“Só para a desfrutarem e a deixarem destruída”: Colonização e transformação da natureza em meio de produção mercantil

Autores/as

  • ESTENIO ERICSON BOTELHO DE AZEVEDO Universidade Estadual do Ceará (UECE)
  • JOÃO EMILIANO FORTALEZA DE AQUINO Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Palabras clave:

Colonização., Produção mercantil., Natureza., Capital comercial., Acumulação originária.

Resumen

Com base nas crônicas coloniais dos séculos XVI e XVII, o artigo mostra como o processo de colonização portuguesa na América significou desde o início o estabelecimento de uma relação prática com a natureza, em que esta é conceitualmente posicionada como meio de produção mercantil. Diferente da ideia mais comum de que as forças produtivas industriais teriam inaugurado a destruição ambiental, o artigo defende, com base na experiência colonial brasileira, tal como as descrevem as crônicas dos dois primeiros séculos, que o capital, já em sua forma hegemonicamente comercial, mantém uma relação predatória com a natureza. Ao descreverem os bens naturais da colônia, os cronistas os apresentam como recursos econômicos adequados aos fins comerciais da colonização. Como exercício de interpretação histórica, o artigo explica esse processo de transformação social da natureza pelo desenvolvimento do capital comercial durante a acumulação originária do capital.

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Biografía del autor/a

ESTENIO ERICSON BOTELHO DE AZEVEDO, Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Professor Adjunto da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo-USP

 

JOÃO EMILIANO FORTALEZA DE AQUINO, Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Professor Associado da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUCSP

 

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Publicado

2024-06-28

Cómo citar

AZEVEDO, E. E. B. D. ., & AQUINO, J. E. F. D. . (2024). “Só para a desfrutarem e a deixarem destruída”: Colonização e transformação da natureza em meio de produção mercantil. Revista Interdisciplinar Em Cultura E Sociedade, 191–210. Recuperado a partir de http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/23877

Número

Sección

Artigos