014. 806 f. Tese (doutorado

em Geografia) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia. - Presidente

Prudente : [s.n.], 2014.

CAVALCANTE, José L. A Lei de terras de 1850: e a reafirmação do poder básico sobre a terra. Revista

Histórica, São Paulo, edição nº 2, Ano 1, junho de 2005. Disponível em: <http://www.historica.

arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao02/materia02/> Acesso em: 02 out. 2015.

COVOLAN, Fernanda C.; GONZALEZ, Everaldo T. Q. Sesmarias, lei de terras de 1850 e a cidadania

- sistema legal x sistema social. In: CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI, 17, Brasília/

DF. Anais... Brasília: Universidade de Brasília, 2008.

DINIZ, Domingos F. Terra, Justiça e Reforma Agrária. O Imparcial, São Luís, 14 de out. 1991.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 1ª ed. São Paulo:

Editora UNESP, 2000.

LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. In: Revista Brasileira da

Educação. Nº 19, Jan/Fev/Mar/Abr, Rio de Janeiro, ANPED, 2002.

LARROSA, Jorge. “Tecnologias do eu e educação”. In: Silva, Tomaz Tadeu. O sujeito da educação.

Petrópolis: Vozes, 1994, p.35-86.

LOCKS, Geraldo A.; GRAUPE, Mareli E.; PEREIRA, Jisilaine A. Educação do campo e direitos humanos:

uma conquista, muitos desafios. Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 20, n. especial,

p. 131-154, 2015.

OLIVEIRA, Marcos A. de. As bases filosóficas e epistemológicas de alguns projetos de educação

do campo: do pretendido marxismo à aproximação ao ecletismo pós-moderno. 12/12/2008. 481f.

Tese (doutorado em Educação) - Universidade Federal do Paraná. - Curitiba, 2008.

SANTOS, Frednan B. Questão agrária, renda da terra e formação socioeconômica no maranhão:

uma primeira aproximação. In: JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 7,São Luís/MA. Anais... São Luís: Universidade Federal do Maranhão,2015.Disponívelem:

www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2015/pdfs/eixo10/questao-agraria-renda-da-terra-e-formacaosocioeconomica-

no-maranhao-uma-primeira-aproximacao.pdf> Acesso em: 01 out. 2015.

SAVIANI, Dermeval. História das idéias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados,

SAVIANI, Demerval. O manifesto dos pioneiros da Educação Nova (1932). Revista HISTEDBR

On-line, Campinas, n. especial, p.188–204, ago. 2006.

SILVA, Tomaz T. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais/Tomaz Tadeu da Silva

(org.). Stuart Hall, Kathryn Woodward. 15º ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

SILVA, Suely. O Movimento de Educação do/no Campo Pressupostos Fundamentais. Educação em Revista,

Marilia, v.12, n.2, p. 7-22, Jul-Dez, 2011.

Pubblicato

2019-01-05

Come citare

de Oliveira, C. F., & Fernandes, D. N. (2019). O campo e a educação: caminhos e descaminhos das políticas educacionais brasileiras. Revista Interdisciplinar Em Cultura E Sociedade, 4(Espec), 183–200. Recuperato da https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/10513

Fascicolo

Sezione

Eixo 1 - Arte, Tecnologia e Educação