A religião civil de Rousseau e a ideia de sentimento como contraveneno

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18764/2966-1196v1n1.2024.5

Palavras-chave:

Medicina, Moral, Política, Religião, Tradução

Resumo

O objetivo deste artigo é examinar a expressão “sentiments de sociabilité”, que Rousseau relaciona aos dogmas da religião civil no Contrato social. Do ponto de vista histórico, examina-se o fato linguístico que atribuiu à expressão “sentiment intérieur” o significado de princípio moral, o que tornou possível a Rousseau admitir os sentimentos religiosos como móbeis da ação humana no ordenamento civil. A análise dos escritos de Rousseau não se restringe ao Contrato e busca compreender, de maneira abrangente, o conceito de amorpróprio, sobretudo no Emílio, à luz da tese do aperfeiçoamento da espécie humana difundida, no século XVIII, por obras de medicina associadas à tradição da higiene social. Todas as análises aqui apresentadas adotam como pano de fundo a relação entre a ideia de “segunda natureza” e o problema da formação de hábitos convenientes aos membros do corpo social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thomaz Kawauche, Universidade de São Paulo - USP

Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo e, atualmente, pesquisador de pós-doutorado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

Referências

ARTFL Project. Dictionnaires d’autrefois.URL: https://artflproject.uchicago.edu/content/dictionnaires-dautrefois (Acesso em 15 maio 2024).

BALIBAR, E. Identité et différence: l’invention de la conscience. Paris: Seuil, 1998.

BERNARDI, B. Sur la genèse du concept de religion civile et sa place dans le Contrat social de JeanJacques Rousseau. Éthique, Politique, Religions (Université Lyon 3), n. 8, p. 107-137, 2016.

BOTO, C. O Emílio como categoria operatória do pensamento rousseauniano. In: MARQUES, J. O. A. (Org.). Verdades e mentiras: 30 ensaios em torno de Jean-Jacques Rousseau. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005. p. 369-387.

BOTO, C. Instrução pública e projeto civilizador: o século XVIII como intérprete da ciência, da infância e da escola. São Paulo: Ed. Unesp, 2017.

CONDILLAC, E. Ensaio sobre a origem dos conhecimentos humanos. Tradução por P. P. Pimenta. São Paulo: Ed. Unesp, 2018.

FOUCAULT, M. Histoire de la sexualité I: la volonté de savoir. Paris: Gallimard, 1976.

GROTIUS, H. Le droit de la guerre et de la paix. Tradução por J. Barbeyrac. Amsterdam, 1724.

KAWAUCHE, T. Ciência e direito no contratualismo moderno: o caso Rousseau. In: FAÇANHA, L. S.; CARVALHO, Z. J. V. (Org.). Rousseau, Kant & Diálogos. São Luís: EDUFMA, 2019.

KAWAUCHE, T. Educação e filosofia no Emílio de Rousseau. São Paulo: Ed. Unifesp/FAPESP, 2021.

LEPAN, G. Jean-Jacques Rousseau et le patriotisme. Paris: Honoré Champion, 2007.

LE CAMUS, A. La médecine de l’esprit… Paris, 1753.

LE MENTHÉOUR, R. La manufacture de maladies: la dissidence hygiénique de Jean-Jacques Rousseau. Paris: Garnier, 2012.

LOCKE, J. Essai philosophique concernant l’entendement humain. Tradução por P. Coste. Edição de E. Naert. Paris: J. Vrin, 1972.

MAAS, W. P. O cânone mínimo: o Bildungsroman na história da literatura. São Paulo: Ed. Unesp, 2000.

MALEBRANCHE, N. A busca da verdade: textos escolhidos. Tradução por P. J. Smith. São Paulo: Discurso Editorial, 2004.

MENIN, M. Entre les choses et l’âme: la “médecine de l’esprit” au XVIIIe siècle. In: BOUDONMILLOT, V.; BUZZI, S. (Dir.). Guérison, religion et raison: de la médecine hippocratique auxneurosciences. Paris: Boccard, 2017. p. 183-192.

MORELLY, É.-G. Code de la nature. S.l., 1755.

PRADO, R. A. A jornada e a clausura: figuras do indivíduo no romance filosófico. São Paulo: Ateliê, 2003.

PUFENDORF, S. Le droit de la nature et des gens. Tradução por J. Barbeyrac. Amsterdam, 1706.

ROUSSEAU, Jean-Jacques.Les confessions. In: Œuvres complètes, t. I. Paris: Gallimard, 1959 (Col. Bibl. Pléiade).

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Julie ou La nouvelle Héloïse. In: Œuvres complètes, t. II. Paris: Gallimard, 1964a (Col. Bibl. Pléiade).

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discours sur l’origine et les fondements de l’inégalité parmi les hommes. In: Œuvres complètes, t. III. Paris: Gallimard, 1964b (Col. Bibl. Pléiade).

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Du contrat social. In: Œuvres complètes, t. III. Paris: Gallimard, 1964c (Col. Bibl. Pléiade).

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Émile ou De l’éducation. In: Œuvres complètes, t. IV. Paris: Gallimard, 1969 (Col. Bibl. Pléiade).

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou Da educação. Tradução por Thomaz Kawauche. Revisão técnica por Thiago Vargas. São Paulo: Ed. Unesp, 2022.

SALINAS FORTES, L. R. Dos jogos de teatro no pensamento pedagógico e político de Rousseau. Discurso (USP), n. 10, p. 79-85, 1979.

SIMÕES FRANCISCO, M. F. A cena pedagógica do cultivo do jardim no Emílio de Rousseau. Cadernos de Pesquisa (UFMA), v. 22, n. Especial, 2015.

SOUZA, M. G. Ocasião propícia, ocasião nefasta: tempo, história e ação política em Rousseau. Trans/Form/Ação (Unesp-Marília), v. 29, n. 2, p. 249-256, 2006.

TISSOT, S. De la santé des gens de lettres. Lausanne/Paris, 1768.

TISSOT, S. L’onanisme, ou Dissertation physique sur les maladies produites par la masturbation. Lausanne, 1760.

VANDERMONDE, C.-A. Essai sur la manière de perfectionner l’espèce humaine. Paris, 1756.

VILA, A. C. Enlightenment and Pathology: Sensibility in the Literature and Medicine of Eighteenth Century France. Baltimore: John Hopkins University Press, 1998.

Downloads

Publicado

2024-06-14

Edição

Seção

Artigos - Século XVIII