MOBILIDADE URBANA NÃO-SUSTENTÁVEL: a forma urbana e a priorização dos modais motorizados movidos à combustíveis fósseis em Araraquara (SP)

Autores

  • Cláudio Robert Pierini Departamento de Administração Pública. Faculdade de Ciência e Letras da Unesp de Araraquara
  • Soraya Regina Gasparetto Lunardi Departamento de Administração Pública. Faculdade de Ciência e Letras da Unesp de Araraquara
  • Luiz Antonio Nigro Falcoski Departamento de Engenharia Civil. Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana da UFSCar

Palavras-chave:

mobilidade urbana, sustentabilidade, trólebus, vazios urbanos, combustíveis fósseis

Resumo

A priorização de modais motorizados movidos a combustíveis fósseis, especialmente os individuais, são prioridade dos governos brasileiros desde a década de 1950. Sua importância chega a, essencialmente, compor uma política pública de Estado, tamanha participação nos principais setores econômicos e produtivos no Brasil. Tal importância, independentemente de vieses ideológicos, foi observada tanto em períodos de auge do desenvolvimentismo no regime militar iniciado em 1964, assim como nas reduções de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em governos de centro-esquerda em um movimento denominado de neodesenvolvimentismo. De toda forma, as principais decisões baseadas neste modelo macroeconômico trouxeram – e ainda trazem – consequências cada vez mais insustentáveis no quesito políticas públicas, demografia e planejamento urbano colocando, constantemente, os principais estudos em busca de soluções que permitam apontar/resolver decisões anteriores equivocadas. Por isso, neste artigo, objetiva-se colocar em discussão decisões que poderiam ter sido evitadas ao esmiuçar o caso do município de Araraquara (SP) que presenciou sua área urbana passar de 3.352,61 hectares no ano de 1971 para 15.504,13 hectares em 2013, impactando na quantidade de vazios urbanos e resultando em necessidades cada vez maiores de aumento da infraestrutura aos transportes coletivos para cobrir o território cada vez mais espraiado, sendo este cenário impulsionado em grande parte pela flexibilidade dos modais individuais e coletivos movidos a combustíveis fósseis, que possibilitaram a abertura de loteamentos mais distante da centralidade da área urbana e que encaminharam o encerramento do transporte coletivo movido à energia elétrica.

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Biografia do Autor

Cláudio Robert Pierini, Departamento de Administração Pública. Faculdade de Ciência e Letras da Unesp de Araraquara

Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFSP, Doutor em Engenharia Urbana pela UFSCar, Mestre em Ciências pelo programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo IAU/USP São Carlos (2014), Bacharel em Administração, com habilitação em Administração Pública, pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (2011) e Licenciado em Educação Física pela UFSCar - Universidade Federal de São Carlos (2004).

Soraya Regina Gasparetto Lunardi, Departamento de Administração Pública. Faculdade de Ciência e Letras da Unesp de Araraquara

Professora Livre Docente em Direito Constitucional, Direitos Fundamentais e Pesquisadora da UNESP. Coordena o Projeto: Análise qualitativa das leis de políticas públicas para implementação do direito social à habitação financiado pelo CNPQ;. Líder de grupo de Pesquisa do CNPq: Desenvolvimento, políticas públicas e implementação dos direitos sociais no Brasil pós-1988. Doutora em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2006). Pós-doutorado pela Universidade Politécnica de Atenas (2007). Avaliadora do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior MEC, do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), FAPESP (Fundo de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo). Autora de mais de 100 estudos publicados em diversos países como: Estados Unidos, Itália, Grécia e Brasil. Tem experiência na área de Direitos Fundamentais Sociais, Direito Constitucional, Direito Processual Constitucional, Direito Administrativo e Políticas Públicas. Projetos de Pesquisa aprovados com financiamento pelo CNPQ, pelo CNJ. Professora Pesquisadora com Bolsa Produtividade - CNPQ.

Luiz Antonio Nigro Falcoski, Departamento de Engenharia Civil. Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana da UFSCar

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (1979), Mestrado em Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Tecnologia do Ambiente Construído pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos (1989) e Doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1997). Foi Secretário de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal de Araraquara no período de 2002 a 2006. Atuando na Universidade Federal de São Carlos-UFSCar desde 1983, atualmente é Professor Titular-Senior aposentado e Pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana nas linhas de pesquisa em Estudos de Processos e Fenômenos Urbanos e Regionais e Planejamento e Gestão do Ambiente Urbano e Regional.Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Planejamento, Gestão e Projeto do Espaço Urbano, atuando especialmente em desenvolvimento urbano e regional, sistema de gestão em planejamento, planos diretores, instrumentos e indicadores urbanísticos, regimes urbanísticos, gestão ambiental urbana, planejamento e zoneamento por desempenho urbano e projeto urbano sustentável. Foi Diretor do EDF-Escritório de Desenvolvimento Físico da UFSCar e Assessor Especial da Reitoria em Planejamento Territorial e Ambiental da UFSCar-São Carlos, Araras e Sorocaba no período de janeiro de 2010 a maio de 2014.

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Publicado

2021-12-10

Como Citar

Pierini, C. R., Lunardi, S. R. G., & Falcoski, L. A. N. (2021). MOBILIDADE URBANA NÃO-SUSTENTÁVEL: a forma urbana e a priorização dos modais motorizados movidos à combustíveis fósseis em Araraquara (SP). Cadernos Zygmunt Bauman, 10(24). Recuperado de http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bauman/article/view/16137

Edição

Seção

Perspectivas do Desenvolvimento Regional