Sobre a ideia de uma cultura Tecno-Estética em Gilbert Simondon
DOI:
https://doi.org/10.18764/2447-6498.v9n1.2023.1Palavras-chave:
Cultura, Estética, SimondonResumo
Esse trabalho visa introduzir o modo com o qual Gilbert Simondon apresenta a relação entre os modos de existência dos objetos técnicos e sua estreita ligação ou necessidade de inserção desses objetos na cultura, no pensamento estético e no pensamento filosófico. Para ele, há uma necessidade imperiosa de reconhecermos a importância desses objetos em nossa sociedade. Simondon ressalta que, tanto a cultura quanto o pensamento estético, de modos diferentes, são capazes de inserir os objetos técnicos na sociedade, uma vez que cada uma dessas atividades em sua especificidade própria, desempenha uma tarefa fundamental. Por um lado, a cultura é o que trazemos conosco, nossa história. Sem ela não há devir possível; por outro lado o pensamento estético é capaz de interromper a ruptura existente entre a técnica e a religião desde os primórdios de nossa existência. Mas, apesar disso, o autor assinala ainda a importância do pensamento filosófico, o qual é, para ele, o único capaz de fornecer as bases para um conhecimento tecnológico e fundar uma tecnologia, justamente por causa de sua neutralidade, a mesma neutralidade que o pensamento estético perde ao tentar ser funcional ou sagrado. Para Simondon, somente no nível do pensamento, mais primitivo e mais elaborado de todos, isto é, o pensamento filosófico, que é possível intervir uma mediação verdadeiramente neutra, equilibrada e completa entre fases opostas. É, portanto, o pensamento filosófico o único capaz de assumir o conhecimento, a valorização e o acabamento do lugar da tecnicidade, no conjunto dos modos de ser no mundo do homem.
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